Casino vira alvo de batalha de bilionários após receber nova oferta
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Por Mathieu Rosemain e Chiara Elisei e Laura Lenkiewicz
PARIS (Reuters) - Jean-Charles Naouri está prestes a perder o controle de 30 anos do endividado Casino, a menos que consiga dinheiro para enfrentar ofertas rivais pelo varejista francês, disseram executivos de bancos de investimento e analistas.
No Brasil, o Casino é acionista do Assaí e do GPA, dono da rede Pão de Açúcar.
O magnata francês Xavier Niel e o bilionário tcheco Daniel Kretinsky estão envolvidos em duas ofertas concorrentes de 1,1 bilhão de euros pelo Casino, que tem um valor de mercado atual de apenas 700 milhões de euros.
'Neste estágio, esta não é uma oferta firme, mas uma manifestação preliminar de interesse que pode não ser bem-sucedida. O grupo estudará esta manifestação de interesse e manterá o mercado informado', disse o Casino em comunicado nesta quarta-feira.
Ambas as ofertas envolvem a reestruturação da dívida do Casino de 6,4 bilhões de euros, um processo no qual os principais bancos franceses BNP Paribas, Crédit Agricole e Natixis irão opinar.
Um banqueiro de investimentos sênior que trabalhou com o Casino no passado disse que a empresa precisava de novo capital e que ninguém iria injetar esse dinheiro sem obter o controle da empresa.
O Casino disse em um comunicado de 24 de abril que a oferta de 1,1 bilhão de euros liderada por Kretinsky levará a uma perda de controle do Casino e a uma diluição muito significativa dos acionistas existentes.
As ações do Casino disparavam mais de 20% nesta quarta-feira.
A companhia enfrenta 3 bilhões de euros em pagamentos de dívidas nos próximos dois anos, com as agências de classificação Moody's e Standard & Poor's alertando que um default é muito provável. E a holding por meio da qual Naouri controla o Casino também está fortemente endividada.
A corrida pelos ativos do Casino está apenas começando, já que as negociações com os credores do grupo começaram, com seus maiores rivais Carrefour e Auchan e o Estado francês monitorando de perto a situação, de acordo com relatos da mídia francesa.
O Estado francês também está monitorando a situação.
'Estamos de olho nisso, porque é um grande empregador', disse um funcionário do Ministério das Finanças. 'Há questões financeiras em jogo e, pelo bem do capitalismo francês, é importante que isso seja feito de maneira ordenada', acrescentou.
Ele disse que não há licitante favorito para o Casino, mas alguns analistas dizem que a oferta liderada por Niel, o executivo de banco de investimentos Matthieu Pigasse e o parceiro de negócios de Naouri, Moez-Alexandre Zouari, é potencialmente mais atraente para o governo.
'A proposta de Kretinsky parece um acordo melhor para os credores, mas o governo francês pode temer um desmantelamento completo do Casino por um bilionário estrangeiro', disse Clement Genelot, analista de varejo da Bryan, Garnier & Co, à Reuters.
O sexto maior varejista de alimentos da França em participação de mercado emprega mais de 50 mil pessoas no país, acrescentou Genelot.
Niel, Pigasse e Zouari disseram que poderão investir entre 200 milhões e 300 milhões de euros eles próprios, com o restante vindo de parceiros não especificados, incluindo credores do Casino.
A proposta do trio vem depois que Kretinsky, o segundo maior acionista do Casino, ofereceu em abril assumir o controle do grupo por meio de um aumento de capital de 1,1 bilhão de euros.
Um porta-voz da companhia se recusou a comentar além de sua declaração nesta quarta-feira ou em nome de Naouri.
A Fimalac, quarto maior acionista do Casino, confirmou sua intenção de investir 150 milhões de euros em novo capital como parte da venda de ações no valor de 1,1 bilhão de euros liderada por Kretinsky, disse o Casino em comunicado após o fechamento do mercado nesta quarta-feira.
A Fimalac é uma holding de propriedade integral de outro bilionário francês, Marc Ladreit de Lacharrière.
Niel é mais conhecido por seu grupo de telecomunicações Iliad, enquanto Pigasse é um banqueiro de investimentos influente e Zouari tem uma vasta experiência em distribuição de varejo de alimentos.
(Por Mathieu Rosemain, Chiara Elisei, Laura Lenkiewicz e Sudip Kar-Gupta)
Escrito por Reuters
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