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Enquanto fome se instala em Gaza, EUA se esforçam para encontrar soluções

Placeholder - loading - Palestinos carregam sacos de farinha que pegaram de caminhão de ajuda perto de posto de controle israelense na Cidade de Gaza 19/02/2024 REUTERS/Kosay Al Nemer
Palestinos carregam sacos de farinha que pegaram de caminhão de ajuda perto de posto de controle israelense na Cidade de Gaza 19/02/2024 REUTERS/Kosay Al Nemer

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Por Simon Lewis e Humeyra Pamuk e Jonathan Landay

WASHINGTON (Reuters) - De lançamentos aéreos de ajuda humanitária a navios de suprimentos do Chipre, os Estados Unidos buscam urgentemente maneiras de alimentar a população de Gaza, enquanto Israel resiste à pressão de Washington pela ampliação do auxílio e os esforços dos EUA para intermediar uma trégua na guerra testam a paciência global.

Com a fome extrema à espreita de mais de meio milhão de pessoas no enclave sitiado em meio à ofensiva militar de Israel, os residentes estão desesperados e as entregas de ajuda tornaram-se caóticas e mortais.

Na quinta-feira, mais de 100 palestinos foram mortos por fogo israelense enquanto aguardavam uma entrega de ajuda humanitária, segundo autoridades de saúde palestinas. Israel negou a responsabilidade, dizendo que muitas das vítimas foram atropeladas por caminhões que transportavam a ajuda.

Sob pressão em casa e de aliados no exterior, o governo Biden avalia propostas robustas mais frequentemente associadas a desastres naturais e à era da Guerra Fria.

O lançamento de alimentos e suprimentos por aviões é uma opção, de acordo com autoridades norte-americanas. A França já fez diversas entregas do tipo em Gaza em parceria com a Jordânia e outros países da região.

Outra alternativa envolve o envio de assistência por mar a partir do Chipre, a cerca de 210 milhas náuticas (aproximadamente 338 km) da costa mediterrânea de Gaza, disse uma autoridade dos EUA. Representantes do governo norte-americano visitaram o Chipre nesta semana para examinar uma possível operação de ajuda por via marítima, relatou a autoridade.

Os detalhes da operação, incluindo onde os suprimentos poderiam ser descarregados em Gaza, não ficaram claros. A autoridade disse que o governo considera a possibilidade de usar navios militares ou comerciais, e que seria 'complexo em termos de garantir um local de desembarque'.

A ideia do lançamento aéreo atraiu o ceticismo de alguns membros da comunidade humanitária.

'Os lançamentos aéreos são extremamente caros e de baixo volume... O fato de eles precisarem ser considerados é um grande fracasso político', disse Jeremy Konyndyk, presidente da Refugees International.

Israel afirma estar empenhado em melhorar a situação humanitária em Gaza e acusa os militantes do Hamas de colocar em risco os civis palestinos, usando-os como escudos humanos.

Questionado sobre as opções em estudo pelos EUA, um porta-voz da embaixada israelense em Washington referiu-se a uma declaração na quinta-feira do porta-voz militar israelense Daniel Hagari. Na ocasião, Hagari disse que Israel estava coordenando as entregas e que deseja que a ajuda humanitária chegue à população do enclave.

'Estamos trabalhando sem parar para que isso ocorra', disse Hagari na declaração em vídeo. 'Israel não impõe limites à quantidade de ajuda que pode entrar em Gaza.'

As entregas de auxílio a Gaza, especialmente no norte, têm sido raras e caóticas diante do aumento da ilegalidade, dos saques e do colapso da ordem pública após a ofensiva militar de Israel, que matou mais de 30.000 palestinos, tornando as atividades de trabalhadores humanitários extremamente inseguras.

O conflito teve início com um ataque do Hamas ao sul de Israel a partir de Gaza em 7 de outubro, no qual os militantes mataram 1.200 pessoas e sequestraram mais de 250.

O incidente de quinta-feira perto da Cidade de Gaza foi a maior perda de vidas civis das últimas semanas. O Hamas disse que isso poderia prejudicar as negociações no Catar por um cessar-fogo e a libertação de reféns israelenses -- havia sido criada a expectativa de uma trégua antes do início do mês de jejum muçulmano do Ramadã, em 10 de março.

A ONU e as agências de ajuda humanitária criticaram Israel por negar tentativas de transferência de ajuda humanitária para as áreas no norte de Gaza, restringindo o movimento e as comunicações.

O governo Biden diz que a melhor solução para a crise humanitária seria um cessar-fogo temporário, mas à medida que as negociações se arrastam, até mesmo ele vem demonstrando frustração com o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Em uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas na terça-feira sobre a fome em Gaza, os Estados Unidos foram diretos sobre a responsabilidade do aliado.

'Simplificando, Israel deve fazer mais', disse o embaixador adjunto dos EUA na ONU, Robert Wood, ao Conselho de Segurança.

O fornecimento de segurança para as remessas de ajuda surgiu como um grande problema. A ONU não tem seus próprios guardas e as forças israelenses atacaram a polícia palestina que escoltava os caminhões de ajuda, acusando alguns deles de pertencerem ao Hamas.

Sem entrar em detalhes, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, disse que as autoridades norte-americanas estavam considerando uma série de medidas de ajuda. Ele também disse que Washington estava conversando com Israel para abrir uma passagem de fronteira no norte de Gaza.

Miller disse que há 'desafios técnicos e de segurança' para a abertura de mais passagens de fronteira, mas que Israel tem se mostrado disposto a trabalhar com eles.

Ele disse que Washington já vem intervindo desde antes para convencer Israel a abrir duas passagens de fronteira no sul de Gaza.

'Não foi algo que aconteceu da noite para o dia', disse. 'É algo que pressionamos repetidamente.'

(Reportagem de Humeyra Pamuk, Simon Lewis e Jonathan Landay; reportagem adicional de Michelle Nichols, Arshad Mohammed e Idrees Ali em Washington e John Irish em Paris)

Escrito por Reuters

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