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Eduardo Aron - presidente executivo da santher

Com Millena Machado

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Podcast Lado Pessoal. Podcast semanal com Millena Machado. Crédito da imagem: Antena 1

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Apresentado pela Millena Machado, Lado Pessoal vai te levar até o universo particular dos CEOs. Com um formato descontraído, você vai conhecer aspectos da vida pessoal, decisões impactantes, mudanças de localidade, e, ainda, qual música inspirou os momentos importantes na vida de cada um dos CEOs.

Transcrito:

Está no ar... Lado Pessoal, com Millena Machado, o Podcast de entrevistas da Rádio Antena 1!.

(Publicidade – PUC Campinas)

Vinheta Antena 1.

Música de introdução deste Podcast: Imagine – John Lennon

[0:00:54] – MM: Está no ar Lado Pessoal, o podcast Rádio Antena 1. Eu sou Millena Machado, muito prazer! E a partir de agora você vai saber como pensa, como decide, como se informa e se mantém física e espiritualmente os executivos mais influentes do Brasil. Hoje, revelando o seu lado pessoal pra gente o presidente executivo da Santher e conselheiro da Pirassununga 51 e da Jamef Transportes, Eduardo Martins Aron, mais conhecido como Aron. Aron, seja muito bem-vindo!

[0:01:27] – EA: Obrigado, Millena! Prazer estar aqui nesse programa conversando com você sobre essa ideia original que é o Lado Pessoal dos executivos, acho que foi uma ideia muito interessante fazer um programa assim; muito obrigado!

[0:01:41] – MM: Pois é, os executivos estão amando, a gente está na segunda temporada, o público também, e a proposta aqui é fazer uma conversa bastante inspiradora, e eu espero que você abra aí o seu coração mesmo pra, realmente, do seu jeito, que você é muito querido pelos amigos e pelos parceiros de carreira também, do seu jeito extrovertido e generoso de ser, eu tenho certeza que a gente vai fazer uma bela entrevista. E olha, a gente começa aqui já falando, já é tradição do nosso podcast, comentando a música que vocês executivos escolhem pra gente abrir o nosso programa, então eu quero saber o que esta música, Imagine, do John Lennon, fala sobre você, porque você escolheu essa música pra gente abrir a nossa entrevista?

[0:02:27] – EA: Ah, eu acho que, apesar dessa música ser muito antiga, ela nunca foi tão atual, o que ela pede, é o que eu gostaria que acontecesse mais no mundo: menos guerra, menos intolerância, menos polarização política; a gente vive, hoje, num mundo muito belicoso, de muito enfrentamento, e isso é muito ruim. Então, eu acho que as pessoas precisam ouvir essa música um pouco mais.

[0:02:54] – MM: Sim, sim... É, quem diria que depois de isolados pela pandemia a gente ainda teria que encarar uma guerra né, como está acontecendo ali entre a Rússia e a Ucrânia, tem toda razão; e o dia a dia também né, a situação econômica, são muitos desafios, a gente precisa se unir mesmo. Por falar nisso, como é que você lida com os seus desafios? Porque, resumindo, assim, a sua atuação profissional nesse momento, ser presidente de uma empresa que trata de um tema de um segmento, ser conselheiro de outra que é paixão dos brasileiros né, no segmento de bebidas, e ser conselheiro, também, de outra, mais pro ramo da logística; como é que faz pra caber tudo isso no seu dia a dia?

[0:03:39] – EA: A gente tem que se planejar, tem que ser bastante produtivo, tem hora pra estudar, tem hora pra fazer reunião; acho que isso desafia o lado de planejamento do executivo e, principalmente, de foco e de delegação. Eu não sou um executivo aqui na Santher que centraliza muito, eu tenho uma equipe na qual eu confio e, então, você consegue administrar mais bolas no ar dessa forma, mas você precisa ser muito organizado e saber delegar; eu acho que isso é importante.

[0:04:14] – MM: Eu vou querer saber, sim, um pouco mais sobre o seu dia a dia como presidente, mas antes, pra falar um pouco sobre os conselhos né, se tiver alguém nos escutando hoje e que esteja com essa ideia de também começar a fazer conselho, como é que é essa dedicação aos conselhos? Você está no conselho da Pirassununga e no conselho da Jamef, como é que funciona isso, o trabalho de conselheiro?

