BNP Paribas vê piso da Selic a 8,5% em meados de 2024 e retomada das altas em 2025
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SÃO PAULO (Reuters) - O BNP Paribas calcula que a taxa básica de juros Selic atingirá um piso de 8,5% em meados de 2024 e voltará a subir em 2025, uma vez que a inflação deve parar de convergir para a meta.
Em entrevista a jornalistas nesta terça-feira, Gustavo Arruda, chefe de pesquisa macroeconômica para América Latina do banco, avaliou que o Banco Central não deve trazer surpresas em sua decisão de política monetária na quarta-feira, com expectativa predominante no mercado de novo corte de 0,5 ponto percentual na Selic, a 12,75%.
'Mesmo com a inflação mostrando sinais positivos e a atividade resistente, o BC vai manter o corte de 50 pontos (básicos), e dessa vez vai ser unânime', disse ele, acrescentando que o Comitê de Política Monetária deve manter no comunicado a orientação de que não prevê aceleração de passo.
Arruda destacou a importância do cenário global para as decisões sobre juros no Brasil a partir de agora, avaliando que isso pode influenciar no ritmo de cortes, e projetou uma aceleração no afrouxamento monetário a partir de janeiro.
Segundo os cálculos do BNP Paribas, a Selic termina este ano em 11,75% e encerra o ciclo de cortes a 8,5% em junho de 2024, considerando um cenário global de desaceleração da atividade. A taxa básica de juros deve permanecer nesse nível até o final do ano que vem, e voltar a subir em 2025.
'Quando olhamos 2025, vemos cenário de juros voltando a mirar na casa de dois dígitos, 10%, exatamente por a inflação ter parado de convergir', disse Arruda.
O BNP projeta alta da inflação este ano de 4,7%, caindo apenas levemente a 4,2% no ano que vem, portanto ainda acima do centro da meta -- de 3,0% em 2024, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
'O risco (da inflação) junto com outras medidas expansionistas vão fazer o Banco Central ficar desconfortável em 2025, e vai ter que subir os juros', disse Arruda.
Para a atividade econômica, o BNP projeta expansão de 3,1% do Produto Interno Bruto este ano, caindo a 1,8% em 2024.
(Por Camila Moreira)
Escrito por Reuters
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