Com medo da proliferação nuclear, Europa trabalha para acalmar tensões com Irã
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BRUXELAS (Reuters) - Ministros das Relações Exteriores da União Europeia evitaram na sexta-feira qualquer resposta imediata à decisão do Irã de intensificar seu enriquecimento de urânio, preferindo repetir seu pedido a Teerã de respeitar os limites do acordo de controle de armas nucleares de 2015.
Por temerem um conflito aberto entre o Irã e os Estados Unidos, os ministros das Relações Exteriores da UE, acompanhados do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, realizaram uma rara reunião de emergência para pedir calma após o ataque aéreo dos EUA de 3 de janeiro que matou um general iraniano e os ataques de retaliação de quarta-feira pelo Irã.
Mas, diferentemente dos Estados Unidos, que na sexta-feira impuseram novas sanções econômicas ao Irã, os europeus deram a Teerã mais tempo para evitar a proliferação nuclear à sua porta, em vez de iniciar um processo que poderia levar à reimposição de sanções da ONU.
'A região não pode arcar com outra guerra, pedimos uma redução urgente nas tensões e prudência máxima', disse o encarregado de Relações Exteriores da UE, Josep Borrell, a repórteres após a reunião.
Borrell disse que os 28 ministros das Relações Exteriores concordaram em intensificar a diplomacia para aliviar as tensões.
Ele não deu detalhes específicos além de reiterar o compromisso de preservar o acordo nuclear e reforçar o apoio ao Iraque.
'Pedimos ao Irã que volte à conformidade total e contamos com a AIEA para continuar monitorando e verificando as atividades do Irã', referindo-se ao órgão de controle atômico da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica.
'Talvez não possamos evitar que no final seja cancelado.'
Diplomatas disseram que, em princípio, Alemanha, Reino Unido e França concordaram em iniciar um processo de resolução de disputas sob o acordo de 2015 que poderia levar a novas sanções da ONU contra Teerã, mas hesitaram sobre o momento para isso já que temem que o Irã possa reagir mal.
'Estávamos planejando fazê-lo, mas agora isso seria visto como uma medida de escalada da tensão', afirmou um diplomata da UE. Acrescentando, no entanto, que isso pode ocorrer em breve.
Apesar de suas ações, o Irã disse que a agência nuclear da ONU, a AIEA, pode continuar suas inspeções no local em suas instalações atômicas, deixando algum espaço para diplomacia.
A reunião, que diplomatas disseram mostrar unidade da UE em apoiar o acordo com o Irã, apesar do pedido do presidente dos EUA, Donald Trump, nesta semana para que a Europa se afaste dele, contrastou com os comentários públicos dos ministros das Relações Exteriores da UE.
Borrell se recusou a comentar sobre a resistência do Irã a uma investigação independente sobre o acidente de um avião ucraniano em Teerã. Canadá e outros acreditam que o avião tenha sido derrubado por um míssil iraniano, provavelmente por engano.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, já havia alertado antes da reunião de sexta-feira que o Irã pode ter uma arma nuclear em um a dois anos se o país romper completamente com um acordo de contenção nuclear que alcançou com as potências mundiais em 2015.
'Queremos que esse acordo (nuclear) tenha futuro, mas só terá futuro se for cumprido e esperamos isso do Irã', disse o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, a repórteres.
Escrito por Reuters
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