ANÁLISE-COP28 pede adaptação a um mundo mais quente sem resolver como pagar
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Por Simon Jessop e David Stanway e Kate Abnett
DUBAI (Reuters) - Como se adaptar aos impactos da mudança climática foi uma das muitas questões difíceis abordadas nas negociações da COP28 em Dubai - e como pagar por isso ainda não foi respondido.
O acordo final da cúpula climática da ONU em Dubai na quarta-feira foi vago quanto à origem do financiamento tão necessário - um tópico abordado por vários países ao comentarem o acordo.
'A adaptação é realmente uma questão de vida ou morte', disse o enviado climático de Bangladesh, Saber Hossain Chowdhury. 'Não podemos comprometer a adaptação. Não podemos comprometer as vidas e os meios de subsistência.'
Portanto, o financiamento deve ser 'orientado para fornecer os recursos de que precisamos', afirmou ele. 'Isso é absolutamente fundamental.'
Uma fonte envolvida nas negociações disse que um impulso para uma ação mais firme foi prejudicado pela necessidade de concordar com uma nova meta geral de financiamento climático no próximo ano. A atual meta anual de 100 bilhões de dólares - que não foi atingida no passado - expira em 2025.
Apesar disso, a fonte declarou que os delegados reconheceram cada vez mais que o financiamento para adaptação não se tratava apenas de transferir 'pedaços de dinheiro do norte para o sul', mas de parte de uma discussão mais ampla sobre como seria a economia de um país no futuro.
Como resultado, uma exigência no acordo final para que os países entreguem um plano nacional de adaptação até 2030 - 51 países já o fizeram - deve, em teoria, ajudar o dinheiro disponível a chegar onde ele é mais necessário.
'COMEÇO SIGNIFICATIVO'
Apesar da preocupação com a falta de compromisso em fornecer mais dinheiro, a ministra do meio ambiente de Cingapura disse que estava satisfeita com o fato de o assunto ter entrado na pauta.
'Como um pequeno Estado insular, tivemos dificuldades com a adaptação em muitas edições da COP', disse Grace Fu, de modo que a inclusão de uma linguagem mais focada no texto final do acordo foi 'um começo muito significativo para nós'.
O foco mais nítido veio depois de um relatório histórico da ONU de novembro que mostrou que as nações em desenvolvimento precisariam de até 18 vezes mais financiamento do que recebem atualmente para criar resiliência em suas economias a fim de resistir aos impactos das mudanças climáticas.
O déficit anual de financiamento para adaptação era de até 366 bilhões de dólares, em comparação com os 25 bilhões de dólares fornecidos durante o período de 2017 a 2021, informou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
David Nicholson, diretor de clima da ONG humanitária Mercy Corps, chamou o relatório de 'alerta'.
Para muitos investidores privados, os obstáculos incluem descobrir como obter lucro com os projetos, embora a falta de financiamento da adaptação possa, em última análise, afetar seus outros investimentos.
'Os credores estão achando difícil ver os retornos que podem ser obtidos nesse setor. No momento, não há incentivos suficientes para os credores', disse John Shum, sócio do escritório de advocacia King & Wood Mallesons.
Escrito por Reuters
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