Insultos de autoridades do Brasil à China causam preocupação, diz Cargill
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Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - Insultos recorrentes de autoridades brasileiras à China, principal comprador de produtos agrícolas do Brasil, geram 'grande preocupação' para empresas do setor, disse nesta quarta-feira o presidente da Cargill no país, Paulo Sousa.
Apesar de inquietantes, ele não vê risco imediato de interrupção do comércio bilateral em função de declarações desairosas de membros do ministério e da família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A postura mais agressiva com relação à China foi adotada em mais de uma ocasião por integrantes do governo, e chegou a gerar manifestações de repúdio por parte da embaixada chinesa no país.
'É muito preocupante se você tem oficiais no governo brasileiro insultando o nosso maior cliente. Não é perfil ideológico. Nós temos o papel de fornecer alimentos para o mundo independentemente de cor, raça, credo ou preferência política do país', afirmou Sousa.
'Então não é cabível para oficiais do governo brasileiro fazer insultos ao nosso maior cliente. Eu diria que nem é muito inteligente,' disse ele em live promovida pelo jornal Valor Econômico.
A Cargill foi a maior exportadora de soja e milho do Brasil nos cinco primeiros meses de 2020, segundo dados de agências marítimas, que indicam que a trading norte-americana embarcou 8,1 milhões de toneladas da oleaginosa e quase 342 mil toneladas de milho no período.
As exportações brasileiras de soja, que possuem a China como maior compradora, ficaram acima das expectativas nos primeiros meses do ano, disse Sousa.
Mesmo com a pandemia de coronavírus atingindo o Brasil em cheio, a crise sanitária não afetou a capacidade do país de exportar commodities agrícolas como grãos e carnes, acrescentou Sousa.
'O maior risco para o agronegócio brasileiro em termos de competitividade e aceitação é o risco ambiental,' disse Sousa, acrescentado que a questão é ainda mais premente que a pandemia e a própria guerra comercial entre Estados Unidos e China, por causa do potencial de afastar compradores.
'É bom parar de falar... É bom parar de ser agressivo', disse o executivo.
Procurado, o governo federal não respondeu de imediato a pedidos de comentário sobre as declarações de Sousa.
Escrito por Reuters
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