[0:04:35] – EA: É interessante, porque você, sendo conselheiro, você acaba sendo um presidente melhor e vice-versa...

[0:04:44] – MM: Olha!

[0:04:44] – EA: Você entende as dores do presidente que responde pro conselho do qual você faz parte, são os grupos que estão no topo da liderança da empresa. Muitas vezes você está como conselheiro representando os interesses dos donos da empresa junto ao presidente e aos diretores. Então é importante esse cargo, ele, além de trazer mais repertório, arejar a sua visão, ampliar a sua visão, ele também faz você entender os interesses de quem tá em cima do grupo gestor da empresa; no caso eu na Santher como presidente, com a equipe de diretores, eu cada vez melhor entendo as preocupações, os anseios, a forma de pensar do grupo controlador; é uma troca muito boa, e isso é uma coisa muito positiva.

[0:05:34] – MM: Certo! Pela tua experiência, então, não seria uma continuidade da carreira executiva apenas, né, ou talvez até uma reinvenção, seria algo paralelo mesmo, você aconselha a fazer junto, não importa o tamanho da empresa em que o executivo vai ter a oportunidade de participar do conselho, a experiência em si ela é muito valiosa, muito rica pro dia a dia, né?

[0:05:37] – EA: Isso Millena, exatamente! Eu recomendo que os executivos, hoje, que estão na liderança de posições em empresas, procurem ser conselheiros, comecem, e depois num dado momento da carreira eles vão deixar de ser executivod gestores e vão ser só conselheiros, essa transição fica mais fácil, mais bem preparada; então eu já comecei a fazer isso, eu sou conselheiro há 3 anos, né.

[0:06:25] – MM: Uhum...Uhum... É bastante experiência aí. As reuniões, geralmente, são mensais né, de conselho, mas não é um trabalho de um dia né, vocês devem se falar com mais frequência?

[0:06:37] – EA: É, são mensais; existe um contato ou outro durante o mês, muita troca de e-mail, mas nada que atrapalhe seu dia, são coisas bem pontuais.

[0:06:47] – MM: Claro!

[0:06:49] – EA: Você, às vezes, precisa fazer um telefonema, tal, mas isso é... você acomoda.

[0:06:52] – MM: Entendi. Vai encaixando o estudo e os assuntos ao longo dos dias pra chegar no mês preparado. Vamos falar agora, então, do trabalho na Santher, como presidente. É um segmento que a família nasceu né? Porque você já teve passagem pela Kimberly, pela Johnson... Como é que foi, depois de alguns anos, voltar pra esse segmento onde você iniciou a sua carreira? Porque você teve aí um espaço de tempo cuidando de comida pet né, e também na indústria farmacêutica, a gente já já fala disso, mas falando sobre Santher em si, como é que foi essa volta ao segmento de higiene pessoal, de papel?

[0:07:36] – EA: Foi muito gostoso, Millena, eu gosto muito desse mercado, eu cresci por muitos anos na Kimberly-Clark mexendo com fraldas, absorventes, papel higiênico, e voltar, dessa vez, dentro de um grupo multinacional que é japonês, o que é interessantíssimo, uma experiência cultural nova, num mercado que eu já conheço. Então, a gente tem que entender porque que as experiências aparecem na tua vida né?

[0:08:02] – MM: Sim.

[0:08:02] – EA: Às vezes a experiência é muito mais política e cultural do que técnica, a técnica eu já vivi bastante a técnica desse mercado; então foi gostoso demais ver, inclusive ver como outras empresas onde eu trabalhei evoluíram, muita coisa nesse mercado mudou, tem novos entrantes; então ele é muito dinâmico, e foi muito gostoso voltar; estou muito feliz.

[0:08:26] – MM: Uhum... A Santher é a antiga Santa Thereza né, uma empresa que começou nacional né, e agora ela está num grupo global, é isso?

[0:08:37] – EA: É, a Santa Therezinha né, conhecida como Santher...

[0:08:43] – MM: Santa Therezinha...

[0:08:43] – EA: Fundada há quase 90 anos, é, e há quase 90 anos, uma empresa de histórias maravilhosas, é pioneira no Brasil na produção, na venda de produtos de consumo e em papéis especiais e industriais, e que agora ela é controlada por dois grupos muito fortes do Japão, a Daio e a Marubeni.

