Azul não espera enfrentar obstáculos antitruste em acordo de codeshare com Gol, diz presidente
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Por Gabriel Araujo
SÃO PAULO (Reuters) - As companhias aéreas Azul e Gol informaram o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre o acordo de codeshare anunciado recentemente e não esperam que obstáculos sejam impostos pela autoridade de defesa da concorrência no país, disse o presidente-executivo da Azul em entrevista à Reuters.
As companhias aéreas, que detêm cada uma cerca de 30% de participação no mercado doméstico, anunciaram o acordo na semana passada, cobrindo todas as rotas domésticas operadas por uma, mas não pela outra, juntamente com seus programas de fidelidade de clientes.
O acordo reacendeu especulações sobre uma possível fusão entre as empresas, o que precisaria de aprovação do órgão regulador.
A Azul disse em comunicado ao mercado na noite de terça-feira, após a entrevista à Reuters, que está mantendo conversas independentes com a Abra, holding controladora da Gol, para 'explorar' eventuais oportunidades, embora não haja ainda nenhum negócio firmado entre as empresas.
Acordos de codeshare não exigem autorização antitruste no Brasil, mas alguns profissionais que acompanham o setor expressaram preocupação com a concentração de mercado e sugeriram que o Cade deveria analisar o assunto.
'Fomos ao Cade para explicar tudo o que nós estamos fazendo e, se eles escolherem olhar, tudo bem', disse o presidente-executivo da Azul, John Rodgerson. 'Não tem rota em sobreposição, não temos coordenação de escala nem de precificação, então não vemos problema.'
Rodgerson observou que a Azul teve um acordo semelhante com a rival Latam em 2020, quando a pandemia atingiu o setor. Esse acordo terminou no ano seguinte, quando a Azul tentou, sem sucesso, uma combinação com a Latam.
O novo acordo de codeshare da Azul com a Gol ocorre depois que esta última entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro nos Estados Unidos, em meio a dificuldades com dívidas elevadas e atrasos nas entregas de aviões pela Boeing.
Mas Rodgerson disse que as empresas já estavam em negociações para algum tipo de acordo antes mesmo disso, dadas as suas malhas complementares. A Gol tem foco em grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, enquanto a Azul possui uma rede mais dispersa.
'Operamos mais ou menos 100 cidades que a Gol não opera, e a partir de agora pode fluir muito mais fácil', disse.
Analistas estimam que a Azul voe sozinha em mais de 80% de suas rotas.
As companhias aéreas brasileiras têm apurado forte demanda este ano. Em março, a Azul elevou estimativa para o resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), citando também melhoria dos preços dos combustíveis e crescimento de capacidade.
A companhia espera adicionar de duas a três aeronaves por mês de junho até o final do ano, a maioria delas Embraer, e está confiante na continuação do ambiente de forte demanda.
Escrito por Reuters
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