Holandeses vão às urnas em eleições incertas, com extrema-direita entre favoritos
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Por Johnny Cotton e Piroschka van de Wouw e Yves Herman
AMSTERDÃ (Reuters) - Os eleitores holandeses estão indo às urnas nesta quarta-feira para uma eleição acirrada, na qual as pesquisas de opinião mostram que pelo menos três partidos -- incluindo um de extrema-direita -- podem conquistar o primeiro lugar.
Uma pesquisa publicada na véspera da votação mostrou o Partido pela Liberdade (PVV), do anti-islã Geert Wilders, empatado na liderança com o conservador Partido Popular pela Liberdade e Democracia (VVD), do primeiro-ministro que está deixando o cargo, Mark Rutte.
'Espero não acordar amanhã e ter Wilders como primeiro-ministro. Isso é um pesadelo', disse Arie van der Neut, morador de Amsterdã, depois de votar no partido pró-europeu e de centro-esquerda Volt.
Apenas uma coisa é certa: a Holanda terá seu primeiro novo premiê em mais de uma década, depois que Rutte renunciou em julho, quando seu quarto governo de coalizão entrou em colapso, encerrando um mandato de 13 anos.
Nenhum partido está no caminho certo para obter mais de 20% dos votos e, com as últimas pesquisas mostrando o líder trabalhista Frans Timmermans e Wilders obtendo ganhos, e um grande número de holandeses ainda indecisos antes da votação, muitos cenários são possíveis.
Embora essa seja a tradição, também não há garantia de que o partido que conquistar o maior número de cadeiras acabará com o cargo de primeiro-ministro, em um país onde o voto é dividido entre muitos partidos e as negociações de coalizão podem levar meses.
Restringir a imigração -- a questão que desencadeou o colapso do último gabinete de Rutte -- tem sido um tema fundamental na campanha, junto das mudanças climáticas.
'Já foi o suficiente. A Holanda não aguenta mais. Temos que pensar primeiro em nosso próprio povo agora. Fronteiras fechadas. Zero solicitantes de asilo', disse Wilders em um debate na televisão na noite de terça-feira.
A ministra da Justiça, Dilan Yesilgoz, uma imigrante turca que é dura contra a imigração e a sucessora de Rutte no comando do VVD, podendo se tornar a primeira mulher premiê do país, respondeu:
'Acho que ninguém acredita que Wilders seria um primeiro-ministro para todos. Ele é a favor do fechamento das fronteiras, excluindo grupos que ele acha que não pertencem à Holanda'.
O que está em jogo na eleição também é se os eleitores de um dos países mais prósperos da Europa estão dispostos a continuar financiando as políticas climáticas, como a implantação cara de parques eólicos offshore em meio a um choque de custo de vida em todo o continente.
Rutte permanecerá no cargo interinamente até que um novo governo seja instalado, provavelmente no primeiro semestre de 2024.
Escrito por Reuters
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