Ministro vê 'correção de rumo' na Petrobras; CEO destaca resultados
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Por Letícia Fucuchima e Marta Nogueira
SÃO PAULO (Reuters) - O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta segunda-feira ver uma 'correção de rumo' na Petrobras, após um embate recente ter ameaçado o cargo do CEO Jean Paul Prates, enquanto o executivo da petroleira estatal afirmou a jornalistas que é 'preciso evitar a criação de falsas crises'.
As declarações ocorreram em um mesmo evento, em São Paulo, após o último choque entre os dois importantes nomes ter terminado com decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de manter Prates à frente da petroleira.
O governo federal também reconsiderou recomendação do CEO e de sua diretoria executiva de pagar 50% dos dividendos extraordinários possíveis de quase 44 bilhões de reais, tema pivô da 'fritura' do executivo, após a Petrobras ter registrado seu segundo maior lucro líquido da história em 2023.
Após participar do evento, Silveira não respondeu uma pergunta de um jornalista sobre como está sua relação com o presidente da Petrobras.
Questionado sobre as notícias a respeito da recente ameaça de demissão de Prates, Silveira afirmou que 'todo o cargo de confiança do presidente da República, inclusive o meu, deve estar sempre à disposição do presidente da República'.
'Ele decide quem sai, quem entra. Então, portanto, sobre a permanência ou não de qualquer membro do governo, é de alçada única e exclusivamente do presidente Lula', disse o ministro, evitando tocar no nome de Prates.
Desde o início do governo, Silveira vem fazendo críticas públicas contra o CEO, incluindo com pressões para que a Petrobras invista mais em gás natural e acelere investimentos de interesse do governo, como o setor de fertilizantes, temas inclusive que já constam em planejamento estratégico da estatal.
Questionado ainda se a condução de Prates à frente da Petrobras é 100% convergente com o que Lula espera, o ministro afirmou ver uma 'correção de rumo fundamental para o desenvolvimento nacional'.
Como exemplo, o ministro afirmou que na semana passada o presidente da Petrobras anunciou vários investimentos -- que já estavam no Plano Estratégico da empresa --, incluindo o retorno de uma fábrica de fertilizantes e o desenvolvimento da política do gás.
'Ou seja, são questões que naturalmente eu vinha já dizendo que o Brasil não abrirá mão dessas políticas', adicionou Silveira.
O ministro inicialmente participaria de um painel do evento em São Paulo que teria Prates logo em seguida. Mas a participação de Silveira foi antecipada para a manhã a pedido da organização do evento, segundo o ministério.
SEM CRISE
Questionado sobre o embate por jornalistas, Prates afirmou que a confiança do presidente nele 'permanece intacta'. 'O próprio ministro admitiu isso', destacou.
'Nós temos que chegar a um consenso e estamos conversando em processo de conversa para chegar à conclusão de que não existe crise alguma', afirmou o executivo.
Prates destacou ainda que em 2023 a petroleira não recebeu dinheiro algum referente a vendas de ativos conduzidas pelo governo anterior, sendo portanto 'o melhor resultado da história com a sua própria performance'.
'Onde é que está a crise? Onde é que pode se ver crise nisso?', questionou Prates.
DIVIDENDOS
A Petrobras publicou na noite de sexta-feira que o conselho entendeu como satisfatórios esclarecimentos da diretoria de que a distribuição de dividendos extraordinários de até 50% do lucro líquido de 2023 não comprometeria a sustentabilidade da empresa.
Em março, o colegiado -- que é formado por maioria de representantes do governo, indicados por Silveira -- havia rejeitado a recomendação da diretoria de distribuir os 50% e decidiu propor aos acionistas a retenção de 100% do montante, ao mesmo tempo que pediu mais esclarecimentos à diretoria.
Silveira afirmou nesta segunda-feira, no entanto, que a distribuição dos recursos passou por discussão no conselho, considerando questões econômicas e necessidades da Fazenda, e uma decisão final deverá ocorrer nesta semana na assembleia de acionistas.
Segundo o ministro, 'há elementos novos, a diretoria apresentou a melhoria da oxigenação financeira da empresa, a partir naturalmente do aumento do preço do Brent e também do aumento do preço do dólar'.
'Vamos guardar a ansiedade para poder ver a resposta final... que deve ser nesta semana', acrescentou.
As decisões do conselho sobre o tema deverão ser avaliadas pela Assembleia Geral Ordinária de acionistas da Petrobras na próxima quinta-feira.
O pagamento de 50% dos dividendos extras possíveis deverá ser referendado na assembleia, disse Prates, a jornalistas.
(Por Leticia Fucuchima, em São Paulo, e Marta Nogueira, no Rio de Janeiro)
Escrito por Reuters
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