Combates se espalham no Sudão após avanço de grupo paramilitar em Cartum
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(Reuters) - O Exército do Sudão confirmou na segunda-feira que as Forças de Apoio Rápido (RSF) tomaram a base principal de uma bem equipada brigada policial em Cartum e havia relatos de combates se espalhando pela primeira vez para o Estado do Nilo Azul, perto da Etiópia.
A força paramilitar RSF disse ter capturado dezenas de veículos blindados e picapes depois de tomar a sede da Polícia da Reserva Central no domingo, consolidando sua posição no sul de Cartum, onde vários importantes acampamentos militares estão situados.
O Exército se apoiava na Polícia da Reserva Central para combates terrestres em Cartum, onde está tendo dificuldades para conter as unidades móveis da RSF que rapidamente se espalharam pela cidade quando os combates começaram em 15 de abril.
O Exército disse em um comunicado que a base policial da Reserva Central foi tomada após três dias de combates, acusando a RSF de atacar 'instituições estatais'.
Ativistas locais disseram que pelo menos 15 civis foram mortos nos combates e mais de 80 ficaram gravemente feridos.
Também na segunda-feira, moradores relataram nas redes sociais um ataque do SPLM-N, o grupo rebelde mais poderoso do Sudão, na cidade de Kurmuk, no Estado do Nilo Azul, na fronteira com a Etiópia.
A Reuters não pôde verificar os relatos de forma independente. A missão da Organização das Nações Unidas no Sudão disse que centenas de civis cruzaram a fronteira para a Etiópia em busca de segurança devido aos confrontos no Nilo Azul no domingo e na segunda-feira, enquanto outros pareciam estar indo para o norte, para Damazin, a capital do Estado.
Confrontos ligados a tensões tribais no Estado do Nilo Azul deixaram centenas de mortos no ano passado.
O SPLM-N entrou em confronto na semana passada com o Exército no Estado de Kordofan do Sul, levantando temores de que o conflito possa se espalhar pelas regiões do sul do Sudão.
A guerra entre o Exército e a RSF eclodiu em meio a disputas sobre planos apoiados internacionalmente para uma transição para eleições sob um governo civil.
A luta se intensificou em meio a uma série de acordos de cessar-fogo negociados pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos em negociações em Jeddah que foram suspensas na semana passada.
A guerra causou uma grande crise humanitária, desalojando mais de 2,5 milhões de pessoas, cerca de 600.000 das quais cruzaram para os países vizinhos. A maioria foi para o norte, ao Egito, ou para o oeste, até o Chade, onde os refugiados têm buscado abrigo de ataques e confrontos de motivação étnica na região sudanesa de Darfur.
(Reportagem de Khalid Abdelaziz em Dubai)
Escrito por Reuters
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