Adoráveis Mulheres – Crítica
Greta Gerwig acerta no tom ao mostrar a força por trás da delicadeza de cada mulher
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“Passei por momentos bastante sombrios em minha vida, então escrevo histórias felizes."
Desde o lançamento de seu primeiro longa em 2017, Lady Bird, Greta Gerwig ficou marcada como uma daquelas novatas na área para ficarmos de olho. Seria seu primogênito resultado de toda a sua capacidade ou ainda havia muito mais dentro dela?
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Com o lançamento de Adoráveis Mulheres, adaptação do romance de Louisa May Alcott, a certeza de que não apenas havia mais, mas também inspiração e paixão por sua profissão foi declarada como verdade absoluta.
Forte concorrente e já bastante presente na próxima temporada de premiações de Hollywood, o longe mostra o dia a dia da família March. De um lado, temos Marmeen (Lauren Dern), e mãe altruísta e refúgio de toda a família. Do outro lado, Tia March (Meryl Streep), cheia de ironias e com olhar rígido sobre o mundo. No meio delas, temos as irmãs March: Jo (Saoirse Ronan), Amy (Florence Pugh), Meg (Emma Watson) e Beth (Eliza Scalen).
Cada qual com um talento para chamar de seu, a história mostra suas “mulherzinhas” traçando seus caminhos e tomando decisões para suas vidas. Enquanto Jo e Amy sonham em serem grandes artistas, Meg sonha em se casar e ter filhos, e Beth se dá como satisfeita continuando em casa com sua mãe e vida pacata.
Quebrando diversos estereótipos femininos, Gerwig também mostra que tudo bem se uma mulher sonhar em ser artista ou mãe de família. Em uma fala de Emma Watson, o longa inteiro se resume: “Só porque meus sonhos são diferentes dos seus, não significa que são menos importantes.”
Não apenas de uma bela fotografia e figurinos impecáveis sobrevive Adoráveis Mulheres. Os diálogos simples e a voz de cada uma de suas personagens são o que prendem e ligam o público ao mundo das irmãs March.
É incontestável o amor que Gerwig despeja por todo seu novo projeto, tanto na escrita de seu roteiro como na direção e escolha de elenco. A diretora traz de volta dois de seus talentos favoritos que estiveram em Lady Bird: Saoirse Ronan e Timotheé Chalamet.
A primeira, já aclamada e 3 indicações ao Oscar com apenas 25 anos, Saoirse mostra que está pronta para receber sua quarta e merecida indicação e se torna forte concorrente ao prêmio. Enquanto Chalamet, talento em ascensão desde Me Chame Pelo Seu Nome, entrega uma atuação rica nos detalhes das facetas de um jovem que tem tudo o que não precisa.
Mas se a pauta for sobre holofotes, é necessário falar sobre Florence Pugh. A atriz norte-americana rouba todas as atenções nas cenas em que está presente e presenteia o público com uma Amy March cheia de camadas e propósitos em cada uma de suas ações. Amy nunca é 100% descoberta, sempre há um pouco mais e Pugh se mostra a escolha perfeita, capaz de arrebatar uma indicação ao Oscar.
Se houvesse qualquer palavra para descrever Adoráveis Mulheres esta seria amor. O amor presente na família que vive ao redor de incertezas, o amor na ligação entre as irmãs March e seus refúgios emocionais. Sempre juntas, como deve ser.
Ao final do longa de 2h15min, Greta Gerwig e seu elenco entregam uma adaptação digna de atenção e de uma posição na lista de melhores filmes do ano.
Adoráveis Mulheres chega aos cinemas brasileiros em 9 de janeiro de 2020.
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