Habitantes de Bangladesh contam perdas por ciclone e cobram medidas
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Por Md. Tahmid Zami
DACA (Fundação Thomson Reuters) - Enquanto os habitantes de Bangladesh contabilizam as perdas do ciclone que atingiu áreas costeiras baixas no último domingo, cresce a pressão para que o governo reforce defesas contra tempestades e mecanismos de auxílio, à medida que climas extremos tornam-se cada vez mais comuns.
Fortes vendavais e chuvas provocados pelo Remal, primeiro grande ciclone do ano, atingiram as costas da Índia e de Bangladesh na segunda-feira, matando pelo menos 16 pessoas, cortando a energia de milhões e destruindo casas e meios de subsistência.
Dezenas de milhares de voluntários ajudaram a deslocar quase um milhão de pessoas para abrigos de tempestade em Bangladesh, após um alerta do escritório meteorológico do país, ajudando a limitar o número de mortes.
Mas o ciclone causou perdas econômicas multimilionárias, em um forte golpe contra cerca de 350.000 famílias de criadores de camarão afetadas pela afluência das monções, disse Abdullah Al-Mamum, professor de pesca e ciências marítimas da Universidade de Tecnologia e Ciência Noakhali.
Ripon Chandra Das, estudante na região de Dacope, no sul, gravemente atingida, disse que as ondas das monções varreram os viveiros de peixes e camarões de centenas de famílias no vilarejo.
'Todos os lagos e cercados foram inundados pela enxurrada, levando embora os peixes e os camarões que os fazendeiros haviam introduzido pouco tempo atrás', disse à Thomson Reuters Foundation por telefone, do seu vilarejo de Joynagar.
O Remal causou perdas estimadas em 14,55 milhões de dólares no setor da pesca, segundo a imprensa local.
Em todo o país, quase 35.000 casas foram destruídas e outras 115.000 ficaram danificadas, de acordo com uma autoridade do governo.
REPARAÇÃO
O ciclone Remal é a primeira das frequentes tempestades que devem atingir as costas baixas da Índia e de Bangladesh neste ano, à medida que as mudanças climáticas aumentam as temperaturas da superfície do mar.
Em Bangladesh, a devastação causada pela tempestade é um novo golpe para as famílias rurais pobres, forçadas a migrarem para a criação de peixes e camarões devido ao impacto da seca, do calor e da salinidade do solo na agricultura.
Pesquisadores afirmam que o acúmulo de sal tem aumentado nas regiões costeiras do país, impulsionado por diversos fatores, inclusive a elevação do nível do mar.
Muitos moradores investiram suas economias e contraíram dívidas para construir tanques de peixes arrastados pela maré, disse Chandra Das.
Maksudur Rahman, diretor da organização de desenvolvimento local Bangladesh Environment and Development Society (BEDS), próxima à área de Sundarbans, disse que uma melhor manutenção das barragens costeiras ajudaria a limitar os danos causados pelas ondas de tempestade.
Ele sugeriu que o governo forneça financiamento aos criadores locais de camarões e peixes para ajudá-los a construir diques mais altos em torno de seus espaços de aquicultura de baixa altitude e disse que o Estado deve agir para garantir que mais pessoas recebam indenização.
'Não podemos esperar que mais de 10% das pessoas afetadas recebam indenização, pois o apoio geralmente é inadequado e tem muitas lacunas', disse ele.
Ajudar pequenos agricultores e aquicultores a adaptar seus campos e tanques de peixes deve ser uma prioridade para o governo, já que o mundo tenta canalizar mais financiamento climático para as comunidades mais pobres, disse Rahman.
Além da elevação dos diques costeiros, os manguezais são um escudo vital contra as ondas de tempestade, acrescentou. Os programas de plantio de árvores também ajudariam, pois a mudança climática aumenta a frequência e a gravidade de condições climáticas extremas.
Embora o governo tenha um banco de dados de criadores de peixes, Mamun pediu o uso de ferramentas baseadas em inteligência artificial para estimar as perdas econômicas a fim de direcionar o auxílio estatal para as famílias afetadas.
'Temos as ferramentas e os dados para lidar com esses danos, mas precisamos reuni-los', disse.
(Reportagem de Md. Tahmid Zami)
Escrito por Reuters
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