[0:09:04] – MM: Hum... Uhum!

[0:09:04] – EA: Dois grupos que se associaram. Então é... realmente, deu muita força tecnológica de capital, de experiência global pra Santher. Então a Santher está renascendo mais forte.

[0:09:21] – MM: Sim, sim. Agora, pra você, imagino, você falou dessa questão cultural aí também, é a primeira vez, então, que você trabalha com uma empresa, vamos dizer assim, oriental né, porque Johnson e Kimberly são empresas americanas. Qual é o grande ... o grande diferencial aí entre as culturas de uma empresa, por exemplo, americana pra uma empresa japonesa? Teve algum choque aí ou não? Ou você conseguiu driblar muito bem? Como que foi essa transição cultural?

[0:09:52] – EA: Olha, eu tive uma vivência na Kimberly, quando eu fui global, diretor global de fraldas, onde eu convivi muito com o pessoal da Coreia e da China, então isso me ajudou, que eu aprendi a lidar com a cultura oriental; então, isso foi, assim, uma preparação. Estando como executivo aqui tem coisas muito interessantes da cultura japonesa, é uma cultura extremamente resiliente, extremamente comprometida com o trabalho, com o resultado da empresa; as pessoas se doam, de verdade, a atingir a expectativa dos controladores lá do Japão, são pessoas muito honestas, muito amigáveis, é gostoso trabalhar em time ... com eles, e o japonês tem uma coisa, que é sonhar grande, ele joga um sonho alto e põe a força pra atingir o sonho, e isso é uma coisa até mais forte do que a cultura americana. Então, são elementos muito interessantes pra você conhecer.

[0:10:59] – MM: Olha, que interessante! Então imagino, pelo que você tá falando, na hora de fazer um planejamento, na hora de desenhar uma meta, os japoneses costumam sonhar mais alto então, eles desafiam mais a equipe do que numa cultura americana, por exemplo, que é mais em cima do dia a dia; é isso?

[0:11:17] – EA: Desafiam mais, e é uma cultura interessante, a gente está sempre, constantemente, buscando uma solução pra melhorar. Então...

[0:11:28] – MM: Olha!

[0:11:29] – EA: Então, você faz muito plano de ação; então você está perseguindo uma meta alta e, mesmo que você tenha revezes, você vai lá e põe novos planos pra tentar compensar; então, é uma cultura de superação, cultura constante de superação.

[0:11:45] – MM: Olha!!!!!

[0:11:46] – EA: Muito interessante!

[0:11:47] – MM: Como é que é, pra você, isso, assim? Como é que você concilia, então, esse ambiente que é mais desafiador, com o seu dia a dia? Você acaba... é... em que momentos do seu dia ou da sua semana extravasando, se desligando desse desafio imenso aí?

[0:12:04] – EA: Ué, você... essa entrevista chama Lado Pessoal, né?

[0:12:12] – MM: É... rsrs...

[0:12:12:] – EA: Eu, felizmente eu sou uma pessoa muito natural no trabalho, eu sou muito parecido aqui dentro com em casa, isso é uma coisa que eu sempre tive na minha carreira, eu procuro ser uma pessoa transparente e natural, em qualquer lugar eu sou igual. Então, é gostoso! Porque o trabalho fica mais leve. Agora, eu faço muito esporte pra também relaxar...

[0:12:34] – MM: Tá...

[0:12:34] – EA: Natação, pilates, andar de bicicleta, velejar, velejar no mar quando eu posso, não é tão fácil!

[0:12:43] – MM: Legal!

[0:12:43] – EA: Então, tem que ter esse balanço, essa quebra; inclusive, você tá trabalhando quando você tá no lazer, a cabeça tá processando e você não sabe. Você chega aqui...

[0:12:51] – MM: Ah, é?

[0:12:51] – EA: Na segunda feira do final de semana descansado, super; você põe uns problemas numas gavetas, você se organiza né, fala: “— isso aqui eu vou deixar no oxigênio”, é o que eu falo; é um problema que eu preciso pensar. Uma hora, sem você saber vem um insight, é o ócio criativo, que se falou muito tempo atrás. Então, nem sempre você acha solução pra um problema de cara; então você, às vezes, você tem que se organizar, arquivar os seus problemas e depois voltar a pensar neles, depois de um relaxamento, de um evento com os amigos, com um esporte, e aí você vai avançando. Então, tem que saber relaxar, mas se dito num modelo workaholic ... 100%, não acredito; tem que trabalhar duro, sabe, mas tem que saber dosar.

[0:13:43] – MM: Sim; estou achando tudo isso muito interessante o que você está falando, e até me despertou uma curiosidade aqui. Você demonstrou ter bastante organização né, mental também, além da sua agenda do dia a dia pra com... bem planejada, mas essa... que a gente chama às vezes de paz de espírito né, essa coisa de arejar a cabeça. Então assim, dificilmente alguma coisa tira o seu sono, você tem certeza, você confia que esses processos de... de distanciamento do problema, de reflexão de daqui a pouquinho, em outros ambientes, vão gerar uma solução, não tem algo que te tire o sono não?

[0:14:32] – EA: Ah, é raro; assim, um acidente numa fábrica, um problema com funcionário; eu tive outro dia uma funcionária que teve um problema de saúde, graças a Deus ficou bem; essas coisas te... são coisas de emergência, mas assim, problemas do dia a dia.... A gente tem que ter a maturidade, com a idade isso aparece, de saber; “— bom, agora eu vou me focar em outra coisa, vou me distrair, vou ver minha família, amanhã eu penso de novo, e amanhã você pensa de uma forma nova ou mais profunda.

[0:15:02] – MM: Sim...

[0:15:02] – EA: Então, essa disciplina mental é muito importante, senão a gente não descansa.

[0:15:11] – MM: Sim, sim. É, fica a dica aí pro pessoal que está nos assistindo, então, pra tentar ter essa disciplina não só pro trabalho mas também pra essa hora de lazer, que aí a própria experiência de vida do Aron está mostrando pra gente que traz resultado. Falando um pouquinho do seu passado, não tão distante... Ahnn?

[0:15:27] – EA: E, eu acho que, às vezes, mudar a paisagem.... mudar a paisagem. Você tá com um problema com uma linha de produto, você pega um grupo de diretores e vai passear em loja: “— ah, vamos ver lojas, vamos andar nas lojas, supermercados, tal”; começa aparecer um monte de coisa na reunião dos três, às vezes, andando informalmente; então, você tem que saber mudar a referência, mudar a paisagem também pra... pra melhorar o repertório.

[0:15:56] – MM: Entendi. Sim, aliás, tá muito na moda essa cultura de voltar pro cliente, de... de em algum momento do ano a equipe se envolver diretamente com o cliente, seja no ponto de venda, seja num sac, num atendimento, lendo os e-mails né, com a ouvidoria e tudo né, isso é muito interessante, mas isso já é uma coisa que eu percebo, resumindo aqui a sua trajetória, que você... como você se envolveu muito no departamento de marketing, você já tem isso muito enraizado em você, de saber o que o consumidor quer, a necessidade do consumidor né, de estar voltado mesmo pro cliente.

[0:16:41] – EA: Então, exatamente! Aprender constantemente é uma competência, hoje, muito valorizada no mundo executivo, então, quando você está numa reunião com o cliente, fazendo o plano anual, muito mais do que convencer o cliente de seus planos de empresa, você tem que aprender muito com ele, fazer perguntas; e, hoje a gente faz planos de orçamento, antes de começar a fazer o plano, a gente senta com fornecedores, clientes, bancos, uma série do que chama stakeholder pra fertilizar pra dentro da empresa, pra passar a informação, as novidades, a visão, visão holística. Então, essa curiosidade de aprender, ao invés de você estar sempre insistindo em fazer aquilo que você fez no passado, é muito importante a flexibilidade pra se abrir pro novo.

[0:17:31] – MM: Ah, que bom... Nossa, muito interessante! Muito interessante isso que você está dizendo, é bem dentro, bem profundo.

[0:17:31] – EA: A organização tem que buscar isso.

