Capa do Álbum: Antena 1
A Rádio Online mais ouvida do Brasil
Antena 1
Ícone seta para a esquerda Veja todas as Notícias.

Anistia a usinas de energia frustradas organiza sistema, mas traz descontentamento

Placeholder - loading - Linhas de alta tensão são vistos durante o pôr do sol em Brasília 06/06/2022 REUTERS/Ueslei Marcelino
Linhas de alta tensão são vistos durante o pôr do sol em Brasília 06/06/2022 REUTERS/Ueslei Marcelino
Ver comentários

Publicada em  

Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - A definição de uma 'anistia' para o grande volume projetos de energia que assinaram compromissos com o setor elétrico e não sairão do papel ajuda a organizar o sistema, mas ainda há dúvidas sobre como o mecanismo vai efetivamente funcionar, avaliam associações que representam geradores de energia.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou na terça-feira desta semana uma espécie de perdão para empreendedores que garantiram outorgas de geração e conexão à rede de transmissão, mas que não iniciaram obras ou não pretendem seguir adiante com os projetos.

A solução é considerada importante para lidar com o boom de usinas 'de papel', somando mais de 200 GW, que surgiram com a corrida dos geradores para garantir que seus projetos eólicos e solares -- nem sempre viáveis -- mantivessem descontos tarifários concedidos às fontes renováveis de energia que foram revistos por lei.

A chamada 'corrida do ouro' criou gargalos na Aneel, que cuida das outorgas, e no operador ONS, que organiza a fila de acessos à rede de transmissão.

O mecanismo aprovado nesta semana, de adesão voluntária, prevê uma rescisão amigável de outorgas de geração e Contratos de Uso do Sistema de Transmissão (Cust), sem aplicação de multas rescisórias.

Isso deve resolver o impasse que se criou para os geradores, sendo que muitos já haviam até entrado na Justiça para não pagar suas obrigações do Cust, disse Sandro Yamamoto, diretor técnico da associação de energia eólica Abeeólica.

'O gerador não rescindia o contrato porque tinha uma previsão de multa pesadíssima, que equivale a três anos de pagamento do Cust, de pagamento mensal de encargo de transmissão', explicou.

Ele lembrou ainda que as desistências devem abrir espaço na rede de transmissão que estava antes reservado, permitindo que novas usinas, realmente viáveis, possam se conectar às linhas e escoar sua energia.

Em uma primeira consulta realizada, a Aneel identificou interesse expressivo dos geradores em aderir ao 'perdão', permitindo a liberação de até 11,8 gigawatts (GW) de montantes do uso do sistema de transmissão.

Yamamoto afirmou, porém, que ainda há questionamentos dos geradores sobre as regras para quem não quer desistir dos projetos, e sim apenas alterar o cronograma para entrada em operação.

'A nossa expectativa era que a Aneel aprovasse uma mudança de cronograma mediante um aporte robusto de garantias... e que o passivo (de pagamento do custo da transmissão) tivesse anistia, isso não ocorreu', disse o diretor da Abeeólica.

'Vamos fazer um balanço de qual é a tendência de mercado, se os empreendedores vão aderir mesmo ou se não vão aderir e seguir uma discussão administrativa ou judicial com a agência'.

Já no segmento solar, o perdão também foi comemorado, por trazer mais clareza sobre o tratamento regulatório para o imbróglio.

Mas a associação Absolar apontou dúvidas sobre quem terá prioridade para ocupar o espaço da transmissão que estava antes travado pelos projetos de papel. A entidade defende que os geradores deveriam disputar esses espaços em um leilão, em vez de entrar em uma fila cronológica, como propôs a Aneel.

'Essa possibilidade de realização de um procedimento competitivo não está descartada... A questão é que, conjunturalmente, fica a dúvida se vai sobrar margem para a realização (do leilão) no curto prazo', disse Ricardo Barros, vice-presidente de geração centralizada da Absolar.

