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Diretor de Fiscalização ressalta cautela e dependência de dados para próxima decisão sobre juros

Placeholder - loading - Sede do Banco Central, em Brasília 20/01/2014 REUTERS/Ueslei Marcelino/File Photo
Sede do Banco Central, em Brasília 20/01/2014 REUTERS/Ueslei Marcelino/File Photo

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Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton Aquino, disse nesta terça-feira que o Copom precisará avaliar os dados econômicos antes de tomar sua decisão sobre juros na reunião de política monetária da semana que vem, e alertou repetidas vezes que sua posição é de 'cautela'.

'A minha posição é de cautela, eu preciso avaliar os números para tomar a minha decisão. Dado que é um colegiado, cada diretor tem direito ao seu voto', disse Aquino em coletiva de imprensa para detalhar o Relatório de Estabilidade Financeira do BC.

Aquino também disse que o Comitê de Política Monetária percebe que as expectativas de inflação estão desancorando e frisou que o colegiado tem uma meta de inflação 'muito clara'.

O diretor afirmou que o cenário externo é especialmente desafiador, citando tensões geopolíticas e, principalmente, incertezas em relação à política monetária dos Estados Unidos.

Em relação ao cenário doméstico, Aquino disse que dados econômicos e de inflação recentes foram bons, mas fez menção a 'debate acerca da meta fiscal', sem entrar em detalhes sobre o efeito desse tópico na condução da política monetária e no balanço de riscos do BC.

Depois que o governo afrouxou neste mês a meta de resultado primário para 2025, passando a buscar déficit zero, em vez de superávit de 0,5% do PIB, os mercados financeiros passaram a citar percepção pior da saúde das contas públicas, o que afetou significativamente os ativos brasileiros num contexto de cenário global já turbulento.

O último relatório Focus com projeções de mercado apontam para um IPCA de 3,73% este ano e de 3,60% no ano que vem, acima da meta de 3%.

A taxa Selic está atualmente em 10,75%, após seis cortes consecutivos de 0,50 ponto desde agosto do ano passado. Em meio à incerteza elevada, boa parte dos mercados passou a apostar numa redução menos intensa, de 0,25 ponto, no encontro de maio do Copom, principalmente depois que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, abriu a porta para essa possibilidade em comentários feitos ao longo deste mês.

Sem especificar o nível de corte que tende a apoiar, Aquino reforçou que segue 'avaliando os números e esperando a próxima semana para tomar a melhor decisão'.

ESTABILIDADE FINANCEIRA

O sistema financeiro brasileiro está resiliente e há confiança dos mercados no trabalho do BC, disse Aquino na coletiva de imprensa, ecoando observações presentes no Relatório de Estabilidade Financeira da autarquia, divulgado mais cedo.

O diretor afirmou que houve melhora na concessão de crédito no Brasil no início de 2024, que as provisões do sistema financeiro permanecem acima das perdas esperadas e que houve melhora na rentabilidade dos bancos no segundo semestre do ano passado.

Segundo ele, 'liquidez não é um problema no Brasil', ao mesmo tempo que resultados de testes de estresse continuam mostrando resiliência do sistema bancário. Segundo Aquino, isso traz uma tranquilidade 'gigantesca' para a sociedade brasileira.

Por outro lado, ele disse que algo que tira seu sono como diretor de Fiscalização é o risco tecnológico enfrentado pelas instituições financeiras, e afirmou que o BC levantou vários pontos a serem melhorados pelas entidades para aumentar a segurança do sistema.

Escrito por Reuters

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