[0:17:41] – MM: Uhum.... Entendi. Agora, e quando o cliente, não fala, só late ou mia...rsrs, tem 4 patas, como é que faz pra cuidar desse cliente, hein? Porque você teve uma passagem como CEO da Guabi Petcare né, uma empresa de ração animal, e até animal de grande porte também vocês faziam ração né; como é que é isso? Como é que é lidar com esse cliente que não fala a mesma língua? Rsrsrs

[0:18:08] – EA: Ó, eu adorei a sua pergunta, vou te contar uma curiosidade. A gente fez uma ração uma vez que ela não ia bem na loja, e aí a gente resolveu filmar os cachorros com a ração no pote, só que o cachorro chegava perto, cheirava e ia embora. Olha, o cachorro, ele come com o olfato antes de comer, ele tem que sentir o cheiro da gordura; não estava legal o cheiro da gordura na ração. A ração de cachorro ou de gato, ela é envolta numa gordura, aquela gordura não estava boa; então ele chegava perto, cheirava e ia embora. É... observar o consumidor, nesse caso, que não fala, ajudou; foi o comportamento dele ali na hora de comer; eu sempre lembro dessa... Mesmo que o consumidor não fale a gente descobre...rsrs... E virou um slogan.

[0:18:59] – MM: Rsrs... Ah, olha só! Entendi... Observar. É, imagino; então, quer dizer, não estava cheirosinha o suficiente a gordura ou não tinha quantidade suficiente que apetecesse ele, né, aí vocês deram uma incrementadinha ali.

[0:19:10] – EA: Exatamente!

[0:19:12] – MM: Realçaram o aroma....rsrsrs

[0:19:14] – E... é. Esse foi um caso que eu nunca esqueci.

[0:19:14] – MM: Entendi. Mas muito, também, inspira a gente aqui, às vezes, nem sempre a gente consegue perguntar e nem sempre o cliente se abre de forma, também, sincera, têm vários formatos de pesquisa. Então, a gente fala com tanta gente, aqui na Rádio Antena1tem uma audiência maravilhosa, gigantesca, todo tipo de gente, de todo segmento, então, fica aí também uma dica; às vezes observar, só ir ao lugar e observar como seu cliente consome já é uma boa pesquisa, não deixa de ser uma... uma colheita aí de opiniões também. Agora, depois da Guabi...Hãm...?

[0:19:54] – EA: Millena, o que eu falo... o que eu falo aqui na Santher, sempre falei na Pfizer foi: nós temos um chefe, ele é o consumido; na média, o consumidor está sempre certo, porque são milhões de pessoas consumindo um analgésico, uma ração, um papel higiênico, todos os dias. Então, na média, eles estão tomando a decisão certa de preço, qualidade, confiança. Então, se a gente sabe agradar o consumidor, a gente vai vencer e vai avançar, ele é o nosso chefe; isso é o que vivo falando, é uma coisa simples, mas quando a empresa se perde nesse caminho ela começa a regredir.

[0:20:37] – MM: Sim, sim; verdade, se não tem cliente não tem empresa, não tem pra que produzir se não encontra um cliente que tenha esse desejo, essa necessidade desse produto ou desse serviço que está sendo oferecido. Eu ia comentar com você um ponto, agora, sobre a Pfizer, porque depois da Guabi Petcare você foi pro segmento farmacêutico, a Pfizer Consumer Healthcare que depois fez uma fusão com a GSK, e aí, olhando assim, bem distanciada dessa sua... dessa sua carreira até aqui, quer dizer, segmento de higiene, o segmento pet, o segmento farmacêutico, o conselho na indústria de bebida, o conselho na indústria de transporte, quer dizer, quando você iniciou a sua carreira executiva você planejava passear por todos esses segmentos, é uma coisa que você foi construindo aos poucos, uma coisa que veio? Como é que faz pra traçar a carreira de executivo?

[0:21:37] – EA: Ah, honestamente, muita coisa acontece por acaso né, são oportunidades boas que aparecem na tua frente que você decide pegar ou não. Mas, você tem que saber extrair de cada uma delas um aprendizado valioso e saber aplicar um aprendizado análogo de uma experiência em OTC em transporte ou em venda de cachaça. A gente tem que saber olhar o que a gente aprendeu, quais são os princípios? Porque o produto muda, mas os princípios não mudam. Então, a gente tendo várias experiências e pensando dessa forma, a gente acaba se enriquecendo, tendo mais repertório; mas tem que saber fazer a aplicabilidade de um mercado no outro.

