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Existem vários caminhos possíveis para se atingir a meta de inflação, diz Galípolo

Placeholder - loading - Diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galipolo, participa de sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado após ser indicado para presidir o BC 08/10/2024 REUTERS/Adriano Machado
Diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galipolo, participa de sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado após ser indicado para presidir o BC 08/10/2024 REUTERS/Adriano Machado

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SÃO PAULO (Reuters) - O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quarta-feira que existem vários caminhos possíveis para que a meta de inflação de 3% seja alcançada, reforçando que a autoridade monetária segue dependendo de dados para tomar suas decisões sobre os juros básicos.

Em evento promovido pelo Bradesco Asset Management, em São Paulo, Galípolo afirmou que as duas principais mensagens do Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião de novembro foram a opção por não dar uma indicação futura para os juros e a ausência de relação mecânica da política monetária com indicadores econômicos.

“Hoje a posição do BC é ir consumindo os dados e tomar a decisão reunião a reunião sem estabelecer qualquer tipo de 'guidance', nem qualquer tipo de relação mecânica, e nem um caminho predeterminado para se atingir a meta. Existem vários caminhos possíveis para se atingir a meta”, disse.

Na última semana, o Copom decidiu elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, a 11,25% ao ano, em decisão que não indicou os próximos passos da política monetária, mas apontou que o ciclo de alta nos juros pode ser prolongado se as expectativas para a inflação piorarem.

A decisão foi lida por parte do mercado, inicialmente, como uma indicação de que o BC tende a não acelerar a alta da Selic em dezembro, subindo a taxa novamente em 50 pontos-base, mas com o ciclo atual sendo mais longo.

Galípolo defendeu que a perseguição da meta de inflação pelo BC é 'inegociável', apontando que a autoridade monetária precisa estar atenta a efeitos secundários de choques de oferta na economia, que podem se mostrar persistentes nos preços.

Ele afirmou que tal postura demandaria uma revisão do 'livro-texto' da política monetária, pois normalmente os bancos centrais são orientados a não considerar alguns choques de oferta para efeito das decisões sobre juros básicos.

'O livro-texto da política monetária te recomendaria pegar alguns choques de oferta... e não considerar isso para efeito de política monetária', disse Galípolo. 'O debate atual parece colocar uma necessidade de revisitar o que seria a recomendação básica.'

CENÁRIO DESAFIADOR PARA EMERGENTES

Galípolo reafirmou nesta quarta-feira a visão do BC de que o cenário atual para os países emergentes é mais desafiador do que era esperado no início do ano, defendendo que esse contexto demanda maior cautela por parte da autoridade monetária.

Ele citou a enorme volatilidade nos mercados em função das mudanças de expectativas sobre a economia norte-americana, dos efeitos da eleição presidencial dos EUA e da desaceleração econômica da China -- fatores para as incertezas atuais no cenário internacional.

'Por isso que a gente conclui (na ata da última reunião do Copom) que o cenário atual demanda mais cautela para países emergentes', afirmou.

Nas últimas semanas, as moedas emergentes têm sofrido grande pressão devido à força do dólar, impulsionado pela redução nas expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve e pela precificação dos possíveis efeitos de medidas econômicas prometidas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump.

Nesta quarta-feira, o dólar à vista fechou o dia no Brasil em alta de 0,32%, cotado a 5,7917 reais, com as cotações acompanhando o avanço firme da moeda norte-americana no exterior.

A situação econômica na China, maior importador de matérias-primas do planeta, que tem sofrido com a crise no setor imobiliário e a demanda interna fraca, também tem prejudicado os países emergentes.

Por fim, Galípolo afirmou que existe um compromisso entre bancos centrais do mundo todo em perseguir suas respectivas metas de inflação, além de uma noção de que existe um processo de desinflação global, ainda que lento.

(Por Fernando Cardoso, em São Paulo, e Bernardo Caram, em Brasília)

Escrito por Reuters

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