Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica são exonerados por Bolsonaro
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Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O comandante da Aeronáutica, Moretti Bermudez, afirmou nesta terça-feira ter sido apenas informado da decisão do presidente Jair Bolsonaro de exonerá-lo do cargo, após o Ministério da Defesa ter anunciado mais cedo que os três comandantes das Forças Armadas serão substituídos após a troca de comando na pasta.
Em nota divulgada depois de uma reunião dos comandantes primeiro com Fernando Azevedo e Silva, que está deixando o comando do ministério, e outra com Walter Braga Netto, que assume o posto, a Defesa informou apenas que a decisão foi comunicada durante o encontro.
Os comandantes Edson Pujol, do Exército, Ilques Barbosa, da Marinha, e Bermudez se reuniram na noite de segunda-feira e a intenção inicial era de que os três entregassem os cargos, mas havia uma expectativa de que apenas Pujol, que tivera atritos com Bolsonaro, saísse de fato.
'Na manhã de hoje, tomei conhecimento da decisão do presidente da República, Jair Bolsonaro, de exonerar-me do comando da Força Aérea Brasileira', disse Bermudez em nota.
'Ao deixar o comando da Aeronáutica, meu sentimento é de gratidão aos que labutaram ao meu lado, direta e indiretamente, para que a Força Aérea, uma instituição de Estado, servisse ao povo brasileiro em todos os seus chamados', acrescentou, negritando a expressão 'instituição de Estado'.
Em nenhum momento o brigadeiro cita o presidente além da informação de que fora avisado da decisão de exonerá-lo.
Por mais de uma vez, Bolsonaro declarou que é 'comandante supremo' das Forças Armadas, o que é um fato constitucional, e em diversas ocasiões as chamou de suas, o que não é o caso. As Forças Armadas não são de um presidente ou governo, mas do Estado brasileiro, independentemente de quem seja o governante.
As demissões dos comandantes da Forças ocorreram após Bolsonaro pedir o cargo do ministro da Defesa na véspera, como parte de uma mudança em seis ministérios.
O general admitiu a interlocutores que se sentia desconfortável no governo e que havia uma pressão para maior envolvimento político das Forças Armadas, o que ele não permitiu, e terminou por levar a seu afastamento.
A troca de comando no Ministério da Defesa e as demissões dos chefes das Forças despertaram temores de uma manobra de Bolsonaro para ampliar a politização e sua influência nas Forças Armadas, no momento em que o presidente tem sofrido pressão do Congresso pelos erros do governo no enfrentamento à pandemia de Covid-19.
Escrito por Reuters
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