[0:22:29] – MM: Sim. OTC pra quem não sabe e está acompanhando a gente são os medicamentos sem receita, que a gente chega na farmácia ali e já se automedica, vamos dizer assim. É muito interessante isso que você está falando de aprender com outras situações porque isso é pura inteligência né, a tal da neuroplasticidade, já ficou comprovado que a gente aprende assim também né? Só resta aplicar, e muita gente tem dificuldade de aplicar, de fazer essa transição aí. O que você acredita que seja o maior desafio de um líder ou ou os maiores desafios de um líder, conforme essas experiências profissionais que você teve, tão diversificadas? O que une todas essas suas experiências nas empresas distintas?

[0:23:12] – EA: Ah, obrigado por essa pergunta. Olha, eu acho que o líder, às vezes, ele tem que acalmar o grupo e se afastar, tem que dar um passo pra trás. Às vezes você está numa reunião, as pessoas estão querendo fazer o.... tomar uma ação antes de entender o problema, isso é muito comum nas empresas. Então, apareceu um problema, a empresa não entendeu direito a causa e já tá correndo pra combater. Então, às vezes, você tem que se afastar e dizer pro grupo: “— o que está acontecendo? O que a gente está aprendendo com isso aqui? Qual foi, realmente, a causa raiz?” E, muitas vezes demorar mais um dia, dois pra discutir um pouco mais o problema, porque tem um ditado que diz que “entender o problema de verdade, é 80% da solução dele”.

[0:24:03] – MM: Olha!!! Hãm...

[0:24:03] – EA: Tem muita empresa aplicando uma vacina pra um problema que não é para aquele problema, é precipitada ou a corrida por resultados de curto prazo nas empresas, a pressão, isso tudo você tem que dosar pra poder entender o que está acontecendo com a organização, ter tranquilidade pras pessoas pensarem, entenderem o problema pra aplicar a melhor solução, e nessa hora que você consegue puxar exemplos que você já viveu ou que outros diretores viveram em outras indústrias, e aplicar; mas você aí precisa ter um pouco de tranquilidade, não pode entrar em pânico.

[0:24:46] – MM: Certo, certo! Você teve que tomar decisões difíceis aí durante essa sua carreira né? Uma delas, por exemplo, foi a decisão de ir morar fora; na verdade você morou fora duas vezes, uma em Nova Iorque pela Johnson e outra pela Kimberly em Dallas. O que você ponderou nessa hora em que você decidiu morar fora?

[0:25:12] – EA: Ah, eu acho assim: tem que fazer sentido na carreira, muito mais do que a novidade de morar fora, tem que fazer sentido pra tua história de carreira, pra competência que você tá buscando, pra capacitação e também pra sua família, tem que ser uma experiência boa pra todo mundo que te acompanha ou pra quem não te acompanha. Então, quando você... Uma empresa global te expatria, geralmente, é o reconhecimento. Mas, ela tá te levando pro lugar que você quer ou você preferia uma carreira um pouco mais local? Então você tem que tomar essas decisões e não se deixar, às vezes, encantado demais pela história de morar fora, mas pensar de uma forma fria na carreira. Não é fácil morar fora, não é fácil fazer amigos, não é fácil adaptar a família, não é fácil o choque cultural, a disputa num lugar com outra cultura; então, tem que ser uma decisão muito bem pensada. Eu acho que eu tomei boas decisões quando eu saí do Brasil, me renderam muitos frutos pessoais e pra carreira, pra mim, sou muito grato às oportunidades globais que eu tive.

[0:26:28] – MM: Sim, sim... É, além de ter morado fora você mesmo, duas vezes como eu citei, você também acabou se tornando um executivo global e viajou muito também né; então, lidou com fuso horário, lidou com ausência, agenda apertada, é muita coisa que você teve aí que equilibrar. Olhando pra trás, tem alguma coisa que você nunca imaginou fazer pela sua carreira e que você acabou fazendo? Ou tem algo que você percebeu, assim, que, nossa! Já tive situações pra isso e, realmente, isso eu não vou fazer nunca, assim? Rsrs.. Alguma coisa que você se lembre?

