Airbus confirma metas para 2025, mas ainda avalia impacto de tensões comerciais
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Por Tim Hepher
(Reuters) - A europeia Airbus reafirmou nesta terça-feira as previsões para o ano, mas alertou que ainda avalia o impacto das tensões comerciais em suas operações -- atingidas por uma escassez de motores que a forçou a armazenar jatos não entregues.
Guillaume Faury, CEO da maior fabricante de aviões do mundo, disse aos acionistas que a Airbus estava lidando com uma quantidade cada vez menor de problemas de fornecimento, enquanto buscava clareza sobre como as tarifas afetariam os custos, as entregas e o destino do recente aumento na demanda por jatos.
'Entender e antecipar o que a situação (tarifária) significará para a demanda... isso é algo que precisamos entender melhor e então adaptar nossos planos para 2025 e além, se e tanto quanto necessário, à medida que as coisas se esclarecem e se estabilizam', disse.
'Há muitas coisas acontecendo e estamos avaliando com nossa cadeia de suprimentos, com nossos clientes, com nossas fábricas, o que isso provavelmente significará e quais serão as mitigações', acrescentou.
Faury falava em Amsterdã pouco antes de ser eleito para um terceiro mandato de três anos à frente da maior empresa aeroespacial da Europa, que ultrapassou a Boeing na produção de jatos civis, enquanto a fabricante de aviões dos EUA lida com uma crise interna.
O executivo reiterou que a orientação para 2025 em fevereiro não incluía o impacto do que -- naquela época -- eram potenciais novas tarifas.
O presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas de importação abrangentes neste mês, antes de suspender parcialmente as taxas recíprocas por 90 dias para a maioria dos países. Espera-se que a União Europeia reaja contra algumas indústrias, com as tensões combinadas ampliando as preocupações das companhias aéreas sobre o impacto nas entregas de jatos.
DESAFIOS
A Airbus é uma das várias empresas aeroespaciais que excluíram o comércio das previsões, o que significa que os investidores estarão atentos a quaisquer mudanças no tom de suas atualizações trimestrais nas próximas semanas.
Enquanto isso, a indústria está tentando aumentar a produção para atender à forte demanda por aeronaves desde o início da pandemia.
Faury disse que a Airbus estava enfrentando um número mais limitado de casos problemáticos do que no passado, mas ainda lutava contra atrasos de alguns grandes fornecedores, incluindo a empresa franco-americana CFM International, maior fabricante de motores do mundo em unidades vendidas.
'Os motores são um grande desafio; a CFM está significativamente atrasada', disse.
Copropriedade da GE Aerospace e da francesa Safran, a CFM não quis comentar.
No início deste mês, a Reuters relatou que vários aviões não entregues foram vistos estacionados do lado de fora da principal fábrica da Airbus em Toulouse, incluindo um jato da China Eastern fotografado sem motores.
No total, a Airbus montou entre 25 e 30 aviões que ela apelidou de 'planadores', porque não têm motores, disse Faury.
A Airbus também continua a enfrentar problemas para obter os principais componentes da fuselagem ou das asas de um importante fornecedor de peças dos EUA, a Spirit AeroSystems, para seus jatos A350 e A220.
O diretor financeiro Thomas Toepfer disse que a Airbus esperava finalizar um acordo para assumir algumas operações da Spirit até o final de abril, com o fechamento previsto 'idealmente para 30 de junho'.
A Airbus deve assumir pelo menos quatro fábricas da Spirit como parte de um esquema de resgate elaborado em cooperação com a Boeing, que envolve a divisão de ativos da maior empresa independente de aeroestruturas do mundo para evitar seu colapso.
“Continuamos trabalhando com a Airbus nesta questão”, disse o porta-voz da Spirit, Joe Buccino.
(Reportagem adicional de Allison Lampert)
Escrito por Reuters