Ao criticar teto de gastos, Guedes diz que ex-ministro Meirelles 'nem economista é'
Publicada em
Atualizada em
Por Bernardo Caram
(Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez críticas nesta quarta-feira à regra do teto de gastos e ao responsável por sua implementação, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, afirmando que ele “fala empolado”, “nem economista é” e “vai entrar furando' com uma eventual eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Graduado em engenharia e mestre em administração, Meirelles é ex-secretário de Fazenda de São Paulo, ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, posto que ocupou entre 2016 e 2018, quando foi criado o teto para limitar o crescimento dos gastos públicos à variação da inflação.
“É um teto mal construído. É tão mal construído que o economista... não é nem economista, o ministro aí que estão falando que vai ser do Lula, o Meirelles, nem economista é”, disse Guedes em debate promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em Belo Horizonte.
“Ele fez um teto, passou um, dois anos falando ‘estão furando meu teto’, ele fala empolado, né, ‘estão furando meu teto, estão furando meu teto’, já anunciou que vai entrar furando”, prosseguiu, fazendo uma espécie de imitação da voz do ex-ministro.
Meirelles --que declarou apoio a Lula nas eleições, mas não é tratado como possível ministro da Economia do petista-- defendeu nesta quarta-feira em suas redes sociais a abertura de uma exceção ao teto para o pagamento de benefícios sociais em 2023.
'Não significaria uma 'licença para gastar', mas sim uma forma ordenada de se reorganizar as contas do governo, mantendo o compromisso com a responsabilidade fiscal', disse o ex-ministro. 'Muito diferente de quem muda regras no meio do jogo, criando gastos sem recursos ou dando calote em dívidas', acrescentou Meirelles, em uma aparente referência a iniciativas do governo Bolsonaro, como a mudança na regra de pagamento de precatórios.
No evento, Guedes também afirmou ter sido provocado por uma pessoa ao desembarcar no aeroporto de Belo Horizonte. Segundo ele, alguém teria falado “tira a mão do meu salário” --no que seria uma referência ao plano de desindexar o reajuste do salário mínimo, já negado pelo ministro.
Guedes afirmou que respondeu à pessoa que “o ladrão está chegando” e poderia ajudar. Em seguida, reformulou a afirmação e disse que só estava fazendo um alerta e que é evidente que quem vai ganhar a eleição “somos nós”.
O ministro ainda afirmou que Minas Gerais tem que fazer a diferença, ressaltando que “estou vindo aqui para pedir socorro”, enquanto fazia com as mãos o número do presidente Jair Bolsonaro nas urnas.
No fim da tarde, durante evento em Vitória, Guedes também fez críticas aos economistas Bernard Appy -que participou da equipe econômica do governo Lula- e Pérsio Arida --que declarou apoio ao petista no segundo turno.
'Saiu um documento deles...dos economistas deles lá, o Bernard Appy, que foi Secretário de Política Econômica, o Persio Arida, que já fez congelamento de preço, já aconselhou para sequestro de ativos financeiros, depois acertou uma --porque ele atira dez, uma acerta-- que foi o real', disse, afirmando que eles pretendem criar novos encargos trabalhistas.
Ao defender que programas sociais repassem recursos diretamente à população, o ministro ainda fez uma crítica indireta a Lula, dizendo que 'se você der dinheiro para 1.000 brasileirinhos, 999 vão fazer a coisa certa, um vai tomar uma pinga, às vezes até vira presidente.'
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO