Eleitores de New Hampshire dividem-se sobre Trump ser presidente caso condenado, mostram pesquisas
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Por Gram Slattery e James Oliphant e Nathan Layne
MANCHESTER (Reuters) - Os eleitores das primárias presidenciais republicanas de New Hampshire ficaram bastante divididos nesta terça-feira sobre a aptidão de Donald Trump para o cargo caso seja condenado por um crime, sinal de que os problemas legais do ex-presidente podem prejudicá-lo em qualquer confronto nas eleições gerais contra o presidente Joe Biden.
As primeiras pesquisas de boca-de-urna mostraram que 50% dos eleitores das primárias republicanas iriam considerar Trump apto a assumir a presidência se fosse condenado por um crime, enquanto 47% disseram que ele não poderia servir caso condenado. Os dados partem de resultados preliminares de pesquisa de boca-de-urna realizada nesta terça-feira pela Edison Research.
As sondagens de boca-de-urna também mostraram que 49% dos eleitores das primárias de New Hampshire não acreditam que Biden tenha vencido legitimamente a eleição presidencial de 2020, uma falsa alegação perpetuada por Trump desde sua derrota.
Os levantamentos também apontam que 69% dos eleitores das primárias republicanas avaliam a economia como ruim ou disseram que não estava boa, área em que Biden teve dificuldades para mostrar melhorias durante seu governo.
Os republicanos constituíram uma parcela menor de eleitores nas primárias em relação à disputa republicana de 2016 no Estado, segundo as pesquisas. Cerca de 47% dos eleitores se consideraram republicanos, em comparação com 55% nas primárias de 2016. Oito por cento disseram que se consideravam democratas, em comparação com 3% em 2016. A parcela de independentes pouco alterou, ficando em 45%.
Nikki Haley concentrou-se nos eleitores de New Hampshire para sustentar suas esperanças à Casa Branca, buscando diminuir a marcha de Donald Trump rumo à indicação presidencial republicana e obter apoio suficiente para manter sua campanha em Estados maiores dos EUA.
Trump obteve uma vitória recorde na primeira disputa nacional de Iowa na semana passada. New Hampshire é apenas o segundo Estado a realizar uma disputa de indicação presidencial republicana.
Uma vitória retumbante em New Hampshire ajudaria a impulsioná-lo para garantir a indicação do partido, apesar das diversas acusações criminais contra ele, dois processos de impeachment e de sua presidência caótica de 2017 a 2021.
O ex-presidente dos EUA e Haley, ex-governadora da Carolina do Sul que foi embaixadora de Trump nas Nações Unidas, ficaram em uma disputa de duas pessoas na Nova Inglaterra após Ron DeSantis, governador da Flórida, desistir e apoiar Trump.
Pesquisas de opinião mostravam Trump com uma ampla vantagem sobre Haley, que precisa de uma vitória ou, pelo menos, de uma boa posição em New Hampshire para levá-la à próxima disputa de nomeação em seu Estado natal, onde Trump também lidera as sondagens.
O candidato a ser indicado pelos republicanos enfrentará o presidente norte-americano, Joe Biden, candidato presumível pelos democratas na eleição geral de 5 de novembro.
Trump, que equilibra suas atividades de campanha com compromissos em tribunais, nega ter cometido irregularidades e usa as acusações criminais para reforçar sua alegação de que sofre perseguição política.
Ele previu uma vitória em New Hampshire no início desta terça-feira, dizendo que o nível de entusiasmo era incrível. Mais tarde, durante uma parada em seção eleitoral em Londonderry, Trump falou brevemente aos apoiadores.
'Muito animado. Estou muito confiante', disse ele.
As primeiras cédulas em New Hampshire foram para Haley. Os eleitores do pequeno vilarejo de Dixville Notch, no norte do Estado -- sempre os primeiros a votar -- escolheram Haley em vez de Trump por 6 a 0.
Estado majoritariamente branco com uma pequena população, New Hampshire tem um eleitorado republicano mais moderado e um histórico de antever o eventual escolhido para a indicação.
Haley ficou em terceiro lugar em Iowa, atrás de DeSantis, e concentrou sua campanha inicial em New Hampshire.
'É um jogo de construção', disse ela em Manchester. 'Você só quer ficar cada vez mais forte e mais forte e mais forte. Esse é o nosso objetivo.'
A campanha de Haley disse nesta terça-feira que pretende manter sua candidatura viva até a 'Super Terça', no início de março, quando 16 Estados votam.
'Depois da Super Terça, teremos uma visão muito boa da situação dessa disputa. Nesse momento, milhões de americanos em 26 Estados e territórios terão votado', disse um memorando da campanha.
ESTRATÉGIA DEMOCRATA
Biden não está na cédula de New Hampshire, tendo apoiado um esforço dos democratas para transferir sua primeira eleição primária para o Estado mais diversificado da Carolina do Sul. Mas os apoiadores de New Hampshire ainda poderão votar nele escrevendo o nome de Biden na cédula, o que seria um barômetro de sua força política.
Em uma contraposição à corrida republicana, Biden, cujos assessores têm antecipado uma revanche com Trump, realiza um comício na Virgínia na noite desta terça-feira com a vice-presidente Kamala Harris para discutir a ameaça que os republicanos representariam para o direito ao aborto se reconquistassem a Casa Branca.
O comício ocorre após os democratas da Virgínia garantirem a maioria no Legislativo estadual, fazendo do aborto uma questão central da campanha. A Suprema Corte, com uma maioria conservadora possibilitada por três juízes que se juntaram ao tribunal sob o comando de Trump, derrubou em 2022 a decisão Roe vs. Wade que garantia o direito das mulheres ao aborto.
Além de focar no aborto, Biden classificou Trump como um possível ditador e uma ameaça à democracia.
Em New Hampshire, Haley intensificou seus ataques a Trump, criticando sua afinidade com homens como Vladimir Putin, da Rússia, e Kim Jong Un, da Coreia do Norte.
Haley, de 52 anos, também atacou a idade de Trump -- ele tem 77 anos -- e sua acuidade mental, ataques que ela também faz regularmente a Biden, que tem 81 anos.
Escrito por Reuters