Ex-auxiliar de Bolsonaro, Mauro Cid é preso novamente após vazamento de áudios
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Por Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, voltou a ser preso nesta sexta-feira, informou o Supremo Tribunal Federal (STF), após o vazamento de áudios do ex-auxiliar em que ele afirma ter sido pressionado pela Polícia Federal e tece críticas ao ministro do STF Alexandre de Moraes.
De acordo com o STF, a validade dos termos da colaboração premiada de Cid passam por análise. O ex-auxiliar de Bolsonaro já corria o risco de perder os benefícios da colaboração firmada com a PF após a instituição constatar lacunas durante as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.
De acordo com o STF, Cid teria violado os termos do acordo ao conversar sobre o assunto com interlocutores, ainda não revelados.
Cid foi preso logo após prestar depoimento durante audiência no STF nesta sexta. 'Após o término da audiência de confirmação dos termos da colaboração premida, foi cumprido mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro Alexandre de Moraes contra Mauro Cid por descumprimento das medidas cautelares e por obstrução à Justiça. Mauro Cid foi encaminhado ao IML pela PF', informou o STF em nota.
O ex-ajudante de Bolsonaro ainda foi alvo de busca e apreensão na manhã desta sexta-feira. Foram apreendidos novamente celulares e computadores.
Na audiência no STF, Cid voltou atrás nas declarações que havia feito nos áudios vazados à revista Veja. A íntegra do depoimento, liberado na noite desta sexta-feira pelo ministro Alexandre de Moraes, mostra que o militar classificou sua fala como um desabafo e negou que tivesse sofrido pressão dos policiais para confirmar uma 'narrativa', como disse nos áudios publicados pela revista.
Cid afirma que falou as frases em um 'desabafo, em um momento ruim' e que não conseguiu identificar a quem teria falado e não sabe como houve o vazamento.
Disse, ainda, que foi chamado pelos delegados para corroborar a investigação e 'fechar buracos' que ainda existiam, e reafirmou sua intenção de manter a colaboração premiada.
Durante a audiência, Cid ainda se queixou que 'perdeu tudo', que a 'carreira está desabando', que os amigos o tratam 'como leproso', que queria ter sua vida de volta e que acreditava 'que as pessoas deviam estar o apoiando e dando sustentação'.
O ex-auxiliar de Bolsonaro havia sido preso em maio do ano passado, durante uma operação da PF para investigar fraudes na carteira de vacinação do ex-presidente e de aliados. Após prestar três depoimentos, Cid fechou um acordo de colaboração com a polícia, homologado por Moraes em setembro.
O militar foi então colocado em liberdade provisória por Moraes, que impôs uma série de condicionantes, como uso de tornozeleira eletrônica e a obrigação de se apresentar semanalmente à Justiça.
Em áudios divulgados pela revista Veja na quinta-feira atribuídos a Cid, o militar teria dito a um amigo ter sido pressionado pela PF e acusado os investigadores de estarem com a 'narrativa pronta' sobre ele. O ex-ajudante de ordens também teria dito ao interlocutor que Moraes estaria com 'a sentença dele pronta'.
Os áudios foram gravados na semana passada, segundo a Veja, após depoimento de Cid à PF.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello)
Escrito por Reuters
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