Expansão agrícola e incêndios colocam Bolívia no 3º lugar em perda de florestas
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Por Lucinda Elliott
MONTEVIDÉU (Reuters) - A perda de florestas na Bolívia acelerou cerca de um terço no ano passado, com os desmatamentos no país sendo superados apenas por Brasil e República Democrática do Congo, mostrou um relatório de um projeto de monitoramento florestal, responsabilizando a expansão agrícola e os incêndios.
A Bolívia perdeu cerca de 3.860 quilômetros quadrados de floresta primária em 2022, de acordo com o Global Forest Watch.
O país, um dos poucos que há dois anos se absteve de assinar uma promessa de desmatamento zero até 2030, está apoiando o setor agrícola como um importante impulsionador econômico para compensar a diminuição da produção e exportação de gás natural.
Grandes áreas foram desmatadas para fazendas de soja e carne, principalmente nas regiões baixas de Santa Cruz e Beni, parte da Amazônia boliviana, um importante ecossistema para armazenar carbono, gerar chuvas e combater os efeitos das mudanças climáticas.
“O cenário não é bom, menos florestas significam que nosso microclima está mudando”, disse Marlene Quintanilla, diretora de investigações da Fundação Amigos da Natureza (FAN).
O governo da Bolívia, pressionado pelo declínio das receitas de exportação e pela queda das reservas internacionais, tem lançado incentivos para desenvolver terras de pastagem. Especialistas dizem que poucas multas são emitidas para desmatamentos ilegais.
Até 2025, o governo quer 30.000 quilômetros quadrados a mais de terras cultivadas e pretende quase dobrar o rebanho bovino para 18 milhões. Atualmente, menos de 10% do território boliviano, cerca de 80.000 km², está desmatado, sendo a metade destinada à agricultura intensiva.
Incêndios, alguns ligados ao desmatamento, também desempenharam um papel importante na perda de florestas nos últimos anos, disse o relatório do Global Forest Watch. A urbanização, a infraestrutura rodoviária e a mineração são outros fatores menores do desmatamento.
Escrito por Reuters
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