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Chilenos rejeitam reformulações da Constituição à direita e à esquerda

Placeholder - loading - Menino passa em frente ao palácio governamenal do Chile, o La Moneda, em Santiago 18/12/2023 REUTERS/Ivan Alvarado
Menino passa em frente ao palácio governamenal do Chile, o La Moneda, em Santiago 18/12/2023 REUTERS/Ivan Alvarado

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Por Natalia A. Ramos Miranda e Lucinda Elliott e Alexander Villegas

SANTIAGO (Reuters) - As duas tentativas fracassadas do Chile de reescrever sua Constituição têm sinalizado um desejo de moderação entre os eleitores, que mais uma vez rejeitaram uma proposta elaborada por parlamentares, dessa vez de direita, que foi considerada muito radical, de acordo com analistas e eleitores.

'Nenhum dos dois lados políticos mostrou a unidade necessária para fazer o país avançar', disse Rodrigo Oyarzun, um assistente social de 41 anos, após votar no plebiscito de domingo na cidade litorânea de Valparaíso. 'É assim que não chegamos a lugar algum.'

Uma nova Constituição foi uma das principais promessas do governo que ajudou a acabar com os protestos inflamados e generalizados contra a desigualdade em 2019, mas o processo está paralisado desde então. A primeira tentativa foi rejeitada em um plebiscito em setembro de 2022, e uma segunda no domingo, à medida que cresce a apatia dos eleitores em relação a uma reformulação.

As pesquisas mostram que os chilenos estão mais preocupados com a segurança e uma economia em dificuldades do que com a elaboração de uma nova Constituição. A votação de domingo também foi vista como um termômetro para a direita do país antes da eleição de 2025, mas agora os textos de ambas as alas políticas foram amplamente rejeitados, deixando o resultado da disputa incerto.

O primeiro texto proposto foi redigido por parlamentares de esquerda e se concentrava em direitos sociais, de gênero, indígenas e ambientais, enquanto o segundo reforçava as políticas de livre mercado e enfatizava os direitos de propriedade e religiosos, além de restringir potencialmente o acesso ao aborto.

'A maioria dos chilenos prefere uma carta modernizada que não se incline nem para a esquerda nem para a direita ideológica, mas que realmente aborde as questões de política pública que não estão sendo resolvidas', disse Arturo Porzecanski, membro do Woodrow Wilson International Center, um think tank com sede em Washington, acrescentando que há uma 'exaustão generalizada' com o processo.

O presidente Gabriel Boric disse que seu governo agora tentará aprovar a reforma tributária e previdenciária no Legislativo e espera fazê-lo com consenso.

O movimento do Chile em direção à moderação contrasta fortemente com a crescente polarização observada em muitos de seus vizinhos, incluindo a Argentina, que no mês passado elegeu Javier Milei como presidente, um economista ultraliberal. Ele tem prometido mudar o sistema econômico do país após anos de declínio.

Claudia Heiss, pesquisadora e cientista política da Universidade do Chile, disse que o resultado do Chile pode impedir que a direita do país se radicalize mais.

'(A extrema-direita) está prejudicada, sem dúvida', disse Heiss, acrescentando que não está claro quem se beneficia, já que a desconfiança em relação ao governo é alta e os partidos centristas também não têm se saído bem.

'Os partidos de centro deveriam estar crescendo, mas não estão, o centro está mais fraco do que nunca', disse Heiss, acrescentando que a votação também reflete uma rejeição da classe política em geral.

'E isso é preocupante porque não se trata apenas de um voto moderado, mas de um voto contra tudo.'

Embora Boric tenha afirmado que seu governo não tentará uma terceira reescrita, tanto Heiss quanto Porzecanski dizem que o debate constitucional ainda não terminou.

A Constituição atual, promulgada durante a ditadura de Augusto Pinochet, passou por várias reformas, mas continua sendo um ponto de tensão fundamental para muitos eleitores.

Escrito por Reuters

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