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Haitianos tentam fugir da anarquia de gangues enquanto vizinhos reforçam forças armadas

Placeholder - loading - Pessoas se protegem de tiros perto do Palácio Nacional em Porto Príncipe, Haiti 21/03/2024 REUTERS/Ralph Tedy Erol
Pessoas se protegem de tiros perto do Palácio Nacional em Porto Príncipe, Haiti 21/03/2024 REUTERS/Ralph Tedy Erol

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Por Harold Isaac e Gilbert Bellamy

PORTO PRÍNCIPE/KINGSTON (Reuters) - Sem sinais de que o prometido conselho de transição que traria tropas internacionais e ajudaria a restaurar a ordem será implementado, os haitianos que podem já tentam fugir do país.

Gangues violentas tomaram o controle da maior parte da capital, mataram milhares de pessoas e forçaram milhões de pessoas a enfrentar a fome aguda.

'Todo dia é questão de vida ou morte', afirmou Pierre Joseph, trabalhador de 34 anos da instituição de caridade Save the Children, segundo comunicado da própria organização.

A instituição relata que o colaborador foi forçado a deixar dois lares diferentes com a mulher e um bebê de seis meses, e que tem tido dificuldade para encontrar suprimentos básicos.

'Pela primeira vez estamos enfrentando uma crise na qual nada funciona, onde o governo simplesmente não está funcionando', afirmou, acrescentando que o fornecimento de alimentos e energia colapsaram.

'Todos estão com medo e deixando o país.'

O aeroporto e portos de Porto Príncipe estão fechados há um mês devido à atividade das gangues, embora o aeroporto da cidade de Cabo Haitiano, no norte, tenha retomado os voos para Miami na semana passada, levando muitos dos que podem a tentar sair do país.

Países vizinhos elevaram a segurança na fronteira, incluindo a República Dominicana, único que possui divisa terrestre com o Haiti. A nação vetou o estabelecimento de campos de refugiados em seu território e deportou dezenas de milhares de pessoas.

Nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores dominicano, Roberto Alvares, afirmou à BBC que cerca de 10 mil militares foram destacados para os 400 km de fronteira, a um 'alto custo' para o orçamento nacional e prejudicando o comércio internacional.

O Haiti não possui representantes eleitos e foi rebaixado a um Estado de anarquia, com gangues expandindo quase totalmente seu controle na capital.

O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, anunciou sua renúncia no dia 11 de março, com a piora da violência impedindo seu retorno do exterior. A condição para sua saída era a instalação de um conselho de transição formado por líderes regionais, que escolheriam seu substituto.

Em 2022, Henry pediu que uma força internacional ajudasse a polícia a restaurar a ordem, mas o processo atrasou e foi suspenso até que o conselho seja instalado.

Soldados das Bahamas e de Belize viajaram para a Jamaica no mês passado para serem treinados por uma força-tarefa canadense para apoiar o envio de tropas da Comunidade do Caribe para o Haiti.

'Essa é apenas mais uma iteração nos esforços contínuos para garantir que as forças regionais sejam proficientes, integradas e preparadas para quaisquer contingências que possam surgir na região', disse o tenente-coronel da Força de Defesa da Jamaica, Kevron Henry.

Alvarez disse que a inteligência militar sugere que muitos recrutas foram forçados a entrar nas gangues por necessidade econômica e ameaças de violência.

O novo conselho provisório precisaria garantir 'dinheiro vivo' para financiar a inteligência e os equipamentos da polícia no Haiti, acrescentou.

'Eu certamente não disse que seria fácil, mas acredito que é possível; a polícia nacional ainda existe', disse.

Apesar de centenas de milhões de dólares em promessas internacionais, pouco foi entregue ao fundo fiduciário da missão de segurança da ONU. Enquanto isso, as gangues se beneficiam da extorsão, do pagamento de resgates e do suposto apoio de elites corruptas que lhes permitiram acumular vasto arsenal.

(Reportagem de Gilbert Bellamy em Kingston, Harold Isaac em Porto Príncipe e Sarah Morland na Cidade do México)

Escrito por Reuters

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