Trump tenta impedir depoimento de Stormy Daniels e Michael Cohen em julgamento por compra de silêncio
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Por Luc Cohen
NOVA YORK (Reuters) - Donald Trump tenta impedir que a estrela pornô Stormy Daniels e seu ex-advogado, Michael Cohen, prestem depoimento no próximo julgamento criminal do ex-presidente dos Estados Unidos por acusações decorrentes de pagamentos pelo silêncio de Daniels antes da eleição de 2016.
É o primeiro dos quatro indiciamentos de Trump, em campanha para recuperar a presidência, a chegar a julgamento. Promotores estaduais de Nova York em Manhattan disseram que Trump falsificou registros comerciais para acobertar o pagamento de 130.000 dólares feito por Cohen a Daniels por seu silêncio sobre uma relação sexual que ela afirma ter tido com Trump em 2006.
Trump nega ter tido relações sexuais com Daniels e se declarou inocente.
Em um documento apresentado ao tribunal em 22 de fevereiro e divulgado ao público nesta semana, o advogado de Trump, Todd Blanche, disse que Cohen tem um histórico de mentiras e que faltaria novamente com a verdade no julgamento, marcado para 25 de março.
Blanche afirmou que Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, tentaria usar o julgamento para promover e monetizar sua história.
'Semelhante a Cohen, ela quer contar histórias inventadas com detalhes obscenos de eventos que ela alega terem acontecido quase 20 anos atrás', escreveu Blanche.
O advogado de Cohen se recusou a comentar. Um advogado de Daniels não respondeu a pedido de comentário em um primeiro momento.
Cohen se declarou culpado em 2018 de violar leis federais de financiamento de campanha pelo pagamento a Daniels, que excedeu os limites de contribuição, e de ter mentido para o Congresso. Em um depoimento em outro julgamento civil ano passado, afirmou ter mentido durante sua confissão de 2018 ao admitir evasão fiscal.
Cohen deve ser uma testemunha-chave contra Trump. Promotores afirmam que o pagamento a Daniels fez parte de um esquema mais amplo para impedir que acusações de casos extraconjugais de Trump viessem à tona antes da eleição de 2016.
Eles disseram que o esquema também incluiu um pagamento de 150.000 dólares feito por uma editora de tablóides em nome de Trump a Karen McDougal, ex-modelo da Playboy que afirma ter tido relações sexuais com Trump. Ele também nega esse caso.
Os promotores também pedem ao juiz, Juan Merchan, que imponha uma ordem de silêncio que restrinja Trump de depreciar testemunhas e outras pessoas envolvidas no caso.
Trump é alvo de 34 acusações de falsificação de registros comerciais por reembolsos em 2017 a Cohen pelos pagamentos a Daniels. Promotores dizem que a empresa imobiliária da sua família, sediada em Nova York, registrou falsamente o reembolso como despesas legais.
Blanche afirmou que os promotores deveriam ser proibidos de argumentar que os pagamentos a Daniels e McDougal fizeram parte de uma tentativa de Trump de influenciar a eleição de 2016.
'Relatos das supostas interações representam o risco de danos significativos à reputação do presidente Trump, sua família e interesses comerciais, independentemente da sua candidatura', escreveu Blanche.
O juiz Juan Merchan irá decidir sobre os pedidos antes do julgamento, que deve durar até seis semanas.
(Reportagem de Luc Cohen em Nova York)
Escrito por Reuters
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