Já a associação de consumidores de energia Anace avaliou que, apesar de necessária, a solução não pode virar regra, por ser 'muito generosa' com empreendedores que assumiram os riscos de seus projetos e não os viabilizaram.

'Os investidores sabiam dos riscos dos projetos de geração e dos custos com os quais teriam de arcar mesmo que desistissem do seu desenvolvimento, mas, na prática, não foram responsabilizados. Tudo acabou em pizza, sem custo ou consequência para o sistema, envolvendo demais agentes e usuários', afirmou o diretor-presidente da Anace, Carlos Faria.

(Por Letícia Fucuchima)

Escrito por Reuters

Últimas Notícias

Placeholder - loading - Imagem da notícia DUA LIPA E OUTROS ARTISTAS BRITÂNICOS EXIGEM PROTEÇÃO CONTRA IA

DUA LIPA E OUTROS ARTISTAS BRITÂNICOS EXIGEM PROTEÇÃO CONTRA IA

Em 2025, a preocupação com o uso não autorizado da inteligência artificial (IA) para treinar modelos baseados em obras protegidas por direitos autorais tomou o centro do debate cultural. Um movimento liderado por mais de 400 artistas britânicos, entre eles Dua Lipa, Elton John, Paul McCartney, Coldplay, Kate Bush e Ian McKellen, exigiu que o governo do Reino Unido reformule suas legislações de proteção intelectual.

A carta aberta enviada ao primeiro-ministro britânico Keir Starmer representa uma ofensiva histórica por maior transparência e regulamentação no uso de conteúdos criativos pela IA, especialmente por grandes empresas de tecnologia.

“Estamos profundamente preocupados com a ameaça existencial que a IA não regulada representa para a música, o cinema e todas as formas de arte criativa” — afirma o trecho principal do documento divulgado em maio.

A polêmica do treinamento de IA com obras protegidas

Os artistas pedem transparência quanto aos materiais utilizados no treinamento de sistemas de IA, como músicas, roteiros, livros e performances, muitos deles com copyright. A carta apoia uma emenda ao projeto Data (Use and Access) Bill, proposta pela baronesa Beeban Kidron, que obrigaria as empresas a revelarem as obras utilizadas para treinar IA.

“A criatividade humana precisa de proteção, não apenas para os grandes nomes, mas para todos os que vivem de sua arte” — destacou a baronesa Kidron ao Financial Times.

Protestos silenciosos e decisões legais reforçam a pressão

A mobilização ganhou ainda mais força com o lançamento do álbum de protesto “Is This What We Want?”, composto por faixas silenciosas de mais de 1.000 músicos britânicos. A ideia foi criar uma metáfora sobre a apropriação indevida do silêncio e protestar contra a coleta de dados criativos sem consentimento.

Nos Estados Unidos, o Escritório de Direitos Autorais (U.S. Copyright Office) estabeleceu que obras geradas inteiramente por IA não podem ser protegidas por copyright, a menos que envolvam participação humana substancial.

“A autoria humana continua sendo o pilar do direito autoral” — afirmou Shira Perlmutter, ex-chefe do Copyright Office dos EUA, em nota oficial.

Além disso, em março de 2025, um tribunal federal dos EUA reafirmou essa diretriz, negando a proteção de direitos a imagens criadas exclusivamente por IA.

Elton John e Paul McCartney se posicionam

A mobilização não tem sido silenciosa nos bastidores. Elton John declarou ao The Guardian:

“É inaceitável que as empresas de tecnologia explorem nossa música sem sequer pedir permissão. Estamos falando da essência do nosso trabalho.”

Paul McCartney, por sua vez, lembrou dos impactos emocionais da música:

“A arte não é apenas dados, é emoção. Não podemos permitir que algoritmos substituam histórias de vida.”

A arte pede socorro

A batalha por regulamentação justa da inteligência artificial na indústria criativa está apenas começando, mas já demonstra que os artistas não aceitarão passivamente que suas obras sejam usadas sem compensação ou consentimento.

51 min
  1. Home
  2. noticias
  3. anistia a usinas de energia …

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência.