Blocão decide caminhar junto, mas ainda está indeciso entre Alckmin e Ciro
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Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O grupo dos chamados partidos de centro formado por PP, DEM, PR, SD e PRB, conhecido como blocão, decidiu na noite de quarta-feira que irá junto para a disputa presidencial e oferecerá o nome do empresário Josué Gomes, filiado ao PR, como candidato a vice, mas ainda está dividido entre apoiar o pedetista Ciro Gomes ou o tucano Geraldo Alckmin.
'Vai ser uma decisão colegiada, seja por consenso, seja por maioria, mas ainda está dividido, alguns pró-Ciro, outros pró-Alckmin', disse à Reuters o líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), nesta quinta-feira.
Os partidos do blocão ainda discutem para que lado ir na disputa presidencial de outubro. DEM, Solidariedade e PP, apesar das divergências ideológicas, estão mais inclinados a apoiar Ciro, mas outros partidos, como PRB e o próprio PR, têm dificuldades de se aliar ao pedetista e preferem Alckmin.
A decisão final dever ser tomada na próxima quarta-feira. 'É o deadline', disse Rocha.
Até agora, no entanto, a decisão é que, não havendo consenso, quem for derrotado irá seguir a escolha da maioria -- uma medida tomada pelos caciques dos partidos, mas que ainda pode enfrentar resistência nas bases.
O acordo foi fechado na noite de quarta-feira em uma reunião na casa do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, mas as conversas continuaram nesta quinta-feira em um café da manhã na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Mais tarde, os cinco partidos divulgaram nota conjunta informando que farão 'consultas internas' nos próximos dias.
'Progressistas, PR, PRB, Democratas e Solidariedade reafirmam a união e o compromisso de construir um projeto comum para as eleições deste ano', disse o grupo. 'Cada partido vai realizar consultas internas nos próximos dias com o propósito de anunciar publicamente uma decisão comum na semana que vem.'
INFLUÊNCIA FUTURA
A decisão de caminharem unidos tem uma razão única: garantir que o blocão chegue com força em um eventual próximo governo para ditar as normas no Congresso e influenciar no governo.
Juntos, os cinco partidos falam em eleger cerca de 200 deputados, o que permitiria a eles, e ao novo governo, trabalhar sem o MDB pela primeira vez desde a redemocratização do país.
O blocão também elevaria consideravelmente o tempo de televisão e os palanques regionais dos candidatos. O grupo já se reuniu com Ciro e com Alckmin para ouvir propostas e promessas.
Com o tucano há maior afinidade ideológica, mas no blocão há ceticismo sobre a capacidade de Alckmin decolar na preferência dos eleitores, o que traria o risco de o blocão ficar fora do governo.
Ciro tem mais potencial de crescimento, segundo a avaliação dos caciques das legendas, mas as posições do candidato pedetista, especialmente nas questões econômicas, incomodam os partidos, mesmo que Ciro tenha admitido suavizar suas postura sobre algumas questões.
O presidente do PR, Marcos Pereira, disse que em conversa no sábado, em São Paulo, Ciro se comprometeu a aceitar sugestões na área econômica e a não interferir na pauta legislativa em questões de costumes importantes para o partido, como aborto ou questões homoafetivas. “Mas aí vem essa bomba que está em toda imprensa hoje, essa carta para a Embraer...”, disse Pereira.
Na quarta-feira, Ciro divulgou carta enviada aos presidentes da Boeing e da Embraer em que sugere a dissolução do acordo fechado entre as duas companhias por meio do qual a norte-americana assumirá o controle da divisão de aviação comercial da Embraer através da criação de uma joint venture de 4,75 bilhões de dólares.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)
Escrito por Thomson Reuters
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