Impacto de guerra comercial sobre crescimento da zona do euro é prejudicial, diz BCE
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BRUXELAS (Reuters) - Uma guerra comercial com os Estados Unidos pode ter um impacto passageiro sobre a inflação da zona do euro, mas um efeito muito mais prejudicial sobre o crescimento econômico, disse o vice-presidente do Banco Central Europeu, Luis de Guindos, nesta quinta-feira.
O crescimento da zona do euro está estagnado um pouco acima de zero nos últimos dois anos e há poucos sinais de uma recuperação significativa, mesmo que o risco de uma recessão pareça ter diminuído.
'Acreditamos que isso terá um impacto de curta duração sobre a inflação, mas para o crescimento, uma guerra comercial será extremamente prejudicial', disse De Guindos em uma conferência.
Os EUA já anunciaram uma série de medidas comerciais que afetam as importações de metais e automóveis, e ameaçaram tomar outras medidas depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que a União Europeia foi criada 'para ferrar' seu país.
De Guindos disse que está otimista com relação à inflação, e que os aumentos de preços causados pelas tarifas e contramedidas seriam compensados pelo impacto da redução do crescimento.
Ecoando seus comentários, o presidente do banco central francês, François Villeroy de Galhau, disse que os EUA podem perder mais do que os outros com uma guerra comercial.
'A economia global não é um jogo de soma zero', disse ele na mesma conferência. 'O comércio tem a ver com a criação de valor em conjunto... se pararmos, é um jogo de perde-perde; todos perderão, a começar pelos EUA.'
Esse ambiente de incerteza faz com que seja necessário que o BCE determine sua política monetária com mais cautela e prudência, disse De Guindos.
Uma série de autoridades do BCE, incluindo Piero Cipollone, Yannis Stournaras, e Villeroy, já defenderam mais cortes na taxa de juros.
Mas De Guindos adotou uma postura mais cautelosa, faltando três semanas para a próxima reunião do BCE.
'Quando se está em uma sala muito escura, com muita incerteza, é preciso tomar medidas cautelosas... é preciso ser muito prudente', disse ele. 'Nossa abordagem de dependência de dados e a abordagem de reunião a reunião é a correta.'
A próxima reunião do BCE será em 17 de abril e os mercados veem uma chance de aproximadamente 70% de outro corte nos juros, o que seria a sétima redução desde junho do ano passado.
(Reportagem de Balazs Koranyi)
Escrito por Reuters