Dólar tem pouca alteração contra real após perdas por Fed 'dovish'
Publicada em
Atualizada em
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar apresentava pouca movimentação contra o real nesta quinta-feira, fazendo pausa para respirar depois de recuar com força no último pregão na esteira da promessa do Federal Reserve de manter sua política monetária flexível.
Às 10:38, o dólar avançava 0,26%, a 5,3753 reais na venda, enquanto o dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,46%, a 5,3715 reais.
Alguns investidores citavam um movimento de leve ajuste depois das fortes perdas registradas no último pregão, bem como a possibilidade de volatilidade às vésperas da formação da Ptax de fim de mês.
Na quarta-feira, o dólar negociado no mercado interbancário teve queda de 1,86%, a 5,3611 reais na venda, seu menor patamar de encerramento desde 2 de fevereiro, o que deixou a moeda brasileira com o melhor desempenho global do dia.
O movimento veio após o banco central dos Estados Unidos reforçar que ainda é muito cedo para se considerar redução dos níveis de apoio à economia, já que muitos norte-americanos ainda estão desempregados.
Assim, o Fed manteve a postura 'dovish', deixando os juros perto de zero e não alterando o volume mensal de 120 bilhões de dólares de suas compras de títulos do governo. 'Apesar de esperada, a decisão foi bem recebida pelo mercado já que prolonga o ritmo de estímulos na economia americana', explicaram em nota analistas da XP Investimentos
No radar dos investidores também ficava a notícia de que o Produto Interno Bruto dos EUA cresceu a uma taxa anualizada de 6,4% no trimestre passado, o segundo ritmo mais forte desde o terceiro trimestre de 2003.
As evidências de retomada econômica vêm um dia após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, propor um novo plano de gastos de 1,8 trilhão de dólares durante discurso ao Congresso do país. Juntas, todas as suas propostas para ajuda às famílias e investimento em infraestrutura totalizam cerca de 4 trilhões de dólares.
No Brasil, vários investidores chamavam a atenção para dados econômicos recentes, que, aliados a algum alívio na frente fiscal após a sanção do Orçamento de 2021, poderiam ser fator de alívio para a moeda brasileira no curto prazo.
Na quarta-feira, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou que o Brasil abriu 401.639 vagas formais de trabalho em fevereiro, números recordes para o mês, segundo o Ministério da Economia.
'A geração de emprego formal seguiu resiliente em março, reforçando a visão de que a piora da atividade econômica é temporária', disse o Bradesco em nota.
O dólar acumula perdas de aproximadamente 4,7% no mês de abril, e, em relação a um pico de 9 de março, a divisa perde mais de 7%.
Ainda assim, alguns participantes do mercado chamavam a atenção para a permanência de riscos políticos domésticos: 'o dólar tem fundamento pra cair quando se olha o exterior, mas fatores internos não ajudam', opinou Vanei Nagem, da Mesa de Câmbio da Terra Investimentos.
Entre os destaques de Brasília dos últimos dias estão a instalação da CPI da Covid-19, mudanças de cargo no Ministério da Economia e determinações do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o governo Jair Bolsonaro adote providências para a realização do censo de 2021, que havia sido cancelado devido a cortes orçamentários.
O Banco Central anunciou para este pregão leilão de swap tradicional para rolagem de até 15 mil contratos com vencimento em novembro de 2021 e março de 2022.
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO