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EXCLUSIVO-Comandante militar russo supervisionou reinado do medo em cidade da Ucrânia

Placeholder - loading - Prédio de editora onde, de acordo com moradores, o comandante militar russo montou seu escritório em Balakliia, na Ucrânia 30/09/2022 REUTERS/Mari Saito
Prédio de editora onde, de acordo com moradores, o comandante militar russo montou seu escritório em Balakliia, na Ucrânia 30/09/2022 REUTERS/Mari Saito

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Por Mari Saito e Polina Nikolskaya e Maria Tsvetkova e Anton Zverev

BALAKLIIA, Ucrânia (Reuters) - Durante um interrogatório feito por agentes da inteligência russa em uma delegacia de polícia na cidade de Balakliia, na Ucrânia, em junho, o empresário local Ruslan Volobuyev foi espancado por um dos homens, disse ele. A certa altura, de acordo com o relato de Volobuyev, um homem atarracado na casa dos 40 anos com covinha no queixo entrou na sala. Cumprimentou os dois interrogadores, apertou-lhes as mãos e saiu.

Esse homem era o comandante militar de Balakliia, uma figura-chave na ocupação de seis meses da Rússia na cidade do leste ucraniano. As forças russas detiveram ilegalmente pelo menos 200 civis na cidade, segundo a polícia local, e em alguns casos aplicaram tortura, disseram quatro moradores à Reuters. Dezenas de detidos de Balakliia e arredores continuam desaparecidos, afirmou Nelya Kholod, uma voluntária que ajuda a identificar os desaparecidos.

Os moradores da cidade conheciam o comandante apenas por seu indicativo de 'Granit', a palavra russa para granito, como informou a Reuters em uma investigação de outubro sobre a retirada de Moscou da cidade. O comandante militar, que fazia parte da polícia militar do Ministério da Defesa da Rússia, era o oficial militar mais graduado da cidade responsável por policiar a população local, de acordo com listas de reuniões de comandantes de seção de ocupação analisadas pela Reuters.

A Reuters agora é a primeira a revelar publicamente sua identidade como Valery Sergeyevich Buslov, um tenente-coronel da polícia militar de 46 anos. O Serviço de Segurança da Ucrânia, bem como dois colegas russos de Buslov - incluindo um que trabalhava para o quartel-general militar russo encarregado de Balakliia - disseram que esse era o nome verdadeiro de Granit. Volobuyev e duas moradoras da cidade que viram o comandante afirmaram que ele se parecia com Buslov quando a Reuters compartilhou fotos dele.

O grupo do Ministério da Defesa estacionado na cidade foi formado por unidades baseadas na região russa de Kaliningrado, de acordo com vários militares e documentos encontrados em um bunker de comando nos arredores de Balakliia analisados pela Reuters. Um dos documentos listava Valery Sergeyevich Buslov entre os oficiais russos presentes em Balakliia, afirmando que seu papel era o de comandante militar.

Quando a Reuters ligou para um número de telefone listado para Valery Sergeyevich Buslov em Kaliningrado, o homem se identificou por esse nome e não contestou que era um comandante militar. Mas ele negou ter estado em Balakliia ou ter usado o indicativo 'Granit'. Sobre o documento encontrado listando o nome de Buslov, ele disse: 'Isso não significa nada para mim'.

O Kremlin, que nega ter cometido crimes de guerra ou ter como alvo civis, não respondeu aos pedidos de comentários. O Ministério da Defesa da Rússia e a agência de inteligência Serviço Federal de Segurança (FSB) também não responderam. As listas de reuniões mostram que havia um comandante separado das forças de combate russas operando de Balakliia, como a Reuters noticiou anteriormente.

Investigadores ucranianos e internacionais estão atualmente tentando identificar os responsáveis por quaisquer abusos em áreas da Ucrânia ocupadas pela Rússia desde que Moscou lançou uma invasão em grande escala no ano passado. Kiev diz que a Rússia operava 27 locais de detenção ilegal e tortura na região de Kharkiv, que inclui Balakliia, e que cerca de 1.300 pessoas da região estavam desaparecidas até fevereiro.

A Reuters não viu evidências de que o comandante militar pessoalmente cometeu ou ordenou abusos em Balakliia, mas ele estava próximo a eles. Seu escritório ficava em uma editora do outro lado da rua da delegacia de polícia onde Volobuyev e três outros moradores disseram que foram espancados ou testemunharam abusos.

Em um sinal de que o escritório do comandante pode estar envolvido em detenções, um homem local que pediu para ser identificado apenas pelo primeiro nome, Oleksandr, disse que viu pessoas sendo levadas para o prédio que abrigava o escritório de Granit algemadas ou com sacos na cabeça, sem especificar quantos. Ele acrescentou que os viu soltos logo depois.

Volobuyev, dono de um café de 46 anos, disse que mais tarde soube que o homem que entrou na sala de interrogatório era o comandante militar depois de vê-lo enquanto estava na cidade e outro morador local lhe disse que era 'Granit'.

Em resposta às perguntas da Reuters sobre o comandante de Balakliia e os supostos maus-tratos aos moradores da cidade, o Serviço de Segurança da Ucrânia, ou SBU, disse em um comunicado que o tenente-coronel Valery Sergeyevich Buslov, comandante militar da guarnição do Ministério da Defesa da Rússia em Kaliningrado, foi o comandante militar de Balakliia de março a setembro do ano passado e que ele usava o indicativo de 'Granit'.

Escrito por Reuters

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