Hamas não deve rejeitar cessar-fogo, mas exigirá retirada israelense, diz fonte
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Por Nidal al-Mughrabi
(Reuters) - É improvável que o Hamas rejeite uma proposta de cessar-fogo em Gaza que recebeu de mediadores nesta semana, mas não a assinará sem garantias de que Israel se compromete a encerrar a guerra, disse nesta quinta-feira uma autoridade palestina próxima às negociações.
Mediadores de Egito e Catar apresentaram ao Hamas nesta semana a primeira proposta concreta para uma interrupção prolongada dos combates em Gaza, acordada com Israel e os Estados Unidos em negociações em Paris na semana passada. O Hamas disse que está estudando o texto e preparando uma resposta.
A autoridade palestina afirmou que o texto de Paris prevê uma primeira fase com duração de 40 dias, durante a qual os combates cessariam enquanto o Hamas libertaria os civis restantes dentre os mais de 100 reféns que ainda mantém em seu poder. Nas fases seguintes, haveria a libertação dos soldados israelenses e a entrega dos corpos dos reféns mortos.
'Tenho expectativa de que o Hamas não rejeite o documento, mas também pode não fechar um acordo decisivo', disse a autoridade palestina, falando sob condição de anonimato.
'Em vez disso, minha expectativa é que eles enviem uma resposta positiva e reafirmem suas exigências: para que o acordo seja assinado, ele deve garantir que Israel se comprometa a acabar com a guerra em Gaza e se retire completamente do enclave.'
Uma pausa tão longa seria a primeira desde 7 de outubro, quando os combatentes do Hamas atacaram Israel, matando 1.200 pessoas e capturando 253 reféns, precipitando uma ofensiva israelense que devastou grande parte de Gaza. Autoridades de saúde no enclave disseram na quinta-feira que o número de mortos confirmados havia subido para mais de 27.000, com milhares de outros mortos ainda sob os escombros.
A única pausa nos combates até o momento, no final de novembro, durou apenas uma semana. As agências de ajuda internacionais pediram uma pausa prolongada para aliviar a catástrofe humanitária no enclave, onde quase toda a população de 2,3 milhões de pessoas ficou desabrigada.
A grande diferença entre os dois lados parece ser sobre o que aconteceria após qualquer trégua acordada. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu não retirar as tropas até a 'vitória total', que ele define como a erradicação do Hamas.
O Hamas afirma que não aceitará nenhuma trégua temporária, a menos que Israel se comprometa com a retirada e o fim permanente da guerra.
Em um sinal da seriedade da proposta, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, disse que viajará para o Cairo para discuti-la, embora não tenha sido informada uma data firme para sua viagem.
O progresso diplomático tem sido acompanhado por alguns dos combates mais intensos da guerra. Israel lançou um grande ataque terrestre na semana passada para capturar a principal cidade do sul, Khan Younis, que abriga centenas de milhares de civis que fugiram dos combates em outros lugares. Os combates também aumentaram na parte norte do enclave, que Israel alegou ter dominado semanas atrás.
Moradores disseram que as forças israelenses estavam bombardeando áreas ao redor de hospitais em Khan Younis durante a noite e intensificaram seus ataques perto de Rafah, a pequena cidade no extremo sul do enclave, onde mais da metade da população de Gaza está abrigada, principalmente em tendas improvisadas e prédios públicos.
Osama Ahmed, 49 anos, pai de cinco filhos da Cidade de Gaza, agora abrigado no oeste de Khan Younis, disse que havia uma resistência feroz na cidade e que os bombardeios aéreos, terrestres e marítimos têm sido implacáveis, enquanto os tanques israelenses avançavam.
'Eles não entraram profundamente em Al-Mawasi, onde moramos, mas todos os dias eles se aproximam', disse ele à Reuters por telefone, referindo-se ao distrito ocidental de Khan Younis, ao longo da costa do Mediterrâneo.
'Esperamos que um acordo de cessar-fogo seja anunciado antes que eles invadam nossa área', afirmou. 'Tudo o que queremos é um cessar-fogo agora e voltar para nossas casas, acabar com a guerra e a humilhação.'
Escrito por Reuters
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