Desmatamento cai 50% na Amazônia em 2023, mas sobe 43% no Cerrado
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Por Gabriel Araujo e Ricardo Brito
SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - O desmatamento na floresta amazônica em 2023 caiu pela metade em relação ao ano anterior, atingindo o nível mais baixo desde 2018, mas a destruição no Cerrado subiu 43% no período, mostraram dados do governo nesta sexta-feira.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apostou sua reputação internacional na redução do desmatamento, com promessas de acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Sob o comando de seu antecessor, Jair Bolsonaro, a destruição se acelerou na maior floresta tropical do mundo.
De acordo com dados preliminares de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 5.153 quilômetros quadrados da Amazônia foram desmatados em 2023, uma queda de 49,9% em relação a 2022.
Essa ainda é uma área mais de seis vezes o tamanho da cidade de Nova York, ressaltando os desafios enfrentados por Lula para cumprir sua promessa, mas é a menor desde 2018, o ano anterior à posse de Bolsonaro.
Somente em dezembro, segundo dados do Inpe, o desmatamento caiu 23% em relação ao ano anterior, para 176,8 quilômetros quadrados.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima disse que os números positivos vieram na esteira do esforço 'determinante' de fiscalização do Ibama, enfatizando que o número de autos de infração emitidos pelo órgão aumentou 106% no período.
'Este é o 1° passo para alcançar a meta de zerar o desmatamento até 2030', disse o ministério em uma declaração nas redes sociais.
Os dados do Inpe, entretanto, mostram um aumento no desmatamento do Cerrado no primeiro ano da terceira gestão de Lula, com 7.852 quilômetros quadrados de desmatamento, um aumento percentual de 43% em relação ao ano anterior.
Ao longo do ano passado, o avanço do desmatamento se tornou motivo de preocupação de autoridades do Ministério do Meio Ambiente. A legislação ambiental de proteção no Cerrado é mais permissiva -- a exigência de reserva legal no bioma é de apenas 20%, ao contrário da Amazônia, em que alcança 80%.
O Cerrado ocupa cerca de um quarto do território brasileiro e passou a ser ocupado na década de 1960, com a expansão da fronteira agrícola. Cerca de metade do território já perdeu sua cobertura vegetal original.
Escrito por Reuters
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