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Eletrobras se une à TIM para ampliar comercialização de energia no mercado livre

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Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - A Eletrobras e a TIM Brasil assinaram um amplo acordo comercial com iniciativas que vão da venda de energia elétrica a clientes corporativos até soluções tecnológicas de 5G e internet das coisas (IoT), mirando capturar oportunidades de negócios com a possível abertura do mercado livre de energia a milhões de consumidores até o fim da década.

A parceria, antecipada à Reuters, vai começar com a comercialização de energia elétrica à base B2B da operadora de telecomunicações, em movimento alinhado à estratégia da Eletrobras de crescer no ambiente de contratação livre (ACL) de energia, no qual passou a atuar com mais força nos últimos dois anos.

O negócio ocorre em um momento de ampliação do mercado livre de energia a um novo universo de consumidores de pequeno porte, permitindo que estabelecimentos como supermercados e farmácias possam negociar o insumo diretamente com fornecedores, sem obrigatoriedade de comprar da distribuidora de energia local.

Essa evolução do mercado vem forçando as elétricas, acostumadas a vender energia apenas a grandes indústrias e empresas, a transformarem suas forças de vendas e condições de contratação de energia para acessar novos mercados e lidar com demandas distintas.

É nesse contexto que geradoras de energia têm buscado se associar a empresas de serviços com grandes bases de clientes finais, como é o caso da joint venture criada entre Auren e Vivo e a parceria entre Comerc Energia, da Vibra, e Itaú.

Eletrobras e TIM destacaram que, só neste ano, 150 mil novos consumidores passaram a estar aptos a migrar ao mercado livre. Também citaram a previsão de que, até 2030, 'mais de 80 milhões de consumidores' poderão acessar o ACL, em referência aos planos do governo de abrir o mercado a clientes residenciais.

As migrações de consumidores ao mercado livre bateram recordes neste ano, com quase 21 mil adesões entre janeiro e outubro, três vezes o registrado em todo o ano de 2023. Mas o potencial de crescimento para os próximos anos é ainda maior, uma vez que o ACL registra hoje menos de 60 mil consumidores, frente a quase 90 milhões do mercado cativo.

Com a maior rede móvel do país e a maior cobertura 5G, a TIM, controlada pela Telecom Italia, disse que disponibilizará para a Eletrobras seu 'amplo canal de distribuição e diferentes soluções de atendimento ao cliente', enquanto a geradora entrará com sua 'expertise' e 'robustez no fornecimento de energia renovável em todo o país'.

Alberto Griselli, CEO da TIM Brasil, afirmou que o acordo reforça o compromisso da operadora com práticas sustentáveis e tem o potencial de 'democratizar' o acesso ao mercado livre de energia para seus clientes, além de contribuir para impulsionar o uso de fontes renováveis no Brasil.

Já o presidente da Eletrobras, Ivan Monteiro, destacou que a parceria está 'sintonizada com o objetivo da Eletrobras de se tornar uma empresa completamente voltada para o cliente, protagonista na comercialização de energia no mercado livre', oferecendo um ecossistema de comercialização com soluções completas e 'descarbonizadas'.

OUTROS PROJETOS

O memorando assinado entre as duas empresas abre caminho para outros projetos que vão além da venda de energia elétrica, como a exploração de soluções tecnológicas no âmbito de conectividade 5G para os ativos de geração e transmissão de energia e soluções de IoT, como 'smart metering' (medição inteligente de energia).

A Eletrobras vem buscando se posicionar no mercado livre, ainda relativamente novo para a companhia, que praticamente não atuava na área antes da privatização, em 2022. Nos últimos anos, a geradora estruturou sua comercializadora de energia, tanto para o mercado corporativo quanto para o 'varejo' do setor elétrico e expandiu a carteira para mais de 600 clientes livres.

Essa é uma vertente importante para a Eletrobras em meio à descotização de suas usinas hidrelétricas, um processo negociado no âmbito da privatização que liberará grandes volumes de energia para que a companhia venda ao mercado nos próximos anos.

(Por Letícia Fucuchima)

Escrito por Reuters

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