Ibovespa fecha em alta com alívio em DIs após sinalizações sobre fiscal
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Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, voltando a trabalhar acima do patamar dos 128 mil pontos perdido no final do mês passado, em movimento endossado pelo alívio nas taxas dos DIs, com agentes analisando sinalizações envolvendo o pacote fiscal e dados de inflação antes de decisão sobre a Selic.
A notícia de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisou realizar uma cirurgia de emergência na madrugada desta terça-feira, em São Paulo, para drenagem de um hematoma no crânio, também repercutiu nas mesas de negociações, embora sem efeitos claros nos preços dos ativos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 0,8%, a 128.228,49 pontos, após marcar 128.510,52 pontos na máxima e 127.212,63 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somou 19,16 bilhões de reais.
Em meio a receios sobre a tramitação do pacote fiscal no Congresso, repercutiram positivamente notícias citando a orientação do governo de acelerar a execução das emendas parlamentares para facilitar o ambiente de votação.
O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta terça-feira que deve sair em breve um parecer com força executória da Advocacia-Geral da União (AGU) sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que liberou, com condicionantes, o repasse das emendas.
Ele falou que a iniciativa da AGU vai permitir aos ministérios que possam dar continuidade à execução das emendas.
Padilha também afirmou que o fato de Lula estar hospitalizado não impede a aprovação do pacote fiscal pelo Congresso este ano. Ele contou que antes de ir ao hospital Lula ouviu dos presidentes da Câmara e do Senado o compromisso deles de votar ainda este ano as medidas que reforçam o marco fiscal.
Na visão do analista João Victor Vieitez, da Aware Investments, a alta do Ibovespa refletiu sinais de avanço nas negociações entre o governo e a Câmara dos Deputados, 'o que pode destravar pautas de votação e acelerar a aprovação de medidas fiscais'.
Investidores também voltaram as atenções para dados do IBGE mostrando que o IPCA subiu 0,39% em novembro, ante alta de 0,56% em outubro e expectativa em pesquisa da Reuters de 0,37%. Em 12 meses, marcou alta de 4,87%, de 4,76% no mês anterior, maior nível desde setembro de 2023 (5,19%).
Com apenas mais um mês para encerrar o ano, o resultado do IPCA -- conhecido em véspera de decisão de política monetária do Banco Central -- foi ainda mais acima do teto da meta, de 3,0% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
De acordo com a economista Luciana Rabelo, do Itaú, o IPCA veio em linha com a expectativa do banco, mas com um qualitativo de inflação pior do que o esperado, com destaque para a surpresa altista em serviços subjacentes compensada por surpresas baixistas em itens que não fazem parte do núcleo de inflação.
'Para frente, esperamos que o componente de serviços siga pressionado, refletindo o mercado de trabalho apertado', disse em relatório. A equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú, chefiada pelo ex-BC Mario Mesquita, espera que BC acelere o ritmo de alta da Selic para 1 ponto percentual na quarta-feira.
No mercado, as apostas embutem uma chance de 71% de aumento da Selic para 12,25% na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que será conhecida na quarta-feira, após o fechamento do mercado. Na pesquisa Focus divulgada na segunda-feira, a mediana das expectativas apontava alta de 0,75 ponto.
'O mercado está aguardando bastante essa reunião', afirmou o sócio e advisor da Blue3 Willian Queiroz.
DESTAQUES
- VAMOS ON saltou 12,08%, em movimento apoiado nesta sessão pelo alívio nas taxas dos DIs, que endossou também as ações de diversos setores, entre eles CARREFOUR BRASIL ON, que avançou 7,67%, PETZ ON, que subiu 7,61%, e CVC BRASIL ON, que ganhou 5,29%.
- AZZAS 2154 ON valorizou-se 3,8%, tendo também no radar anúncio de que irá descontinuar as marcas Alme, Dzarm, Reversa (linha feminina da Reserva) e Simples, visando otimizar sua alocação de capital. A empresa acrescentou ainda que estão sendo avaliadas alternativas estratégicas para as marcas BAW, Paris-Texas e TROC.
- VALE ON recuou 0,1%, em sessão de ajustes, após a ação da mineradora disparar mais de 5% na véspera com a perspectiva de mais estímulos para a economia chinesa. Nesta terça-feira, o contrato do minério de ferro mais negociado em Dalian, na China, encerrou em alta de 1,87%, a 817,0 iuanes (112,79 dólares) a tonelada, máxima desde 8 de outubro.
- PETROBRAS PN fechou com alta de 0,37%, em dia de variações modestas dos preços do petróleo no exterior. A presidente da estatal, Magda Chambriard, afirmou durante evento no Rio de Janeiro, que a primeira plataforma do tipo FPSO da companhia para Sergipe Águas Profundas pode começar a operar antes de 2030.
- ITAÚ UNIBANCO PN fechou acréscimo de 1,21%, com todos os bancos do Ibovespa no azul.
- KLABIN UNIT cedeu 0,98%, em sessão mais fraca para o setor na esteira da queda do dólar ante o real, com agentes financeiros analisando também previsão de investimento de 3,3 bilhões de reais pela companhia em 2025, estável ante a projeção de desembolsos para este ano. SUZANO ON encerrou negociada em baixa de 3,06%.
- GOL PN, que não está no Ibovespa, saltou 12%, após afirmar que vai protocolar plano inicial de reestruturação perante tribunal dos Estados Unidos.
- DIRECIONAL ON, que também não está na carteira do Ibovespa, avançou 4,26%, na esteira de memorando de entendimentos com a gestora Riza para venda de participação minoritária na subsidiária Riva, incorporadora de médio padrão do grupo. O acordo prevê a venda de uma participação que pode variar de 7,55% a 15% do capital social da Riva.
Escrito por Reuters
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