Estudo revela que flúor pode prejudicar mulheres grávidas
No Brasil, a água passa por uma fluoretação desde os anos 1970.
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Um novo estudo publicado no periódico JAMA Pediatrics deu vida a um debate já antigo: se adicionar flúor na água potável é uma maneira eficaz de prevenir a cárie dentária ou um erro potencialmente tóxico.
Mães e filhos de seis cidades canadenses participaram do estudo, que descobriu que a alta exposição ao fluoreto durante a gravidez pode causar algumas sequelas ao bebê. Menores pontuações de QI entre crianças pequenas, especialmente meninos, foram relacionadas à exposição das mães à substância.
"Com base nas evidências atuais, é uma recomendação razoável dizer às mulheres para reduzir sua ingestão de flúor durante a gravidez", diz Christine Till, coautora do estudo e professora associada de psicologia da York University, em Toronto.
Mas até mesmo o editor-chefe da JAMA Pediatrics, Dr. Dimitri Christakis, adverte que o debate sobre a fluoretação está longe de ser resolvido, como escreveu em nota. “É um estudo importante. Não é o estudo definitivo. A ciência é um processo incremental”, diz Christakis, que também é professor de pediatria na Universidade de Washington.
Fluoretação pelo mundo
Os EUA começaram a adicionar flúor à água nos anos 1940, em um esforço para fortalecer os dentes e prevenir a cárie, e a pesquisa sobre o assunto vem se acumulando nas décadas subsequentes. Em altas doses, o flúor pode danificar os dentes das pessoas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde - e algumas pesquisas, muitas delas em animais, sugerem que ele também está vinculado a efeitos colaterais mais graves, incluindo câncer ósseo e deficiências cognitivas.
Também devido a essa controvérsia, mais de 300 comunidades na América do Norte votaram pelo fim dos programas de fluoração nos últimos 20 anos, de acordo com o grupo ativista Fluoride Action Network. Hoje, cerca de 66% dos americanos e 39% dos canadenses têm acesso a água fluoretada.
No Brasil, a fluoretação das águas de abastecimento público é obrigatória desde 1975 por lei federal.
O estudo
Entre 2008 e 2011, pesquisadores recrutaram gestantes durante as primeiras 14 semanas de gravidez saudável. Cerca de 500 mulheres forneceram amostras de urina durante cada trimestre da gravidez, que os pesquisadores usaram para medir os níveis de flúor. As mulheres também foram perguntadas se viviam em uma comunidade que adicionava flúor à água e com que frequência bebiam água da torneira.
Depois que alas pariram, seus filhos fizeram testes de QI aos 3 ou 4 anos. No total, 400 mulheres completaram todas essas medidas.
Os pesquisadores descobriram que a ingestão (que foi relatada pelas próprias mulheres) de alto teor de flúor estava associada a menores escores de QI em meninos e meninas. Mas, ao olhar para as medições reais de flúor das amostras de urina materna e após o ajuste para fatores como educação materna e renda familiar, a maior ingestão foi correlacionada com menores escores de QI nos meninos, mas não nas meninas.
As amostras de urina materna também acabaram capturando flúor de fontes dietéticas e produtos odontológicos, fornecendo um quadro mais completo dos fatores de risco pré-natais. Pesquisas anteriores em animais de laboratório também sugerem que os machos são mais suscetíveis a danos causados ??pelo flúor, e outras pesquisas sugerem que eles correm maior risco de distúrbios do neurodesenvolvimento, como TDAH, por isso não é de surpreender que seus valores de QI estivessem mais intimamente ligados à exposição ao flúor, explicou Christine Till.
Já Christakis salienta que este é apenas um estudo observacional. Isso significa que a pesquisa se atentou às associações entre a ingestão de flúor e QI, em vez de atribuir aleatoriamente algumas mulheres para ingerir flúor, em seguida, acompanhar o desenvolvimento de seus filhos em comparação com um grupo controle. “Não há um método ético para concluir tal estudo”, diz.
No entanto, o especialista afirma que este estudo em particular foi mais forte do que alguns que vieram antes, pois rastreou mães e crianças ao longo do tempo e usou medições objetivas de flúor através da urina.
Estudos adicionais são necessários, mas uma conclusão verdadeira pode levar muito tempo, deixando as mulheres grávidas e que pretendem engravidar em um impasse. Christakis diz que a ingestão ou não do flúor seria uma decisão pessoal, diferentemente de uma decisão de política pública. Por isso, particularmente, o especialista diz que minimizaria a exposição à substância nestes casos.
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