Haddad diz que governo criou metas fiscais ambiciosas, mas está 'tranquilo'
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SÃO PAULO (Reuters) - O governo estipulou metas fiscais ambiciosas a fim de poder controlar os gastos rapidamente, mas está 'tranquilo' sobre as propostas de aumento da arrecadação federal levadas ao Congresso e entende que a palavra final sobre a questão será do Legislativo, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta segunda-feira.
'O que nós estamos fazendo está fora do marco fiscal, que é estipular metas ambiciosas para fazer com que isso (controlar os gastos) aconteça mais rapidamente... Estamos tranquilos em relação ao que nós estamos propondo', afirmou Haddad a jornalistas após palestra no 18º Fórum de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Haddad disse ainda que o governo quer ver uma agenda no segundo semestre tão 'virtuosa' quanto a da primeira metade deste ano, após a aprovação de medidas importantes pelos parlamentares, como a reforma tributária na Câmara dos Deputados e o arcabouço fiscal por ambas as Casas.
'A agenda do primeiro semestre foi espetacular para dizer o mínimo... Estamos em um diálogo permanente com as duas Casas para que a agenda do segundo semestre seja tão virtuosa quanto o primeiro semestre', disse o ministro.
Em sua palestra no fórum da FGV, Haddad defendeu que a corrosão da questão fiscal do Estado brasileiro está centrada na arrecadação e é preciso, ainda, revisitar alguns gastos, o que o Ministério do Planejamento já estaria fazendo.
Ele destacou o fato de que há mais de 6% do PIB em desonerações com resultados sociais nulos ou muito pequenos, o que chamou de 'realidade absurda'.
CENÁRIO EXTERNO
Em sua fala no evento, Haddad afirmou que o Brasil está protegido do cenário externo e que o país chama cada vez mais a atenção no que se refere a atração de investimentos por conta de suas vantagens comparativas na questão ambiental.
Ele sinalizou que a demanda internacional por produtos verdes deve crescer nos próximos anos, gerando uma 'janela de oportunidade' para que o Brasil preencha esse espaço, pelo fato de estar entre os poucos países que podem atender essa demanda.
'O Brasil está chamando cada vez mais atenção... O Brasil tem vantagens competitivas do ponto de vista ambiental que podem servir de base para uma neoindustrialização do país', disse.
Haddad destacou que 25 empresários norte-americanos vão se reunir nesta segunda-feira com a equipe da Fazenda em São Paulo para uma primeira reunião de trabalho no âmbito de um possível acordo de cooperação entre Brasil e Estados Unidos.
Ele ainda mencionou as negociações em torno do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, afirmando que há um grande desejo dos países da Europa em concluí-lo, mas que o bloco sul-americano está em risco devido ao potencial resultado das eleições presidenciais na Argentina, em outubro.
'A própria Europa está com dificuldades de enxergar seu futuro sem uma parceria com o Mercosul, que está em risco, sobretudo pelos eventos próximos que podem ocorrer no nosso principal parceiro comercial. Não se sabe o alcance da narrativa do candidato que lidera as pesquisas na Argentina', disse.
Haddad defendeu o acordo com a UE como um 'antídoto' contra medidas que possam 'desorganizar' o bloco sul-americano.
O ultra liberal Javier Milei, que já chamou o Mercosul de 'fracasso comercial', lidera as intenções de votos em pesquisas de opinião sobre o pleito argentino.
(Por Fernando Cardoso)
Escrito por Reuters
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