EXCLUSIVO–Um quarto dos norte-americanos tem receio de vacina contra coronavírus, diz pesquisa Reuters/Ipsos
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Por Joseph Ax e Julie Steenhuysen
(Reuters) - Um quarto dos norte-americanos tem pouco ou nenhum interesse em tomar uma vacina contra coronavírus, revelou uma pesquisa Reuters/Ipsos publicada nesta quinta-feira, e alguns expressaram o receio de que a rapidez recorde com que candidatas a vacina estão sendo desenvolvidas possa comprometer a segurança.
Embora especialistas de saúde digam que uma vacina para evitar infecções é necessária para se voltar à vida normal, a pesquisa aponta para uma possível questão de confiança no governo Trump, já criticado por suas orientações de segurança frequentemente contraditórias durante a pandemia.
Cerca de 36% dos entrevistados disseram estar menos dispostos a tomar uma vacina se o presidente dos EUA, Donald Trump, disser que ela é segura, e 14% ficariam mais interessados.
A maioria dos participantes da pesquisa feita com 4.428 adultos entre 13 e 19 de maio disse que seria muito influenciada por orientações da Agência de Alimentos e Remédios ou resultados de estudos científicos de larga escala que mostrassem que a vacina é segura.
Menos de dois terços dos entrevistados disseram estar 'muito' ou 'algo' interessados em uma vacina, uma cifra que alguns especialistas de saúde esperavam ser mais alta, dada a grande conscientização a respeito da Covid-19 e as mais de 92 mil mortes relacionadas ao coronavírus só nos EUA.
'É um pouco menor do que pensei que seria com toda a atenção na Covid-19', disse o doutor William Schaffner, especialista em doenças infecciosas e vacinas do Centro Médico da Universidade Vanderbilt de Nashville. 'Eu esperaria algo em torno de 75%'.
Quatorze por cento dos consultados disseram que não têm nenhum interesse em tomar uma vacina, e 10% disseram não estar muito interessados. Outros 11% não tinham certeza.
Estudos estão em andamento, mas especialistas estimam que ao menos 70% dos norte-americanos precisariam estar imunes por meio de uma vacina ou uma infecção anterior para se chegar ao que é conhecido como 'imunidade de rebanho' – quando uma quantidade suficiente de pessoas é resistente a uma doença infecciosa para evitar sua disseminação.
Trump prometeu ter uma vacina pronta até o final do ano, mas normalmente é preciso 10 anos ou mais para se desenvolver e testar a segurança e a eficiência destes medicamentos. Muitos especialistas acreditam que uma vacina totalmente testada e aprovada pelo governo não estará amplamente disponível antes de meados de 2021.
Existem mais de 100 candidatas a vacina contra a Covid-19 sendo desenvolvidas globalmente, inclusive algumas já nos testes clínicos em humanos.
A pesquisa Reuters/Ipsos foi realizada pela internet, em inglês, em todo o território norte-americano, e tem intervalo de credibilidade, uma medida de precisão, de mais ou menos 2 pontos percentuais.
Escrito por Reuters
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