Com tempo curto deputados vão evitar temas difíceis, diz líder do governo Temer na Câmara
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Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O tempo é exíguo até o fim do ano, mas ainda há possibilidade de votação na Câmara de projeto que permite o aumento da participação de capital estrangeiro nas companhias aéreas, disse à Reuters o líder do atual governo na Casa, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que considera difícil a deliberação do projeto da autonomia do Banco Central .
O líder explicou que há demandas de deputados para a votação de diversas propostas na fila. Eventual discussão de matérias polêmicas, como a da autonomia do BC, exigiriam articulação mais aprofundada, algo limitado pela proximidade do fim do ano.
“Você tem diversas matérias, tem várias urgências que foram votadas, mas como tem muito pouco tempo e o Orçamento, eu gostaria de destacar a Lei Geral de Turismo como uma matéria importante”, disse o deputado referindo-se ao projeto que trata da Política Nacional de Turismo e amplia o capital das estrangeiras nas aéreas.
“Sobre a autonomia do BC não houve consenso na reunião de líderes. Nós tivemos uma reunião com a participação do Ilan (presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn), ainda precisa ter uma discussão para arredondar mais a matéria”, disse Aguinaldo.
O líder relata que permanecem divergências sobre o mérito do projeto, principalmente do “ponto de vista de convicção”. O ano está acabando, pondera Aguinaldo, e a matéria exigiria um esforço de articulação mais intenso.
“Tem outras matérias que estão sendo cobradas pela Casa. Se a gente for votar uma matéria como a da autonomia do BC, certamente haverá uma mobilização de obstrução”, explicou.
“Dá para votar, dá. Mas a gente teria que abrir mão das demais matérias, de todas essas demandas.”
Aguinaldo destaca que tem procurado fechar acordos para votação de matérias que não tenham impacto fiscal significativo para o novo governo.
VIABILIDADE
Sobre a eleição da presidência da Câmara no próximo ano, o líder avalia que ainda é cedo para qualquer prognóstico. Explica que a definição do comando da Câmara dependerá muito da configuração dos blocos partidários a serem formados e de como os pré-candidatos irão construir seus nomes.
Pondera, no entanto, que o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem conseguido se colocar como uma opção “viável”, ainda que não seja a única no que ele mesmo convencionou de chamar de centro.
“Eu acho que ele tem viabilidade, mas o processo começou agora. Ele é um candidato à reeleição, é presidente da Casa, mas isso passa pela questão da construção interna da Casa, entre os partidos, a formação dos blocos”, disse Aguinaldo.
“Tudo isso é que vai definir um pouco esse cenário de eleição.”
Para o líder, é factível que o centro se alinhe mais para frente no processo eleitoral, mas por ora, há vários interessados do campo em disputar o posto e ainda há muita conversa pela frente.
“Tudo isso é uma construção, vai depender do resultado desse diálogo, dessa formação de bloco. Isso impacta muito na eleição aqui. É como se formam os blocos, com quem você forma, que aí você dá musculatura à candidatura.”
Aguinaldo disse não acreditar que deputados promovam mudanças regimentais para limitar a atividade da oposição em plena disputa pela presidência da Câmara.
Escrito por Thomson Reuters
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