Governo quer acelerar indicações ao BC para ter novos diretores no primeiro Copom de 2024
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Por Bernardo Caram e Lisandra Paraguassu e Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O governo trabalha para que os novos indicados à diretoria do Banco Central sejam definidos nas próximas semanas e aprovados pelo Congresso ainda neste ano para que a gestão Luiz Inácio Lula da Silva tenha mais dois nomeados no comando da autarquia já na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2024, em janeiro, disseram à Reuters três fontes a par das discussões.
Com as nomeações, Lula, que assumiu a Presidência com fortes críticas à atuação do BC, passará a ter quatro indicados entre os nove componentes do colegiado, em meio a um ambiente de deterioração do cenário externo que tem levado o mercado a projetar a necessidade de um endurecimento da política monetária.
Os mandatos da diretora de Assuntos Internacionais, Fernanda Guardado, e de Relacionamento, Mauricio Moura, serão encerrados em 31 de dezembro. Os dois fazem parte do grupo que defendeu uma postura mais rígida do Banco Central, votando por uma redução menor da taxa Selic na reunião de agosto do Copom, quando foram iniciados os cortes de juros. Guardado também se destacou ao longo de sua gestão por dar indicações públicas sobre política monetária.
A substituição das vagas é acompanhada com lupa pelo mercado com o temor de que, à medida que os indicadas por Lula ganhem mais espaço no Copom, a autoridade monetária poderia se tornar mais leniente no combate à inflação -- uma percepção que o próprio BC já admitiu em sua comunicação oficial que pode estar atrapalhando a ancoragem das expectativas de inflação em relação à meta.
Segundo duas das fontes, que falaram em condição de anonimato pois as conversas não são públicas, está prevista para a próxima semana uma reunião do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o presidente Lula para tratar do tema. Na ocasião, o presidente deve receber uma lista com mais de um nome pré-selecionado para cada função, antes de chegar às escolhas finais.
“É preciso aprovar os nomes antes do recesso parlamentar. Daí logo na primeira semana de janeiro pode ter um decreto presidencial. Caso contrário, sabatina no Senado só depois de março”, disse uma terceira fonte.
Procurado, o Palácio do Planalto não respondeu de imediato.
O recesso parlamentar vai de 23 de dezembro a primeiro de fevereiro. A primeira reunião do Copom do próximo ano está marcada para 30 e 31 de janeiro.
Após deixar os juros parados por quase um ano, o Banco Central adotou um primeiro corte de 0,5 ponto em agosto, repetido na reunião de setembro, o que levou a Selic ao atual patamar de 12,75% ao ano. O BC ainda prevê cortes equivalentes nos próximos meses.
Embora a mediana das expectativas de economistas privados ouvidos pelo BC na pesquisa Focus aponte para a continuação desses cortes de 0,5 ponto percentual nas reuniões de novembro, dezembro e janeiro, apostas embutidas na curva de juros já pendem para uma redução menor, notadamente a partir de janeiro.
O movimento ocorre em meio a um cenário de juros longos persistentemente altos nos Estados Unidos, que tendem a atrair recursos para a maior economia do mundo, um movimento com potencial para impactar a inflação pela valorização do dólar.
De acordo com as fontes, o governo quer evitar o que ocorreu nas primeiras indicações de Lula ao BC neste ano, com processo de análise se arrastando. O término dos mandatos dos ex-diretores Bruno Serra e Paulo Souza ocorreu em março, mas as indicações de Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino foram submetidas ao Senado apenas em maio, com aprovação e nomeação em julho.
Pela lei de 2021 que concedeu autonomia formal ao BC, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, permanecerá no cargo até dezembro de 2024. Ele assumiu o posto por indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Lula, que criticou o BC pela manutenção dos juros altos para combater a inflação, terá a maioria de indicados no colegiado após a saída de Campos Neto.
Uma das fontes ressaltou que o presidente também quer acelerar as indicações a outros órgãos, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e agências reguladoras.
Escrito por Reuters
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