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Brasil supera 5 milhões de casos de coronavírus com epidemia em lenta desaceleração

Placeholder - loading - Mulheres de máscara passam por lojas em centro comercial popular no centro do Rio de Janeiro 07/10/2020 REUTERS/Pilar Olivares
Mulheres de máscara passam por lojas em centro comercial popular no centro do Rio de Janeiro 07/10/2020 REUTERS/Pilar Olivares

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Por Pedro Fonseca e Gabriel Araujo

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A pandemia de coronavírus no Brasil está desacelerando em marcha lenta após ter atingido o pico em julho, com o país ultrapassando nesta quarta-feira a marca de 5 milhões de casos e se aproximando das 150 mil mortes por Covid-19, à medida que a população tem retomado as atividades mesmo sem uma redução drástica das infecções.

Com a confirmação de 31.553 novos casos nesta quarta, o Brasil chegou a um total de 5.000.694 infecções, tornando-se o terceiro país do mundo --depois dos Estados Unidos e da Índia-- a atingir os 5 milhões de casos do novo coronavírus.

A marca foi superada 34 dias após o país bater a marca de 4 milhões, o que representa o período mais longo para se acumular 1 milhão de casos no país após o primeiro milhão, mas ainda uma redução lenta em comparação a países europeus depois que saíram do pico.

Nesse período, o Brasil viu a epidemia cair de um patamar semanal de cerca de 40 mil casos novos por dia no início de setembro para uma média de 27 mil casos por dia na semana epidemiológica encerrada no último sábado. Junto com a desaceleração dos casos também houve redução no número de mortes, caindo das 890 por dia em média no final de agosto, para 654 óbitos por dia na última semana epidemiológica.

Mesmo com a redução, o Brasil aparece entre os países do mundo com maior número de óbitos por dia devido à doença atualmente, atrás de Índia e EUA. No total, com as 734 novas mortes confirmadas nesta quarta, já são 148.228 óbitos devido à doença.

'Muito em breve, teremos 150 mil óbitos da doença. São números assustadores. A despeito disso, estamos vendo as autoridades cada vez mais flexibilizando o isolamento social independentemente do aumento do número de casos', disse à Reuters o epidemiologista Roberto Medronho, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio e Janeiro (UFRJ).

Segundo o Índice de Isolamento Social --ferramenta que utiliza dados de localização de aplicativos instalados em telefones celulares pelo país--, a adesão ao distanciamento no Brasil está no menor patamar desde o início das quarentenas nos Estados, em março, quando chegou a superar a marca de 50%. Atualmente, o número está em cerca de 33% durante os dias de semana.

A redução ocorre ao mesmo tempo em que as pessoas têm retornado ao trabalho em estabelecimentos comerciais e com a perspectiva da volta às aulas presenciais em diversos Estados, inclusive São Paulo, o epicentro da pandemia no Brasil. Além disso, aglomerações têm sido recorrentes em praias, bares e restaurantes, em especial com a onda de calor dos últimos dias.

'Chegou a primavera, temperaturas muito elevadas, e isso está fazendo com que as pessoas se aglomerem em praias, bares, restaurantes, muitas sem usar máscara, muitas sem tomar as devidas precauções, com isso eu temo que o Brasil passa a ter uma segunda onda semelhante ao que está ocorrendo na Europa. É motivo de grande preocupação para nós da área da saúde', acrescentou Medronho.

São Paulo, que superou no último sábado o patamar de 1 milhão de infecções apenas no Estado, atingiu nesta quarta as contagens de 1.016.755 casos e 36.669 mortes.

O governo estadual prevê chegar ao fim da primeira quinzena de outubro com o total de casos variando entre 1.100.000 e 1.150.000, enquanto a projeção para o número de óbitos ao final do período vai de 38 mil a 39 mil.

Autoridades locais mencionaram nesta quarta que, apesar de quedas recentes nos números de casos e mortes, o percentual de internações tem aumentado em São Paulo, o que foi apontado como resultado de uma 'flexibilização' nos critérios médicos para hospitalização de pacientes com Covid-19.

'Os médicos entendem que quanto mais cedo o paciente puder ser acompanhado no hospital, melhor o resultado... Esse aumento de internação não seria por um aumento da epidemia, e sim por uma modificação positiva nos critérios de internação', disse o coordenador-executivo do Centro de Contingência da Covid-19 em São Paulo, João Gabbardo, em entrevista coletiva.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, o segundo Estado com maior número de óbitos causados pela doença no país é o Rio de Janeiro, que registrou até este momento 18.969 mortes, com 277.439 casos.

Na contagem de infecções confirmadas, porém, o Rio fica abaixo da Bahia e de Minas Gerais -- o Estado nordestino soma 319.981 casos e 7.021 mortes, enquanto Minas registrou 313.032 infecções e 7.811 óbitos.

Ceará, Pará, Santa Catarina, Goiás e Rio Grande do Sul são os demais Estados que já notificaram mais de 200 mil casos de Covid-19.

O início da epidemia no Brasil é marcado como 26 de fevereiro, quando foi confirmado o primeiro caso, em São Paulo.

O país atingiu o primeiro milhão de casos de Covid-19 em 19 de junho, após quase quatro meses desde o início da pandemia, mas chegou a 2 milhões em apenas mais 27 dias e passou para 3 milhões em mais 23 dias, demonstrando a aceleração do surto naquele momento. Para o quarto milhão foram necessários 26 dias, quando foi iniciada a queda nos números do coronavírus no país que tem se mantido desde então.

De acordo o Imperial College de Londres, a taxa de contágio da Covid-19 no Brasil nesta semana é de 0,99, uma piora em relação aos 0,95 da semana passada, mas pela primeira vez mantendo uma sequência de duas semanas seguidas abaixo de 1 desde o início da pandemia. A taxa de 0,99 significa que cada 100 pessoas com o vírus contaminam outras 99, o que representa uma redução da disseminação.

O Brasil possui 4.391.424 pessoas recuperadas da doença e 461.042 pacientes em acompanhamento, segundo o Ministério da Saúde.

(Reportagem adicional da Reuters TV)

Escrito por Reuters

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