Tokarczuk e Handke recebem Nobel de Literatura de 2018 e 2019
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Por Simon Johnson e Niklas Pollard
ESTOCOLMO (Reuters) - O escritor austríaco Peter Handke recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 2019 nesta quinta-feira, e a autora polonesa Olga Tokarczuk foi eleita a vencedora de 2018 porque um escândalo de agressão sexual levou ao adiamento da honraria do ano passado.
A Academia Sueca, que escolhe o laureado de literatura, disse que homenageou Handke, de 76 anos, pelo conjunto de uma obra que inclui romances, ensaios e peças 'que, com engenhosidade linguística, explorou a periferia e a especificidade da experiência humana'.
Tokarczuk, de 57 anos, venceu graças a uma 'imaginação narrativa que, com paixão enciclopédica, representa a travessia de fronteiras como forma de vida', disse.
Ambos cortejaram a polêmica – Handke por seu retrato da Sérvia como uma vítima durante as guerras dos Bálcãs e por comparecer ao funeral de seu líder, e Tokarczuk por se aventurar em áreas sombrias do passado da Polônia que contrastam com a versão da história promovida pelo partido nacionalista que governa o país.
Embora o agente de Tokarczuk tenha dito que o prêmio não deveria ser visto no contexto da eleição parlamentar que a Polônia realizará no domingo, a autora conclamou seus compatriotas a 'votarem de uma maneira certa para a democracia'.
'O prêmio vai para o leste da Europa, o que é incomum, incrível', disse Tokarczuk em uma coletiva de imprensa na cidade alemã de Bielefeld, onde deve dar uma palestra.
'Isso mostra que, apesar de todos aqueles problemas com a democracia no meu país, ainda temos algo a dizer ao mundo.'
Ao receber um prêmio literário polonês em 2015 por 'The Book of Jacob', que trata das relações da Polônia com sua minoria judia e a vizinha Ucrânia, ela enfureceu nacionalistas com seus comentários e recebeu ameaças de morte.
Dois prêmios foram concedidos neste ano porque o do ano passado foi adiado devido a um escândalo que levou à condenação do marido de uma integrante da Academia Sueca por estupro.
Desde então, a organização escolheu novos membros e reformou algumas de suas regras mais enigmáticas após uma intervenção rara de seu patrono, o rei da Suécia.
Handke, nativo da província austríaca de Caríntia, que faz divisa com a Eslovênia, se estabeleceu como um dos escritores europeus mais influentes após a Segunda Guerra Mundial, disse a academia. Ele ainda coescreveu o roteiro do filme criticamente aclamado 'Asas do Desejo'.
(Reportagem adicional de Anna Ringstrom, Johannes Hellstrom, Johan Ahlander, Helena Soderpalm e Colm Fulton em Estocolmo; Alan Charlish, Anna Koper, Alicja Ptak e Marcin Goclowski em Varsóvia; Michael Shields e Kirsti Knolle em Viena; Reuters Television em Chaville, França)
Escrito por Reuters
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