Desafiante de Putin nas eleições, Nadezhdin fracassa na Justiça
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MOSCOU (Reuters) - A Suprema Corte da Rússia rejeitou nesta quinta-feira dois recursos do candidato antiguerra Boris Nadezhdin após sua desqualificação para a eleição presidencial do próximo mês.
Assim que foi anunciada a sentença do tribunal contra ele, Nadezhdin disse que recorreria de ambas as decisões e apresentaria uma nova reclamação contra a recusa da comissão eleitoral em registrá-lo.
'Eu não desisto e não desistirei', disse.
Ele reconheceu, no entanto, que suas chances de concorrer contra o presidente Vladimir Putin nas eleições de 15 a 17 de março caíram 'completamente para zero'.
Nadezhdin foi impedido de concorrer na semana passada, quando a comissão eleitoral disse ter encontrado irregularidades, incluindo nomes de pessoas mortas na lista de assinaturas de apoiadores que ele havia apresentado em apoio à sua candidatura.
Ao desqualificá-lo, a comissão removeu o único candidato restante que havia se manifestado contra o que Putin chama de 'operação militar especial' na Ucrânia, descrevendo-a como um erro fatal do líder do Kremlin. Outra figura contrária à guerra, Yekaterina Duntsova, já havia sido retirada da disputa no primeiro obstáculo do processo de registro, em dezembro.
Nadezhdin disse a jornalistas que embora a comissão o tenha bloqueado por motivos técnicos, sua campanha causou um grande impacto.
'Abrimos uma grande brecha, mostramos que um grande número de pessoas no país não apoia o curso que está sendo implementado agora, um grande número de pessoas quer que a Rússia seja pacífica e livre', disse.
Embora ninguém esperasse que Nadezhdin vencesse, ele fez uma campanha eficiente e conseguiu um impulso considerável ao aproveitar a inquietação generalizada em relação à guerra. As pessoas fizeram fila do lado de fora, em pleno inverno, para acrescentar seus nomes à lista de pelo menos 100.000 assinaturas de apoiadores que ele deveria apresentar.
Muitos comentaristas presumiram que Nadezhdin só tinha permissão para lançar sua candidatura com a aprovação do Kremlin -- algo que Nadezhdin nega -- para dar a impressão de concorrência.
O Kremlin afirma que ele nunca foi um rival sério e que a comissão eleitoral apenas aplicou as regras.
O resultado significa que Putin, no poder como presidente ou primeiro-ministro desde o último dia de 1999, enfrentará apenas três outros candidatos na eleição de 15 a 17 de março: Vladislav Davankov, do partido Novas Pessoas; Leonid Slutsky, líder do Partido Liberal Democrático, ultranacionalista e fiel ao Kremlin; e o candidato do Partido Comunista, Nikolai Kharitonov.
Nenhum deles é crítico de Putin ou representa um desafio sério.
A vitória estenderá o governo de Putin por mais seis anos, colocando-o no caminho para ultrapassar Josef Stalin e tornar-se o governante a ficar mais tempo no poder na Rússia desde a imperatriz Catarina, a Grande, do século 18.
A Rússia controla quase um quinto do território ucraniano após quase dois anos de guerra, sem que se vislumbre o fim do conflito. Mas os custos para Moscou têm sido altos, incluindo baixas numerosas, mas não divulgadas, a emigração de centenas de milhares de russos e os frequentes ataques ucranianos além da fronteira contra alvos nas profundezas da Rússia.
O Kremlin diz que o Ocidente, ao armar a Ucrânia, está travando uma guerra por procuração contra ele e que continuará com a 'operação militar especial' pelo tempo que for necessário.
As autoridades disseram que seis pessoas, incluindo uma menina de um ano de idade, foram mortas nesta quinta-feira em um ataque com foguete ucraniano em Belgorod, cidade russa em uma região de fronteira onde ataques com mísseis e drones tornaram-se parte da vida cotidiana. Não houve comentários de Kiev.
(Reportagem da Reuters)
Escrito por Reuters
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