[0:27:01] – EA: Eu acho que a gente precisa aplicar as regras de ética que a gente espera que sejam aplicadas conosco, sempre. Então assim, eu já vi coisas erradas acontecendo de uma pessoa pra outra, de um grupo pra outro, mas são territórios que eu me recuso a entrar. Então, eu acho que o fair-play né, que se fala, na carreira você tem que praticar o fair-play, você tem que ser justo com as pessoas, muito mais do que popular, justo; todo mundo entende a justiça, mesmo que ela seja dura, e tratar os outros como você gostaria de ser tratado, entender antes de ser entendido. Quando você corre pra esse canto, pra esse corner e aplica esses princípios, funciona muito bem, eu acho que em qualquer lugar, independentemente da cultura; eu acredito muito nisso, é uma coisa minha.

[0:28:06] – MM: Sim. Então, isso vem de onde? É um valor puramente moral que veio, que você desenvolveu, que veio da sua família ou tem a ver, também, com a fé? Como que você lida com a sua espiritualidade? De onde vem, assim, essa sua... esse senso de justiça, essa busca pelo equilíbrio?

[0:28:26] – EA: Ah, eu acho que vem muito da família, né, de como você foi criado, de como você cresceu e, principalmente, do primeiro emprego; eu trabalhei na Johnson que é uma empresa extremamente ética, extremamente justa com os consumidores, com os funcionários, e o teu primeiro emprego, você tendo ficado mais de 10 anos neste emprego, te forma muito né, a escola, é o que se fala né, quando você vira gerente você está absorvendo os conceitos, os hábitos; a primeira escola é muito importante na carreira e a Johnson & Johnson é um exemplo global de cultura, que foi muito importante pra mim.

[0:29:10] – MM: Sim, sim... Olha aí, fica mais um insight aqui interessante pra quem nos escuta, se tiver uma oportunidade de escolher a empresa onde vai trabalhar, se informar sobre ela e ir buscar uma instituição que, realmente, foque em mérito, que tenha essa preocupação ou essa atenção em desenvolver funcionários, em ser justo com o cliente; muito bom esse insight aí, muito bom! Edu, qual é a sua maior qualidade como pessoa, você já pensou nisso? Rsrs

[0:29:43] – EA: Rs... Eu acho que eu sou... eu procuro ser inspirador. Quando você trabalha com pessoas você tem que conseguir tirar o melhor delas, e a melhor coisa que uma pessoa tem são as suas emoções, é o seu comprometimento, é a sua garra, a sua fidelidade. Então, eu procuro provocar as pessoas no sentido da emoção e dos sentimentos bons pra uma empresa, pra ela, que ela tenha orgulho do que ela esteja fazendo, que ela se sinta realizada; essa é uma característica muito.... muito marcante em mim quando eu estou com um grupo, né, trabalhando numa empresa.

[0:30:27] – MM: Que legal... que legal! Fazer a pessoa se sentir bem né? Então, num encontro com você, mesmo que seja sério ou uma reunião, você procura sempre isso, ou a pessoa sai melhor consigo mesmo, mais motivada né, ou com mais garra, sempre jogando pra cima. Rs...

[0:30:47] – EA: Acho que sempre tem que olhar o lado positivo. Você vai fazer uma reunião pra dar bronca porque deu alguma coisa errada? É lógico que você tem que ter um aprendizado sobre o erro, mas é muito melhor você motivar o pessoal a corrigir o erro do que ficar batendo no erro. Então, acho que assim, a energia, o brasileiro é muito assim, o brasileiro é muito da pele, da motivação e da geração de confiança na relação também. Então, quanto mais transparente você é, melhor.

[0:31:18] – MM: Certo! Edu, eu sei que você é pai de meninas, duas meninas, mulheres já né, estão bem mocinhas. O que você acha disso, assim, é... qual é o grande desafio, hoje, de ser pai, hein?

[0:31:33] – EA: Ah, eu acho que... entender o que está acontecendo no mundo de hoje com eles, entender esse assunto da sexualidade, entender o efeito das mídias digitais, a visão política deles. Acho que você... Isso força você a se reinventar né, entender o jovem de novo, não pensar no jovem como você pensava sobre si; é uma experiência fantástica! Eu acho que o jovem, hoje, nasce muito mais preparado, muito mais consciente, consciente sobre sustentabilidade, sobre direitos de igualdade, de diversidade. Nós temos uma geração crescendo que vem com um chip, que eu falo né, um chip melhorado, com valores mais avançados, mais sofisticados e que, realmente, está dentro deles, isso é uma coisa gostosa.

