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Enquanto Le Pen aposta na queda do governo francês, seu protegido de extrema-direita cresce

Placeholder - loading - Bardella autografa seu livro em Paris 04/12/2024 REUTERS/Stephanie Lecocq
Bardella autografa seu livro em Paris 04/12/2024 REUTERS/Stephanie Lecocq

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Por Gabriel Stargardter e Elizabeth Pineau

PARIS (Reuters) - Ao mesmo tempo em que a líder nacionalista Marine Le Pen orquestrava a derrubada do governo da França na quarta-feira, milhares de pessoas faziam fila do lado de fora de um café em Paris para ter a chance de trocar uma breve palavra ou até mesmo tirar uma selfie com a estrela em ascensão da extrema-direita francesa.

Jordan Bardella, o braço direito de Le Pen de 29 anos, é parlamentar no Parlamento Europeu, portanto não estava na Assembleia Nacional votando com seus pares do partido Reunião Nacional (RN) na quarta-feira para destituir o primeiro-ministro Michel Barnier.

Em vez disso, ele estava a menos de cinco quilômetros de distância, cercado por fãs que o adoram, autografando cópias de seu livro de estreia, 'O que estou procurando'.

'É o livro que eles não querem que você leia', disse Bardella durante uma turnê promocional que coincidiu com a segunda grande crise política da França em seis meses -- uma crise que elevou sua fortuna política no momento em que a de sua mentora de longa data, Le Pen, está sob ameaça.

Le Pen foi a força motriz que derrubou o governo de Barnier por causa de um projeto de lei orçamentária para 2025 que ela considerou muito duro com as classes trabalhadoras. É uma estratégia arriscada que pode alienar eleitores conservadores tradicionais que ela vem cortejando há muito tempo.

Os oponentes alegam que Le Pen realmente tem o presidente Emmanuel Macron em sua mira, buscando desencadear uma eleição antecipada antes de um julgamento por corrupção em 31 de março, que poderia impedi-la de exercer o cargo por cinco anos. Uma condenação a impediria de concorrer à eleição presidencial de 2027, uma disputa que muitos acreditam que ela venceria.

'O alvo é Emmanuel Macron', disse Xavier Bertrand, um possível substituto de Barnier, na BFM TV. 'Ela gostaria que tudo se acelerasse antes de seu veredicto em março.'

Le Pen nega ter desviado fundos da UE.

RIVALIDADE?

Bardella -- o provável candidato presidencial do RN em 2027, caso Le Pen seja barrada -- também diz que ela é inocente. Mas ele causou espanto em uma entrevista à TV em 18 de novembro, quando disse que ninguém com uma condenação criminal deveria concorrer como candidato do RN.

Uma simples gafe ou um leve ataque contra sua mentora?

O porta-voz do RN, Philippe Ballard, não respondeu imediatamente às perguntas sobre o motivo pelo qual Bardella fez o comentário ou se havia tensões entre Le Pen e seu jovem protegido.

De qualquer forma, os comentários de Bardella enfatizaram a divergência na sorte da liderança do RN depois de anos em sintonia.

Arnaud Benedetti, analista político que escreveu um livro recente sobre a ascensão do RN, disse que Le Pen e Bardella têm mais a ganhar se permanecerem juntos por enquanto, apostando em seus pontos fortes complementares, como juventude e experiência.

'Não vejo o início de um desentendimento', disse ele à Reuters. 'Não estou dizendo que isso não possa acontecer amanhã... mas eles não têm motivos para se separar agora.'

Marie Debuire, uma esteticista de 18 anos que viajou de Rennes, na Bretanha, para a sessão de autógrafos, disse que o nome Le Pen carregava uma bagagem desnecessária graças ao pai de Marine, Jean-Marie, fundador de um partido que já foi sinônimo de racismo e antissemitismo.

Apesar de acreditar que Le Pen é culpada pelas acusações de corrupção, Debuire disse que ela deve concorrer em 2027.

'Mas acho que Bardella tem mais chances de vencer', disse ela. 'O RN tem uma chance de estar no poder graças ao fato de Bardella não se chamar Le Pen.'

Uma pesquisa de 26 de novembro da Odoxa mostrou que 59% dos eleitores do RN preferem Bardella, com 37% favorecendo Le Pen.

RESENHAS NEGATIVAS

As resenhas sobre o livro de Bardella não foram gentis -- 'um objeto de marketing... desprovido de qualquer introspecção ou revelação', afirmou o Le Monde -- mas as vendas foram robustas, com quase 60.000 cópias vendidas desde seu lançamento em 9 de novembro, de acordo com a Europe 1.

Nenhum dos jovens que faziam fila no quarteirão, no frio congelante, para encontrar seu herói na noite de quarta-feira estava preocupado com as resenhas frias dos jornais parisienses.

Estavam mais preocupados com o aumento da violência das gangues e com a imigração, questões que Bardella tornou parte fundamental de seu discurso político.

'Precisamos que as coisas mudem e acho que Bardella é o homem certo para fazer isso', disse Eric Berthelot, de 18 anos, que vem de um subúrbio complicado e cheio de imigrantes nos arredores de Paris.

'A França acolhe toda a miséria do mundo', disse ele. 'Mas aqueles que chegam não respeitam nossa cultura e querem destruir nosso país. Isso não é aceitável e deve ser punido.'

Bardella há muito tempo cita sua criação na área pobre e multiétnica de Seine-Saint-Denis, ao norte de Paris, como o cadinho no qual suas opiniões políticas foram forjadas.

Ismael Habri, um zelador de 27 anos com um crachá TRUMP na lapela, disse que cresceu em um ambiente semelhante.

'Conheço bem o gueto, então entendo Bardella', disse ele. 'A França precisa de esperança.'

Escrito por Reuters

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