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Analistas veem metas otimistas do Santander Brasil com ceticismo

Placeholder - loading - Logo do Santander no Rio de Janeiro 29/04/2019 REUTERS/Sergio Moraes
Logo do Santander no Rio de Janeiro 29/04/2019 REUTERS/Sergio Moraes

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Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - O Santander Brasil foi recebido com ceticismo de analistas nesta quinta-feira, após ter apresentado resultados frustrantes do quarto trimestre, mas pleiteado controle sobre a qualidade da carteira e melhora gradual da rentabilidade.

O Itaú BBA manteve a recomendação de venda, observando que o a franquia do espanhol Santander teve o pior nível trimestral de rentabilidade sobre o patrimônio (8,3%, queda de quase 50% na base sequencial) em muito tempo e que não vê uma melhora rápida.

O BTG Pactual cortou a recomendação para a unit do banco para 'venda', comentando que 'após anos de forte crescimento, o banco agora parece estar pagando a conta'. Segundo dados da Refinitiv, nove das 14 casas que avaliam o papel têm recomendação de venda.

Embora a provisão extraordinária ligada ao caso Americanas, que pediu recuperação judicial no mês passado, tenha pesado na última linha do resultado do Santander Brasil, o balanço do banco mostrou uma piora de performance, com baixa expansão do crédito e das margens, segundo analistas.

O banco anunciou pela manhã que seu lucro de outubro a dezembro somou 1,689 bilhão de reais, queda de 56,5% sobre um ano antes, espelhando as provisões, que dobraram para 7,36 bilhões de reais.

O banco não detalhou quanto desse aumento deve-se ao caso Americanas, à qual o Santander tinha exposição de 3,7 bilhões de reais. Pelas contas do Itaú BBA, a provisão imediata foi de cerca de 30%, ou 1,1 bilhão de reais.

DESAFIO

O cenário mostra um desafio que Mario Leão, que assumiu o comando do Santander Brasil no ano passado, terá para retomar níveis de crescimento e rentabilidade mostrados durante a gestão de seu antecessor, Sergio Rial, num ambiente macroeconômico com juros altos no país.

Rial deixou a presidência do conselho de administração do Santander Brasil em 20 de janeiro, dias após ter também renunciado como presidente-executivo da Americanas ao anunciar um rombo contábil de 20 bilhões de reais na varejista.

Falando a jornalistas, Leão disse nesta quinta-feira que o banco deve elevar gradualmente os níveis de rentabilidade, uma vez que 'as novas safras de crédito têm performance bem melhor do que as antigas'.

O banco não apresentou uma previsão para o aumento de sua carteira total de crédito neste ano, mas por segmentos suas metas indicam uma expansão superior aos 5,8% registrados em 2022. A expectativa é de alta de 13% na carteira de empresas, cerca de 30% no agronegócio e de 18% em consumo.

Isso, sem uma deterioração significativa do índice de inadimplência acima de 90 dias, que ficou em 3,1% no fim de 2022, disse ele. O número não contabiliza ainda eventuais atrasos ligados à Americanas.

RISCO SACADO

Apesar do episódio envolvendo a varejista, Leão disse que o banco continuará fazendo operações de risco sacado com grandes clientes.

A operação em que um banco antecipa pagamentos de clientes a fornecedores, o risco sacado foi o epicentro do rombo contábil na Americanas que a levou à recuperação judicial.

'Estamos tranquilos com a forma como atuamos em produtos, inclusive risco sacado', disse Leão. 'Não estamos vendo um efeito cumulativo de alavancagem sobre clientes de atacado.'

Após terem caído cerca de 5% no acumulado das últimas duas sessões, a unit do Santander Brasil subia 0,5% às 15h14 (horário de Brasília) na B3, enquanto o Ibovespa cedia 0,7%.

(Com reportagem adicional de Paula Arend Laier)

Escrito por Reuters

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