[0:32:27] – MM: Entendi. É estar junto né? Talvez o maior desafio seja a presença mesmo, estar junto, estar acompanhando, estar interessado, é por aí... muito bem!

[0:32:37] – EA: É, e gerar um clima gostoso de convívio, né, gerar um clima que seja gostoso estar junto.

[0:32:45] – MM: Sim. Pra você, agora me surgiu uma curiosidade, pra você, ser pai, é ser também o melhor amigo dos filhos ou é totalmente diferente? Dá pra conciliar a amizade com a autoridade?

[0:33:30] – MM: Ahhh... Muito bem! Muito bem, gostei, gostei! Rsrsrs...

[0:33:38] – EA: É sutil, mas é importante.

[0:33:38] – MM: É, é verdade, é verdade, vai fazer um monte de gente pensar aqui, com certeza. Edu, olha só como a hora voa! Está na hora de a gente se despedir, e no momento em que a gente encerra o podcast a gente também bota pra tocar uma outra música que vocês também sugeriram né, e a música que você sugeriu foi We Are the World, composta pelo Michael Jackson e Lionel Richie, gravada por vários artistas americanos em 1985 em combate à fome. Porque você se lembrou dessa canção agora? E porque que, pra você, a gente fecha o nosso papo com essa música? Pra quem você gostaria de oferecê-la?

[0:34:13] – EA: A gente precisa ser mais solidário né? O mundo é tão poderoso, as nações, a soma das nações, dos governos, as corporações, possam ajudar a quem está precisando, a gente vive num mundo com muita gente passando fome, muita gente sem emprego, né? Essa música foi uma atitude linda que foi feita, precisamos ver mais isso, precisamos ver mais coisas desse tipo né?

[0:34:44] – MM: Sim. E foi um fenômeno essa música né, quando ela foi composta e tudo, realmente mobilizou as pessoas né? E hoje com a potência que a gente tem no mundo atual, todo mundo, não todo mundo, estou generalizando de forma muito grosseira, mas a quantidade de pessoas tem conexão à internet, aparelho celular, computador móvel, parece que está até mais simples de se conectar, mas a gente não vê uma força de mobilização tão grande quanto foi essa daí né?

[0:35:17] – EA: Nossa! Foi uma coisa que marcou época né? Precisamos ver mais coisas desse tipo, tem uma guerra acontecendo hoje, tem refugiados, tem fome pelo mundo inteiro, tem todo tipo de problema, intolerância racial, intolerância política. Nós precisamos ver mais coisas desse tipo.

[0:35:38] – MM: Muito bem! Muito bem. Aron, foi um prazer te receber aqui no nosso podcast Lado Pessoal, viu! Muito obrigada! Adorei a forma generosa, calma, tranquila com que você compartilhou aí o seu lado pessoal com a gente, quero te desejar cada vez mais sucesso, que você se realize em muitos outros desafios, já vi, assim, que você realmente encara as coisas com muita garra e com muita paixão mesmo, viu! Parabéns pela sua trajetória profissional até aqui.

[0:36:06] – EA: Millena, foi um prazer fazer parte do teu programa, eu acompanho a sua carreira, uma carreira de sucesso. Desejo, também, pra você, cada vez mais sucesso5 aí na sua trajetória que é fantástica, e muito obrigado pelo convite, de verdade!

[0:36:20] – MM: Obrigada! Fiquei muito feliz com a sua presença, viu! Até a próxima!

[0:36:26´] – EA: Obrigado! Um abração... Abraço a todos!

[0:36:26] – MM: Outro! É isso aí, gente. Esse foi o lado pessoal de Eduardo Martins Aron, presidente executivo da Santher e conselheiro da Pirassununga 51 e da Jamef Transportes. Lembrado que esse podcast vai ficar disponível na plataforma da Rádio Antena 1, e você pode escutar novamente quantas vezes você quiser. Ah, compartilhe também né? Conversas boas assim, inspiradoras, a gente tem que espalhar pra todo mundo, não é mesmo? Quem será que vem abrir o seu lado pessoal pra gente no próximo podcast? Surpresa! Eu espero você... até lá!

Escrito por Millena Machado

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