Biden impõe abrangente proibição a asilos na fronteira entre EUA e México
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Por Ted Hesson e Mica Rosenberg
WASHINGTON (Reuters) - O presidente norte-americano, Joe Biden, instituiu nesta terça-feira uma abrangente proibição a pedidos de asilo de imigrantes capturados cruzando ilegalmente a fronteira entre EUA e México, uma importante medida de aplicação da lei antes das eleições de novembro que decidirão quem controlará a Casa Branca.
Imigrantes capturados cruzando ilegalmente podem ser rapidamente deportados ou devolvidos ao México de acordo com a medida, que entrará em vigor após a meia-noite. Haverá exceções para crianças desacompanhadas, pessoas que sofrem ameaças sérias de saúde ou segurança e vítimas de tráfego de pessoas, disse o Departamento de Segurança Interna dos EUA.
O democrata Biden endureceu sua abordagem à segurança na fronteira conforme a imigração aparece como uma das principais questões dos norte-americanos antes das eleições de 5 de novembro, nas quais ele enfrentará o republicano Donald Trump, que tornou uma abordagem linha-dura à imigração uma peça central do seu governo e prometeu uma ampla repressão se for eleito.
Biden assumiu o poder em 2021 prometendo reverter algumas das restritas políticas de imigração de Trump, mas tem sofrido com níveis recordes de imigrantes pegos cruzando a fronteira ilegalmente, uma tendência que sobrecarregou as autoridades e as cidades que recebem os recém-chegados.
Durante uma entrevista coletiva na Casa Branca, Biden disse que o acesso a asilo permanecerá disponível a imigrantes que se registraram para uma consulta usando o aplicativo conhecido como CBP One ou por outros caminhos legais, em vez de cruzar ilegalmente.
“Essa medida nos ajudará a ter o controle da nossa fronteira e restaurar ordem ao processo”, disse Biden. “Essa proibição continuará em vigor até o número de pessoas tentando entrar ilegalmente for reduzida a um patamar com o qual nosso sistema consegue lidar com eficácia”.
Mesmo ao apresentar as novas restrições, Biden criticou as políticas mais controversas de Trump, incluindo separar famílias de imigrantes na fronteira e comentários de que imigrantes que estão ilegalmente nos EUA estão “envenenando o sangue do nosso país”.
“Eu nunca demonizarei imigrantes”, disse Biden.
Quando o assunto é política de imigração, eleitores registrados preferem Trump a Biden por uma margem de 17 pontos percentuais, segundo uma pesquisa Reuters/Ipsos conduzida em meados de maio.
PERGUNTAS PERMANECEM
A nova proibição a pedidos de asilo entra em vigor quando a média diária de prisões na fronteira superar 2.500 ao longo de uma semana e os números, neste momento, estão acima disso, disseram autoridades em uma ligação com repórteres, exigindo anonimato como condição para a conversa.
A média de prisões na fronteira dos EUA foi de 4.300 por dia em abril, segundo as mais recentes estatísticas do governo disponíveis.
A proibição será interrompida quando as prisões caírem abaixo de uma média de 1.500 por dia ao longo de três semanas. A última vez que as travessias baixaram desse patamar foi nos primeiros meses da pandemia de Covid-19, em julho de 2020, quando as viagens ao redor do mundo atingiram níveis historicamente baixos.
Questões operacionais fundamentais sobre a implementação da medida continuam incertas, incluindo como o governo deportaria rapidamente os imigrantes de países muito distantes ou não cooperativos e quantos imigrantes não-mexicanos o México aceitaria, de acordo com o novo regime.
(Reportagem de Ted Hesson em Washington e Mica Rosenberg em Nova York; Reportagem adicional de Steve Holland, Jason Lange e Doina Chiacu em Washington, Michelle Nichols em Nova York, e Raul Cortes na Cidade do México)
Escrito por Reuters
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