Dólar oscila pouco com dados e iminência de tarifas dos EUA em foco
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Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista oscilava pouco ante o real nesta sexta-feira, a caminho de fechar a semana com ganhos, à medida que os investidores analisavam dados de emprego no Brasil e de inflação nos Estados Unidos, enquanto navegam pela incerteza em relação às prometidas tarifas pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
Às 10h06, o dólar à vista subia 0,22%, a R$5,7704 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,28%, a R$5,761 na venda.
Os planos tarifários de Trump têm sido o principal assunto da semana, uma vez que ele forneceu novos detalhes sobre sua promessa de anunciar tarifas recíprocas -- taxas para responder barreiras impostas sobre produtos norte-americanos -- em 2 de abril.
Trump havia dito na segunda-feira que poderia conceder descontos a alguns países quando apresentar as novas taxas na próxima quarta-feira, o que chegou a impulsionar o apetite pelo risco nos mercados de câmbio no início da semana.
No entanto, um novo anúncio na quarta, quando o presidente dos EUA apresentou seu plano de implementar tarifas de 25% sobre importações de automóveis, provocou mais temores de uma guerra comercial global, com ativos de países emergentes, como o Brasil, sofrendo os maiores reveses.
Na semana, o dólar à vista acumula alta até o momento de 0,96% ante o real.
'Caso as medidas (em 2 de abril) sejam direcionadas apenas aos países com os quais os EUA têm grandes déficits comerciais ou que tem participação relevante no comércio norte-americano, o Brasil provavelmente não será impactado inicialmente', disseram analistas do BTG Pactual em relatório.
'Contudo, se forem aplicadas tarifas generalizadas a setores específicos, como ocorreu recentemente com o aço, ou se os critérios incluírem países com barreiras comerciais superiores às norte-americanas, o Brasil poderá ser diretamente afetado', acrescentaram.
Para além das tensões comerciais, os investidores ainda temem que a política comercial de Trump possa reacender a inflação nos EUA, assim como provocar uma recessão, à medida que a maior economia do mundo já vem apresentando indícios de desaceleração.
Até o momento, após uma série de ameaças e recuos, Trump já implementou uma tarifa de 20% sobre produtos chineses, taxas de 25% sobre importações de aço e alumínio e tarifas de 25% sobre mercadorias de México e Canadá que violem as regras de um acordo comercial da América do Norte.
A sessão desta sexta ainda era marcada pela divulgação de dados nos EUA e no Brasil.
O governo norte-americano informou mais cedo que o índice PCE -- a medida de inflação preferida do Federal Reserve -- repetiu em fevereiro a alta mensal registrada em janeiro, a 0,3%, com a taxa anual atingindo ganho de 2,5%, também igualando o número anterior.
Os resultados vieram em linha com as projeções de analistas em pesquisa da Reuters.
O banco central dos EUA acompanha as medidas do PCE para sua meta de inflação de 2%. Na semana passada, o Fed deixou sua taxa de juros inalterada na faixa de 4,25% a 4,50%.
Já na cena doméstica, o IBGE relatou que a taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,8% nos três meses até fevereiro, acima dos 6,5% registrados em janeiro e em linha com previsões em pesquisa da Reuters.
Mais tarde, os agentes analisarão dados de criação de empregos formais no Brasil para fevereiro medidos pelo Caged, com expectativa de abertura de 250.000 vagas, após 137.303 postos de trabalho formais criados em janeiro.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,07%, a 104,310.
(Edição de Camila Moreira e Pedro Fonseca)
Escrito por Reuters