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Crise do povo Yanomami persiste após 308 mortes em 2023, diz relatório

Placeholder - loading - Criança Yanomami se alimenta em abrigo para indígenas em Roraima 10/01/2024 REUTERS/Ueslei Marcelino
Criança Yanomami se alimenta em abrigo para indígenas em Roraima 10/01/2024 REUTERS/Ueslei Marcelino

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Por Anthony Boadle

BRASÍLIA (Reuters) - Os esforços do governo para expulsar os garimpeiros ilegais da reserva indígena Yanomami no norte da Amazônia foram abalados pela crescente invasão no vasto território, disseram líderes Yanomami nesta sexta-feira.

A Hutukara Associação Yanomami divulgou um relatório sobre o último ano, desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou emergência humanitária e enviou militares e policiais para expulsar os garimpeiros. O relatório afirma que a situação continua sombria para os 30.000 Yanomamis que vivem na floresta tropical na fronteira com a Venezuela, com desnutrição, doenças e violência assolando suas comunidades.

O relatório informa que 308 Yanomamis morreram em 2023, dos quais 129 mortes foram causadas por doenças infecciosas, parasitárias e respiratórias. Pelo menos sete indígenas morreram de ferimentos a bala em confrontos com garimpeiros, segundo o relatório.

'As autoridades do Brasil precisam olhar mais o povo Yanomami... Precisamos do apoio de vocês para pressionar os chefes dos garimpeiros que nunca foram presos', disse o chefe Yanomami e xamã Davi Kopenawa.

'Não é para pegar garimpeiro que está estragando a nossa terra mãe e levar para casa dele, porque depois ele volta. As máquinas destroem tudo, derrubam a floresta e envenenam a água, e o peixe é nosso alimento', disse ele em um vídeo publicado com o relatório. 'Chega de maltratar meu povo.'

O relatório aponta que o garimpo e o desmatamento diminuíram, mas a presença contínua de garimpeiros armados impossibilita que profissionais de saúde cuidem dos Yanomamis que não foram vacinados adequadamente.

A presença das forças de segurança no primeiro semestre do ano passado reduziu o número de invasores em 80%, de acordo com o relatório, mas depois que os militares reduziram as operações, os garimpeiros logo voltaram.

Uma unidade de elite das forças especiais do Ibama disse à Reuters em dezembro que eles foram deixados para perseguir os garimpeiros por conta própria, sem apoio militar.

Em uma reunião com os órgãos de proteção ambiental e indígena e com o comandante das Forças Armadas neste mês, Lula decidiu renovar a operação da força-tarefa com os militares, envolvidos novamente para restaurar a presença do Estado.

A Polícia Federal reforçou as investigações para rastrear os financiadores e fornecedores de substâncias como o mercúrio, depois de 13 operações desse tipo em 2023 que apreenderam 590 milhões de reais em mercadorias, principalmente ouro, disse à Reuters Humberto Freire, diretor do departamento da Amazônia e Meio Ambiente da PF.

Escrito por Reuters

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