Chips dos EUA 'não são mais seguros', diz indústria da China
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Por Eduardo Baptista e Brenda Goh
PEQUIM (Reuters) - As empresas chinesas devem desconfiar da compra de chips norte-americanos, pois eles 'não são mais seguros' e, em vez disso, devem comprar localmente, afirmaram quatro das principais associações industriais do país nesta terça-feira, em uma rara resposta coordenada às restrições impostas por Washington aos fabricantes chineses de microprocessadores.
As duas nações atacaram as economias uma da outra nos últimos dias, aumentando as tensões mesmo antes do retorno do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, à Casa Branca em janeiro. Trump prometeu impor tarifas pesadas sobre produtos chineses importados, reavivando uma guerra comercial de seu primeiro mandato de quatro anos como presidente.
Os avisos da associação do setor foram feitos depois que os Estados Unidos lançaram na segunda-feira uma terceira etapa de repressão em três anos ao setor de semicondutores da China, restringindo as exportações para 140 empresas, incluindo a fabricante de equipamentos pra produção de microprocessadores Naura Technology Group.
O parecer pode afetar gigantes dos EUA, como Nvidia, AMD e Intel que, apesar dos controles de exportação, conseguiram continuar vendendo produtos no mercado chinês. As três empresas não responderam imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.
'A China vinha se movendo de forma bastante lenta ou cuidadosa em termos de retaliação contra as ações dos Estados Unidos, mas parece bastante claro que agora as luvas foram retiradas', disse Tom Nunlist, diretor associado da empresa de pesquisa Trivium China.
As associações abrangem alguns dos maiores setores da China, incluindo telecomunicações, economia digital, automóveis e semicondutores e, juntas, contam com 6.400 empresas como membros.
As declarações, divulgadas em pequenos intervalos uma da outra, não detalharam por que os chips dos EUA não são seguros ou confiáveis.
Pequim também proibiu nesta terça-feira as exportações de minerais raros usados em aplicações militares, células solares, cabos de fibra óptica e outros processos de fabricação. Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca disse que os Estados Unidos tomariam as medidas necessárias para tentar impedir outras 'ações coercitivas' da China e continuariam os esforços para diversificar as cadeias de suprimentos, afastando-as do país.
A Internet Society of China pediu que as empresas nacionais avaliem com cuidado a compra de chips dos EUA e procurem expandir a cooperação com companhias de chips de outros países e regiões que não os Estados Unidos, de acordo com sua conta oficial no WeChat.
A organização também incentivou as empresas nacionais a usarem 'proativamente' chips produzidos por empresas nacionais e estrangeiras na China.
Os controles de exportação de chips dos EUA causaram 'danos substanciais' à saúde e ao desenvolvimento do setor de internet da China, acrescentou a entidade. As empresas visadas pelos EUA disseram que poderiam continuar a produção devido a seus esforços para localizar a produção.
A Associação Chinesa de Empresas de Comunicação disse que não vê mais os produtos de chips dos EUA como confiáveis ou seguros e que o governo chinês deveria investigar o grau de segurança da cadeia de suprimentos da infraestrutura de informações críticas do país.
Os avisos ecoam o tratamento dado pela China à Micron, fabricante norte-americana de chips de memória, que se tornou objeto de uma análise de segurança no ano passado, logo depois que os EUA impuseram controles de exportação de tecnologia de fabricação de chips para a China.
Posteriormente, a China proibiu a Micron de vender seus chips para os principais setores domésticos, afetando uma porcentagem de dois dígitos de sua receita total.
A Intel também enfrentou uma análise minuciosa. Em outubro, outro grupo influente do setor, a Associação de Segurança Cibernética da China, solicitou uma revisão de segurança dos produtos Intel, dizendo que a fabricante de chips dos EUA havia 'prejudicado constantemente' a segurança e os interesses nacionais do país.
Escrito por Reuters
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