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Bombeiros encontram mais dois corpos em queda de ponte entre Tocantins e Maranhão

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SÃO PAULO (Reuters) - O Corpo de Bombeiros do Tocantins afirmou nesta quinta-feira que encontrou mais dois corpos de desaparecidos no desastre em que o vão central da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, conhecida como 'Ponte JK', caiu no rio Tocantins no domingo passado enquanto uma série de veículos, alguns com produtos químicos perigosos, passavam pela estrutura.

Com isso, o número de mortos subiu para oito, segundo os bombeiros do Tocantins. Há ainda 11 desaparecidos uma vez que a identidade dos corpos encontrados nesta quinta-feira não pode ser confirmada pelas equipes pois não foi possível resgatá-los ainda, informaram os bombeiros de Tocantins.

'O mergulho foi realizado pelo tenente-coronel Rafael Menezes, comandante do 1º Batalhão de Bombeiros Militar, em Palmas, por volta das 9h50, desta quinta-feira, quando localizou as duas vítimas a cerca de 35 metros de profundidade', afirmou o órgão em comunicado à imprensa.

Ainda no local, o bombeiro militar localizou um caminhão, uma caminhonete e duas motocicletas.

'A partir de agora, os operadores traçam estratégias para realizar novos mergulhos para extrair os corpos, visto que um está na cabine de um dos veículos, e outro embaixo da caminhonete', afirmou o Corpo de Bombeiros.

O desastre na ponte de mais de meio quilômetro de extensão levou para o fundo do rio Tocantins 76 toneladas de ácido sulfúrico e 25,3 mil litros de pesticidas, produtos transportados em caminhões que estavam cruzando a ponte no momento do colapso, segundo relatório da Agência Nacional de Águas (ANA), que faz parte dos esforços de contenção dos impactos do desmoronamento juntamente com a Marinha.

PRODUTOS QUÍMICOS

As cargas de ácido sulfúrico tinham como destino a fábrica de celulose da Suzano em Imperatriz -- distante cerca de 140 quilômetros da ponte que desabou -- e para instalações da Alunorte no Pará. Já a carga de pesticida seria destinada a fazendas no Pará, informou o governo do Maranhão.

As transportadoras -- Videira Transportes, Expresso Geração e Pira-Quimica -- contrataram as empresas de resposta a emergências Ambipar e Cetric, segundo o governo maranhense.

Procurada, a Suzano não confirmou de imediato a informação do governo do Estado, mas afirmou que disponibilizou seus laboratórios para a realização de testes de qualidade da água do rio Tocantins e que 'já vem contribuindo ativamente com os trabalhos em curso'.

A Ambipar, uma das maiores empresas de gestão ambiental da América Latina, afirmou que está colaborando com as autoridades no colapso da ponte e que enviou uma equipe de especialistas que está 'constantemente fazendo a coleta de amostras da água e do solo, com intuito de identificar possíveis contaminações'.

A empresa também afirmou que 'está definindo junto às autoridades a melhor estratégia de retirada dos equipamentos e produtos' assim que a etapa de buscas dos desaparecidos for concluída.

Não foi possível entrar em contato com as transportadoras, com a Cetric e a Alunorte.

A ANA afirmou que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente(Ibama) está acompanhando a questão da retirada das cargas de produtos químicos do rio Tocantins, mas não deu detalhes. Não foi possível entrar em contato de imediato com o órgão ambiental.

Segundo a Marinha, 'não há como prever o risco que existe ainda' como resultado da queda das toneladas de produtos químicos na água do rio.

'Por esse motivo, a Marinha do Brasil realiza continuamente análises da água para detectar agentes nocivos e assegurar que existem condições seguras para as atividades de mergulho', afirmou o órgão nesta quinta-feira, citando que a prioridade no momento é a busca aos desaparecidos e veículos.

O jornal O Globo publicou mais cedo vídeo que afirmou ser da Marinha mostrando embalagens de produtos químicos espalhadas pelo fundo do rio aparentemente intactas.

Segundo relatório da ANA publicado na véspera, a carga de pesticida -- entre eles produtos conhecidos como Tractor, Pique e Carnadine -- 'podem ter permanecido intactas' em função 'do acondicionamento da carga em 'pallets' envolvidos em microfilme'.

A agência afirmou que em uma análise 'extremamente conservadora', que leva em conta um cenário em que todos os invólucros dos produtos tivessem se rompido no momento da queda da ponte, os pesticidas levariam entre 11 e 60 horas para se diluírem na água do rio.

'Essa simulação de diluição permite concluir que não há risco significativo de descumprimento dos parâmetros de potabilidade', afirmou a ANA.

Quanto ao ácido, a agência citou que até então não houve alteração do PH da água do rio e calculou que levaria cerca de 3 minutos para a absorção de todo o calor a ser produzido pela reação da água com o produto, 'com o acréscimo de 1ºC na temperatura da água'.

A ANA, porém, afirmou que as conclusões sobre a qualidade da água no rio são preliminares e que resultados finais das análises são previstos para a partir da próxima segunda-feira.

(Por Alberto Alerigi Jr., com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro, e Lisandra Paraguassu, em Brasília)

Escrito por Reuters

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