Bachelet condena manifestações de Bolsonaro contra Judiciário e sistema de votação
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GENEBRA (Reuters) - A alta comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, condenou nesta quinta-feira manifestações do presidente Jair Bolsonaro contra instituições judiciais e disse que a situação dos direitos humanos no Brasil é 'muito difícil'.
'Acredito que o presidente Bolsonaro intensificou seus ataques ao Judiciário e ao sistema eletrônico de votação, incluindo uma reunião com embaixadores em julho que provocou fortes reações, como vocês sabem', afirmou Bachelet em entrevista coletiva em Genebra, referindo-se a um briefing em que Bolsonaro expressou preocupação infundada sobre fraude eleitoral aos diplomatas que atuam no Brasil.
'O que, eu acredito, é mais preocupante é que o presidente convocou seus apoiadores para protestar contra as instituições judiciais em 7 de setembro, dia do 200º aniversário da independência do Brasil', disse ela.
Bolsonaro quer que seus apoiadores compareçam ao ato --que acontece menos de um mês antes da eleição presidencial-- na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Ele também tem buscado envolver os militares no evento político.
'Você não faz coisas que podem aumentar a violência ou o ódio contra instituições democráticas que devem ser respeitadas e fortalecidas, e não tentar enfraquecê-las por meio de um discurso político forte', disse Bachelet.
Ela também criticou a 'situação muito difícil dos direitos humanos' no Brasil, destacando relatos de aumento da violência política, racismo estrutural e redução do espaço cívico.
'Sinto que os ataques contra parlamentares e candidatos, particularmente os afrodescendentes, mulheres e pessoas LGBTI são de particular preocupação”, afirmou a ex-presidente chilena.
'Quando um líder começa a usar uma linguagem que pode ser usada na direção errada, acho muito ruim... Os líderes precisam garantir que o país seja capaz de progredir onde exista diálogo e respeito ao outro, porque é disso que se trata a democracia', disse Bachelet.
(Reportagem de Emma Farge em Genebra; reportagem adicional de Steven Grattan em São Paulo)
Escrito por Reuters
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