Credit Suisse espera 'divergência anormal' em resultados de bancos em 2023; rebaixa Santander Brasil
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Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - Analistas do Credit Suisse veem piora na relação risco versus retorno do setor bancário brasileiro, avaliando que os bancos devem enfrentar maiores provisões de exposição de crédito direto à Americanas e relacionados à sua cadeia de fornecedores, encerrando a 'fase de lua de mel' no segmento corporativo.
Marcelo Telles e Daniel Vaz afirmam, no entanto, que não enxergam 'o escândalo contábil' envolvendo a Americanas como um risco sistêmico, assim como destacam a boa saúde geral do setor corporativo - mesmo excluindo empresas relacionadas a commodities, conforme relatório a clientes nesta segunda-feira.
Eles, porém, apontam que questionamento sobre a independência do Banco Central acrescentou incerteza, assim como o cenário de Selic mais alta por mais tempo em razão de maior incerteza fiscal também deve adiar a recuperação da margem financeira de Santander Brasil e Bradesco.
Para os analistas, 2023 será um ano com 'divergência anormal' no desempenho operacional e rentabilidade entre os quatro grandes bancos com atuação no Brasil.
Banco do Brasil e Itaú Unibanco, estimam, devem ter retornos sobre o patrimônio (ROE) em torno de 19%-20%, beneficiados por o ambiente de taxas de juros mais altas, desempenho superior de qualidade de ativos.
Bradesco e Santander Brasil, por sua vez, avaliam, devem ter ROEs na faixa dos 10%, com ROE recorrente no quarto trimestre de 2022 estimado em 10%, impactado pelo pior desempenho da qualidade dos ativos no varejo e corporativo, e desempenho negativo da margem de mercado (NII).
Nesse contexto, Telles e Vaz reiteraram BB e Itaú como seus papéis preferidos, com recomendação 'outperform' e preços-alvo de 50 e 32 reais. Itaú tinha preço-alvo de 36 reais anteriormente.
No caso de BB, projetam receita de 33,4 bilhões de reais em 2023, implicando ROE de 20,9%. 'Apesar das maiores provisões relacionadas à Americanas, o banco deve se beneficiar do forte desempenho da NII, com taxas de juros mais altas impulsionando a margem dos depósitos, bom desempenho de BB Seguridade e Cielo.'
Também afirmam ver com 'bons olhos' o discurso inicial da recém-nomeada presidente-executiva do BB, Tarciana Medeiros, destacando que é possível o Banco do Brasil cumprir sua responsabilidade social com o compromisso de gerar valor para os acionistas minoritários.
De acordo com os analistas, os múltiplos sugerem que a ação está excessivamente descontada, fornecendo uma proteção no caso de uma desaceleração do mercado.
Em relação a Itaú, ressaltam que, apesar de uma projeção mais conservadora, o lucro líquido de 34,5 bilhões de reais previsto para este ano ainda implica crescimento de 10% em relação a 2022 e ROE de 20,7%. 'O banco deve continuar superando os pares do setor privado em qualidade de ativos e NII em 2023.'
Ao mesmo tempo, a equipe do CS cortou a recomendação de Santander Brasil de 'neutra' para 'underperform', com preço-alvo sendo reduzido de 35 para 31 reais, citando uma perspectiva operacional mais desafiadora e 'valuation' pouco atrativo.
A previsão do lucro líquido de 2023 caiu 33%, a 12,3 bilhões de reais, segundo eles, principalmente por menor margem de lucro do mercado e maiores provisões, levando a uma queda de 8% em relação a 2022 e a um ROE abaixo do potencial de 14,5%. Também esperam resultados fracos no último trimestre de 2022.
Eles avaliam que os múltiplos em que as units estão sendo negociadas não são consistentes com o cenário de baixa rentabilidade.
Para o Bradesco, os analistas reduziram a projeção de lucro líquido em 12% para 2023, a 23 bilhões de reais, particularmente por causa de uma menor margem de lucro do mercado e maiores provisões, levando a um lucro por ação estável em relação a 2022 e a um ROE abaixo do potencial de 14%.
Eles também preveem resultados fracos nos quatro meses finais do ano passado, enquanto reiteraram recomendação 'underperform' para as ações, reduzindo preço-alvo de 19 para 16 reais.
Às 11:25, Santander Brasil Unit caía 2,95%, a 28,3 reais, enquanto Bradesco PN cedia 1,64%, a 14,43 reais, Itaú Unibanco perdia 1,69%, a 25,66 reais, e Banco do Brasil ON subia 2,57%, a 41,1 reais.
Escrito por Reuters
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